O caro leitor mais atento viu aqui, no início deste mês, nossa matéria revelando o iminente lançamento da Suzuki GSX-8R no mercado brasileiro. Pois agora já aceleramos a moto e vamos contar como foi essa experiência. Spoiler: a moto é mais interessante do que parece!
Isso porque, se em princípio a GSX-8R parece apenas uma "versão carenada" da naked GSX-8S, que foi lançada no ano passado, no fim as contas é muito mais do que isso. Enquanto a naked é uma moto mais voltada para passeios tranquilos e curtos, a esportiva permite uma pilotagem mais nervosa e por trajetos mais longos. Isso sem contar que tem visual muito mais atraente e mais recursos a bordo. Mas vamos por partes.
A aptidão para rolés mais intensos e longos se deve, principalmente - claro -, à carenagem, que proporciona proteção aerodinâmica. Na naked a "briga" com o vento em velocidades elevadas é inescapável. Já na esportiva isso não acontece - ou acontece bem menos. Mas os baratos da GSX-8R não se limitam à carenagem, como veremos adiante.
No visual, temos sim a carenagem frontal completa, que se estende até pouco abaixo da metade do motor, e que é complementada por um spoiler inferior - as duas peças se encaixam e parecem ser uma só. Uma ótima sacada, que inclusive vai facilitar as manutenções na moto.
Os piscas dianteiros e o guidão da GSX-8R também são diferentes dos usados na GSX-8S - aqui, semi-guidões -, enquanto os espelhos são os mesmos - porém montados na carenagem, naturalmente. E, curiosamente, os faróis "empilhados" também são exatamente os mesmos. Ou seja, a Suzuki deu um jeito de encaixar a carenagem sem precisar mexer no conjunto ótico.
Já na traseira a esportiva usa as mesmas peças da naked. Então rabeta, piscas e suporte de placa destacado são iguais, assim como as bonitas rodas de liga leve e até mesmo os pneus. E claro que os freios também são iguais.
Mas nas suspensões vemos duas diferenças importantíssimas: na naked são invertidas da japonesa Kayaba, e na esportiva também são invertidas, mas da conterrânea Showa - reconhecida mundialmente por fabricar componentes de primeiríssima linha. E também são do tipo Separated Front Forks (SFF) - ou seja, com mola de um lado e óleo do outro.
Então naturalmente na "R" o desempenho do conjunto suspensivo, cujo monochoque traseiro tem sete ajustes na pré-carga. Na frente os tubos, que são invertidos, não têm regulagens.
Outro recurso a bordo da esportiva que não vem na naked é o quickshifter bidirecional de série. O dispositivo, que permite trocar as marchas para cima ou para baixo sem usar a alavanca de embreagem e se aliviar o acelerador, é um tremendo diferencial para quem curte uma pilotagem mais agressiva.
Além do quickshifter, a GSX-8R incorpora outras tecnologias importantes e úteis. Caso do Easy Start, que permite ligar o motor com um toque no botão de start (não é preciso ficar apertando), dos três modos de pilotagem que mudam a entrega da potência (ativo, básico e conforto), do controle de tração com três modos que varia a interferência e pode, inclusive, ser desligado, e do Low RPM Assist, que mantém a rotação do motor em marcha lenta para arrancadas suaves e fáceis.
Some a isso o belíssimo painel de instrumentos com telona de TFT de cinco polegadas, que é completinho nas informações e fácil de operar, e a iluminação full-LED e, em resumo, temos um ótimo conjunto!
O motor da esportiva é o mesmo da naked. Um bicilíndrico de 776 cm³, com comando duplo de válvulas e refrigeração líquida. Até a calibragem é a mesma: entrega 83 cv de potência a 8.500 rpm e 7,9 kgf.m de torque a 6.800 rpm. A velocidade máxima é a mesma tanto da "R" quanto na "S": 210 km/h. Aí voltamos à questão lá do começo - em qual das duas o piloto não vai sofrer?
Hora de acelerar a Suzuki GSX-8R. O test-ride foi relativamente curto e feito na apertadinha pista do Haras Tuiuti, no interior de São Paulo. Nessa pista, quando você começa a acelerar forte, a reta acaba. Mas já foi possível ter algumas impressões da moto.
A primeira delas é que a carenagem de fato protege. Não é perfeita e o piloto deve se encolher um pouco atrás da bolha para efetivamente desfrutar de uma proteção aerodinâmica mais eficiente.
Outro barato é o comportamento das suspensões Showa: a pista do Tuiuti tem algumas imperfeições, e o conjunto da GSX-8R absorvem bem as irregularidades. É uma pena, apenas, que os tubos dianteiros não tenham algum ajuste. Mas a calibragem de fábrica já é muito satisfatória. Atrás basta ajustar ao gosto do piloto.
O painel, por sua vez, é um atrativo à parte. Como dissemos, é bonito, completo e fácil de consultar e de ler. Chega de painéis de instrumentos antiquados, Dona Suzuki!
Os pneus usados na GSX-8R são os mesmos da GSX-8S - os Dunlop Sportmax - , e proporcionam ótima aderência, contribuindo para uma pilotagem segura e divertida. Os freios Nissin são satisfatórios e não dão sustos, embora também não impressionem, enquanto o quickshifter exibiu ótimo funcionamento e mostrou que realmente é um recurso muito pratico - e vale lembrar que a moto tem embreagem assistida, muito leve, e deslizante.
E já que falamos em pilotagem segura e divertida: esqueça por um momento as especificações mencionadas acima e foque nisso: o grande barato da Suzuki GSX-8R é exatamente esse - proporciona uma condução divertida e segura, pois é uma moto arisca e nervosa na medida certa.
Ou seja, permite uma condução agressiva, mas sem beirar o incontrolável. Os 83 cv de potência e o 7,9 kgf.m de torque são perfeitos para quem quer curtir esportividade, mas sem correr riscos desnecessários. Com essa moto, você pode passear tranquilamente, acelerar com vontade em uma estrada e até mesmo curtir um track day.
Naturalmente a GSX-8R não é forte como a irmã maior GSX-R 1000R, e reside aí sua grande vantagem. É uma moto até nervosinha, mas ao mesmo tempo é dócil e muito controlável. Basta fazer os set-ups desejados do modo de pilotagem e do controle de tração que você terá uma moto emocionante e, ao mesmo tempo, "sempre a mão".
São as vantagens das motos de média cilindrada: não são pacatas demais como as menores, nem histéricas e perigosas como as superiores. E a GSX-8R ainda tem outra vantagem: a posição de pilotagem não é excessivamente "deitada", então não cansa rapidamente.
Para completar, a moto ainda tem preço razoável: custa R$ 56.900. Sim, é um bocado a mais que a GSX-8S, de R$ 51.500, mas a diferença de R$ 5.400 é justa se levarmos em conta o que cada uma oferece. Eu gostei bastante da naked GSX-8S, que pilotei ano passado durante o Concurso Moto do Ano das Revista Duas Rodas. Mas, entre ambas, eu não pensaria duas vezes em levar pra casa a esportiva GSX-8R.
Preço: R$ 56.900
Cores: azul, amarela, prata ou preta
Motor: dois cilindros em linha, 776 cm³, comando duplo de válvulas, refrigeração líquida, 83 cv de potência a 8.500 rpm e 7,9 kgf.m de torque a 6.800 rpm
Transmissão: câmbio de seis marchas com embreagem assistida e deslizante, quickshifter bidirecional e secundária por corrente
Suspensões: dianteira Showa com tubos invertidos e traseira Showa monochoque com ajustes na pré-carga
Freios: a disco nas duas rodas, com ABS. Controle de tração
Pneus: Dunlop Sportmax nas medidas 120/70 R17 na frente e 180/55 R17 atrás
Dimensões e peso: 2,15 m de comprimento, 1,46 m de entre-eixos, 77 cm de largura, 1,13 m de altura, 14,5 cm de vão livre, 81 cm de distância do banco ao solo e 205 quilos de peso em ordem de marcha
Tanque: 14 litros
Consumo: 23,8 km/l (Suzuki)
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