Entre os principais movimentos recentes no mundo das motos está a decisão da Triumph de entrar na briga das motos abaixo de 500 cm³. A linha 400, que incluiu também a naked Speed 400, veio após uma tentativa interrompida ainda na fase de projeto, anos atrás. Desta vez, foi concluído em parceria com a indiana Bajaj.
O projeto foi criado pelas duas empresas, mas seguindo as diretrizes da Triumph. As motos são fabricadas pela Bajaj na Índia, assim como ocorre com alguns modelos da KTM e Husqvarna, e são enviadas para o mundo todo.
A Scrambler 400X, como o próprio nome sugere, é um meio-termo entre uma naked e uma trail. Por isso, é equipada com rodas de 19 polegadas na dianteira e de 17 polegadas na traseira, permitindo um desempenho satisfatório tanto no asfalto quanto em terrenos irregulares.
À primeira vista, a moto parece pequena, especialmente para quem já pilotou as grandes Scrambler 900 e 1200. Porém, ao rodar, a Scrambler 400X impressiona pela leveza, agilidade e facilidade de pilotagem.
O acabamento é de alto nível, mantendo o padrão Triumph. A moto é equipada com controle de tração e freio ABS, que podem ser desligados no modo off-road. A moto também tem ótimas suspensões – talvez o ponto de mais destaque –, bons freios e um motor monocilíndrico de 40 cv de potência, que garante uma experiência de pilotagem empolgante.
O painel peca por um único ponto, motivado pelo visual clássico de toda a moto: o velocímetro é analógico. Se fosse digital, sua leitura seria mais fácil.
Durante o teste, percebi que o motor trabalha melhor em altas rotações, provavelmente devido ao foco inicial de uso na naked Speed 400. Embora eu tenha imaginado como seria a pilotagem com uma entrega de potência mais linear, respondendo bem também em baixas rotações, o desempenho da Scrambler é satisfatório em diversas condições.
A Triumph divulgou uma média de consumo de 25 km/l. Mas, durante o teste, onde avaliei a moto no uso urbano, na estrada e no off-road sem economizar no acelerador, a média foi de 21 km/l.
O câmbio de seis velocidades com embreagem deslizante e assistida tem engates precisos e escalonamento adequado. A posição de pilotagem é inicialmente confusa, pois o estilo aventureiro me sugere um guidão mais alto. Mas, no fim das contas, é confortável, mesmo com o corpo ligeiramente inclinado para a frente, característica das scramblers. O assento, apesar de visualmente parecer bem confortável por ser largo e alto, é mais firme do que esperado e desejável.
Na minha experiência de pilotagem, a Scrambler 400X não foi amor à primeira vista. Porém, quanto mais andei, mais gostei. O ajuste da pré-carga, quando peguei a moto, estava no mais macio e já pedi para o técnico da Triumph deixar mais firme - eu sabia que ia acelerar, e gostei muito do comportamento da moto em curvas e andando rápido.
Esta Triumph responde bem, freia bem e tem precisão na mudança de direções. Passa confiança para andar rápido no asfalto, deixando o giro sempre alto para usar o potencial do motor.
Na cidade, a largura do guidão com protetores de mão pode limitar a passagem entre os carros dependendo da largura do corredor. No off-road, a Scrambler 400X é competente, mas sua configuração de medidas de rodas menores e curso de suspensão de 15 cm nas duas rodas, contra mais de 22 cm em motos trail tradicionais, sugere que é mais adequada para aventuras moderadas, não sendo a escolha ideal para offroad pesado. Quem sabe uma futura Tiger 400X? Podemos sonhar…
Devolvi a moto com a certeza de que provei um dos lançamentos mais interessantes de 2024. Uma moto que já vai atender bem à maioria dos motociclistas que buscam um modelo com desempenho que permita andar na cidade ou na estrada sem sofrer com velocidade, que vai te levar a uma cachoeira ou mirante com vista bonita no meio do mato – dependendo da complexidade do caminho – e que empolga, empolga muito.
Sim, eu teria uma Scrambler 400X. Com um preço de aquisição atrativo, por menos de R$ 35 mil, e as duas primeiras revisões por apenas R$ 100, a Scrambler oferece um custo-benefício excelente até pelo menos os 16 mil quilômetros rodados. Aguardaremos para ver como o modelo se comporta nas mãos dos primeiros proprietários, mas, pelo que pude observar, é um grande acerto da Triumph.
Preço: R$ 33.990
Cores: verde ou preto
Motor: monocilíndrico, quatro válvulas, comando duplo, injetado, refrigerado a líquido, 398,15 cm³, potência de 40 cv a 8.000 rpm e torque de 3,8 kgf.m a 6.500 rpm
Transmissão: câmbio de seis marchas com secundária por corrente e embreagem assistida e deslizante
Suspensões: dianteira com garfo telescópico invertido de 43 mm e 15 cm de curso, e traseira monochoque com 15 cm de curso e ajuste de pré-carga
Freios: disco de 32 cm na dianteira e disco de 23 cm na traseira, com ABS nas duas rodas
Pneus: Metzeler Karoo Street nas medidas 100/90 R19 na frente e 140/80 R17
Dimensões: 90,1 cm de largura, 1,17 m de altura e 1,42 m de entre-eixos. Banco a 83,5 cm do solo e 179 quilos de peso em ordem de marcha
Tanque: 13 litros
Consumo no teste: 21 km/l
Intervalo de revisões: a cada 16 mil quilômetros ou 12 meses (o que ocorrer primeiro)
Garantia: dois anos