Scooters já vendem tanto quanto as motos urbanas

Em novembro, pela primeira vez na história, a participação de mercado dos dois segmentos foi praticamente a mesma

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Roberto Dutra
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Demorou, mas os números mostravam que isso ia acontecer: os scooters e as cubs já vendem tanto quanto as motocicletas city/street no mercado brasileiro.

Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave) divulgados ontem (3/12), a participação de scooters e cubs nas vendas totais de veículos de duas rodas chegaram a 36,3% em novembro.

Honda Pcx 160 2023
O Honda PCX 160 é o scooter mais vendido do mercado brasileiro: mais de 51 mil unidades este ano
Crédito: Divulgação
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É praticamente a mesma participação das motocicletas street/city, que em novembro foi de 36,7%. Em outubro, assim como em meses anteriores, os dois segmentos já estiveram próximos: 39,4% para as street/city e 34,5% para scooters/cubs.

Isso quer dizer que a soma das vendas de modelos como Honda Biz, Elte 125 e Pop 110i, e também de Yamaha NMax 160 e Neo 125, além do surpreendente Avelloz AZ1, já quase empata com as vendas de Honda CG 160, Yamaha Factor 125 e afins.

Outra surpresa vista este ano foi o crescimento nas vendas de motos custom. A "ressureição" através de vários lançamentos nos últimos anos levou o segmento a superar o das maxtrail, que historicamente, há muitos anos, ficava à frente.

Confira abaixo o ranking da participação de cada segmento nas vendas totais de veículos de duas rodas em novembro:

  1. City/street - 36,7%
  2. Scooter/cub - 36,3%
  3. Trail/fun - 21,%
  4. Naked/roadster - 2,3%
  5. Custom - 1,5%
  6. Maxtrail - 1,3%
  7. Sport - 0,6%
  8. Touring - 0,04%
  9. A motoneta (ou cub) Honda Biz já teve mais de 255 mil unidades emplacadas no país este ano
    Crédito: Divulgação
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    É um cenário inédito, que mostra como o segmento de scooters e cubs se consolidou depois de anos crescendo progressivamente. Em 2010, respondiam por 19,1% do mercado brasileiro de duas rodas. Essa participação cresceu paulatinamente até atingir um pico em 2016, com 34,6%. Depois, se estabilizou na faixa dos 33% até 2021, chegou a 36,21% em 2022 e caiu discretamente para 31,03% em 2023. Agora, chegou ao topo.

    Demorou para acontecer

    Essa história demorou para acontecer. Até o início dos anos 2000, scooters e cubs eram vistos como pequenos, frágeis e pouco confiáveis - e, de certa forma, desprezados - no país.

    No caso dos scooters, as primeiras experiências realmente práticas surgiram com modelos como o pequenino Yamaha BWs 50, vendido no país entre 1995 e 2000, Jog 50, de 1993 a 1999, e o irmão maior Axis 90, de 1994 a 1998; os Suzuki Address 50, de 1994 a 2002, e Address 100; de 1994 a 2003; e o exótico Honda Spacy 125, de 1994 a 1996. Mas as vendas foram discretas e logo saíram do radar.

    O pequeno Yamaha Jog foi um dos primeiros scooters vendidos em larga escala no Brasil
    Crédito: Divulgação
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    O segmento ganhou força, mesmo, com o Suzuki Burgman AN 125, lançado em 2006 ainda com motor carburado (teve uma segunda encarnação, injetada, entre 2012 e 2019) e com o surgimento da Dafra Motos, que apostou forte no Laser 150, em 2008, no Smart 125, em 2010, e no Zig 100, também em 2010. Quando viram esse movimento (re)começar com força, Honda e Yamaha voltaram a investir. Enquanto isso, Dafra e Suzuki também reforçavam suas fileiras.

    O exótico Honda Spacy 150 foi lançado em 1994, mas saiu de linha apenas dois anos depois
    Crédito: Divulgação
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    De lá para cá, demos as boas-vindas (e, em alguns casos, também adeus...) a muitos modelos: os Dafra Cityclass 200i, Citycom 300i, Maxsym 400i, Fiddle 125 e Zig 50; os Honda Lead 125, SH 150, SH 300, PCX 150, ADV 150 e X-ADV 750; os Yamaha Majesty 250, T-Max 530, NMax 160 e XMax 250; e os Suzuki Burgman 400 e Burgman 650i - entre outros, sem contar modelos de marcas que duraram pouco, como Sundown e Traxx.

    O Suzuki Burgman 125 teve uma trajetória longa e bem-sucedida no mercado brasileiro
    Crédito: Divulgação
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    Já no caso das cubs, o grande destaque sempre foi mesmo a Honda Biz. Lançada no país em 1998 e criada especificamente para o mercado brasileiro, a motoneta já tem 25 anos de estrada e se tornou um dos veículos de duas rodas mais vendidos por aqui. Em vendas, fica atrás apenas da Honda CG 160.

    Apesar dessa liderança absoluta entre as motonetas, a Honda Biz não é a única motoneta à venda no país. Outros modelos, de marcas menores, também existem - os volumes são muito menores, mas sempre consistentes e, às vezes, até surpreendentes.

    Com modelos como o Citycom 300i, a Dafra teve grande importância na popularização de scooters no Brasil
    Crédito: Divulgação
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    Uso versátil

    Hoje os scooters e as cubs são tão donos das ruas quanto as motos "street", e se diferenciam mais pelo tipo de uso. Enquanto essas motos são predominantemente usadas a trabalho, por entregadores de todos os tipos - documentos, encomendas, lanches etc -, os scooters e as cubs são mais usados para o deslocamento diário do proprietário rumo ao trabalho e vice-versa. E, eventualmente, nos mesmos trabalhos das motos "street".

    Essa conquista se deu pela irrefutável combinação de bons argumentos: são veículos com custos razoavelmente acessíveis de aquisição e manutenção, práticos pelo tamanho compacto e pelo espaço sob o banco para guardar objetos (que existe em quase todos os scooters) e pelo baixo consumo, que na maioria das vezes supera os 50km/l.

    O espaço sob o banco, que acomoda capacete ou outros objetos, é um dos grandes baratos dos scooters
    Crédito: Divulgação
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    De fato, quem ainda não pensa em um scooter ou em uma cub como opção de mobilidade urbana deve começar a rever seus conceitos. Vale lembrar que há duas diferenças básicas entre scooters e cubs: nos scooters, o piloto vai sentado, tem um escudo frontal de proteção e não precisa trocar marchas, já que a transmissão é sempre continuamente variável (CVT).

    Já nas motonetas - as cubs -, o piloto vai montado como nas motos, normalmente não há escudo frontal e é preciso trocar as marchas no pé - embora nem sempre seja necessário usar manete de embreagem, já que a maioria dos modelos tem câmbio semi-automático, rotativo ou não.

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