A Honda finalmente lança a aguardada linha 2021 da big trail Africa Twin. Há muitas novidades, a começar pelo nome: a moto passa a se chamar CRF 1.100L, já que o motor cresceu - passou de 998 cm³ para 1.100cm³. A outra principal inovação no modelo é a opção do câmbio automatizado de dupla embreagem, o Dual Clutch Transmission (DCT). Mas há bem mais do que isso.
No visual, tudo novo. A moto está nitidamente mais esguia. As carenagens são novas, e dão a impressão de que a Africa Twin ficou bem mais compacta. Os faróis com LEDs têm aspecto levemente agressivo e são assessorados por luzes de rodagem diurna (DRL).
Outras mudanças visíveis são o guidão em posição 2,2 cm mais alta e o banco 4 cm mais estreito e também mais baixo (altura regulável entre 85 cm e 87 cm). Devido ao novo quadro, o motor foi levemente deslocado para a frente. O subchassi traseiro também mudou: passou a ser de alumínio, assim como a balança traseira.
Só essas novidades, juntas, reduziram o peso da moto em 2,3 quilos. No geral, a Africa Twin passou a pesar de 206 a 215 quilos na versão standard (quase 10 quilos a menos) e de 216 a 225 quilos na inédita versão DCT. Para completar, até os pneus da Africa Twin mudaram. Segundo a Honda, agora têm desenho ainda mais adequado à proposta de uso misto da moto. As rodas são raiadas, têm aros de alumínio e calçam pneus 90/90 R21 na frente e 150/70 R18 atrás.
Há muitos chips a bordo. A moto tem acelerador eletrônico, seis modos de pilotagem, controle de tração com sete níveis, controle de empinada com três níveis, ABS com atuação em curvas e piloto automático. O ABS da roda traseira pode ser desligado e há uma função Emergency Stop Signal (ESS), que aciona o pisca-alerta automaticamente nas frenagens severas acima de 50 km/h.
Nas versões ES, as suspensões Showa têm ajustes eletrônicos - aliás, a sigla é de "electronic suspension". Além disso, as ES também têm pneus sem câmara, para-brisa mais alto com cinco ajustes de altura (o para-brisa da versão de entrada é baixo e fixo), carenagens maiores, protetor de motor mais largo, suporte traseiro de alumínio para baú, manoplas aquecidas e cornering light - iluminação nas curvas feita por três LEDs instalados abaixo dos faróis.
O tanque leva 18,8 litros nas versões standard e 24,8 litros nas Adventure Sports.
O curso das suspensões, contudo, é igual nas versões com e sem ajustes eletrônicos: 23 cm na frente e 22 cm atrás. Já o vão livre é de 25 cm. O painel também é igual em todas as versões - uma tela de TFT sensível ao toque, colorido, com 6,5 polegadas, conectividade com Apple CarPlay e Android Auto e pareamento com smartphone por Bluetooth. Quer mais mimos? As Africa Twin têm uma porta USB à direita do painel, para recarregar smartphones e outros gadgets, e protetores de mãos.
O motor sofreu muitas alterações. A mais evidente é a maior capacidade cúbica, que cresceu de 998 cm³ para 1.084 cm³. Isso veio basicamente pelo aumento no curso dos pistões, de 75,1 mm para 85,1 mm - o diâmetro foi mantido em 92 mm, assim como a taxa de compressão de 10,0:1.
Outra novidade são as camisas dos cilindros agora em alumínio. Isso e outras mudanças internas nas versões com câmbio convencional resultaram em um motor 2,5 quilos mais leve. Nas versões DCT, a redução foi de 2,2 quilos. Assim, o motor da Africa Twin agora pesa 66,4 quilos nas versões convencionais e 74,9 quilos nas versões DCT.
Outras mudanças importantes foram feitas nos corpos das borboletas de alimentação, redesenhados, e na adoção de cabeçote e comando de válvulas completamente novos. Também foi adotada uma maior elevação das válvulas - as de aspiração subiram de 8,6 mm para 9,3 mm, e as de exaustão passaram de 9,3 mm para 10,2 mm. Com isso, foi preciso mexer no sistema de escape, que ganhou uma válvula de controle variável semelhante à usada na esportiva CBR 1.000 RR Fireblade.
O objetivo dessa válvula é melhorar a eficiência do motor através da dosagem do sistema de exaustão em regimes baixos e médios, com a abertura total apenas nas rotações mais altas. Além disso, a Honda diz que proporciona uma "sonoridade" mais agradável desde os giros mais baixos.
O resultado disso tudo foi o aumento na potência e no torque. Antes, eram 88,9 cv a 7.500 rpm e 9,5 kgf.m a 6.000 rpm. Agora, são 99,3 cv e 10,5 kgf.m - nas mesmas faixas de rotação de antes. É coisa de 12% a mais de potência e 10% a mais de torque. Segundo dados do Instituto Mauá de Tecnologia, o consumo da moto em uso misto é de 20,3km/l e a velocidade máxima, de 197 km/h - versão standard.
O motor mantém o cárter semi-seco, com reservatório de óleo somente em parte do cárter. Isso permite reduzir a altura do bloco, tornando-o mais leve e compacto. A bomba de óleo fica dentro do cárter, pois não há necessidade de passagens de óleo pressurizadas. Essa necessidade de compactar o bloco implicou em outras duas características curiosas: a bomba d’água fica dentro do compartimento da embreagem, e o termostato é integrado ao cabeçote.
As versões com câmbio convencional têm seis marchas e embreagem deslizante. Já o câmbio DCT, que ainda é desconhecido da maioria dos motociclistas, merece muita atenção. Embora seja internamente complexo, seu uso é fácil e não tem mistério. O básico é ligar a moto, engatá-lo no modo Drive e acelerar - a moto fará o resto.
Mas, com o tempo e o hábito, ele permite um uso muito mais dinâmico e interativo. O modo Sport, por exemplo, tem três níveis - cada um troca as marchas em uma determinada faixa de giros. E a tecla G, quando acionada, proporciona máxima tração da roda traseira no fora-de-estrada.
O sistema DCT tem duas embreagens - uma para a 1ª, a 3ª e a 5ª marchas (as ímpares), e outra para a 2ª, a 4ª e a 6ª marchas (as pares). Cada uma das embreagens é acionada por um sistema eletro-hidráulico independente, e nas trocas de marcha – sejam elas feitas pelos comandos no punho esquerdo do guidão, por ação do condutor, ou automaticamente –, ocorre a alternância entre as embreagens, o que permite a mudança instantânea de uma marcha para outra.
As trocas são bastante rápidas (mas não imperceptíveis, como diz a Honda). Embora suscite desconfiança dos leigos, o sistema é muito seguro e confiável - até porque não é possível "errar uma marcha". O sistema DCT também evita que o motor apague por um erro do piloto, algo normal em motos com câmbio convencional (por erro do piloto). É algo bem valioso inclusive no fora de estrada ou em congestionamentos urbanos.
São três modos de funcionamento: o manual transmission (MT) oferece controle manual do câmbio através dos botões "+" e "–" situados no punho esquerdo. No modo Drive (D), as mudanças são automáticas, o que é ideal para a condução em cidade e em vias rápidas. No modo Sport (S), que tem três níveis, também são automáticas, mas acontecem em faixas de giros mais elevadas.
Nas desacelerações, as reduções também ocorrem um pouco mais cedo, o que proporciona maior efeito do freio-motor, o que torna esta opção a mais adequada para uma pilotagem esportiva.
A qualquer momento o piloto pode interferir e trocar a marcha por conta própria, com os botões "+" e "–". E sem riscos, pois o sistema DCT só aceitará comandos que não ofereçam possibilidade de prejuízo para o conjunto motor/transmissão e também para o equilíbrio dinâmico da moto. A ação do condutor nos botões não afeta a seleção original do modo Drive, que volta a operar automaticamente o câmbio logo em seguida.
Lançado em 2009, o câmbio DCT está em sua terceira geração. A Honda já vendeu mais de 100.000 motos equipadas com o sistema. Nos últimos anos, as versões com DCT representaram 48% das vendas das motos em que ele está disponível em outros países. No Brasil, está presente nos modelos X-ADV e GL 1800 Gold Wing Tour - e a Honda prevê que, a longo prazo, também será o preferido por quase 50% dos compradores por aqui.
Tanto na versão convencional quanto na DCT, há os modos de pilotagem Urban, Tour e Gravel, que já existiam antes, e os novos Off-road e User 1 e 2, que podem ser configurados conforme as preferências do piloto. Abaixo, explicamos em detalhes os parâmetros de cada um dos modos de pilotagem:
Tour - nível mais alto de potência, ideal para viagens com carga e passageiro, freio-motor em nível 2, ABS no modo road, controle de tração em nível 6 e anti-empinamento no nível 3. Nas versões DCT, a tecla G (que proporciona a máxima tração na roda traseira) não pode ser ativada.
Urban - adequado a uma condução mais tranquila. Potência em nível 2, freio-motor em nível 2, ABS no modo road não desligável. O controle de tração no nível 6 e o anti-empinamento no nível 3 podem ser alterados. Nas versões DCT, a tecla G não pode ser ativada.
Gravel - destinada a trechos em piso de baixa aderência. Potência em nível 4, freio-motor desativado, ABS no modo off-road e não desligável - inclusive o traseiro. O controle de tração no nível 6 e o anti-empinamento no nível 3 podem ser alterados. Nas versões DCT, a tecla G não pode ser ativada.
Off-Road – para máxima eficiência no fora-de-estrada. Potência no nível 3, freio motor no nível 3 e ABS em modo off-road. O ABS traseiro pode ser desligado. O controle de tração no nível 6 e o anti-empinamento no nível 3 podem ser alterados. Nas versões DCT, a tecla G está ativa.
User 1 e 2 - permitem escolher as configurações de todos os parâmetros: potência nos níveis 1 a 4, freio-motor 1 a 3, e ABS road ou off-road. Nas versões DCT, a tecla G pode estar ativa ou não. De fábrica, o modo User 1 tem os mesmos ajustes do Urban e o modo User 2 segue o padrão do Gravel.
A moto será vendida nas configurações CRF 1100L Africa Twin (standard) e CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports ES. Ambas terão câmbio convencional ou automatizado com dupla embreagem Dual Clutch Transmission (DCT). Ou seja, serão quatro versões.
A pré-venda de todas começa no próximo dia 17 de maio. As versões com câmbio manual serão montadas em Manaus e já estarão nas lojas no início de julho. As equipadas com câmbio DCT virão importadas diretamente do Japão, e as entregas estão previstas para agosto. A garantia para as motos é de três anos, sem limite de quilometragem e com direito a assistência 24 horas.