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Teste: Yamaha XTZ 150 Crosser, parceira de ralação

Criada para passeios, a trail tem conquistado a galera que trabalha de moto no dia a dia com sua robustez e eficiência

por Roberto Dutra

A Yamaha XTZ 150 Crosser é um caso curioso. Lançada primeiramente em 2014 e "modificada" em 2018 - quando passou a ser vendida nas duas versões atuais, "S" e "Z" -, a moto parece ter uma trajetória discreta no mercado brasileiro, mas seus números mostram que é bem mais que isso: é a quarta moto mais vendida do país e o segundo modelo mais emplacado pela Yamaha.

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Esse sucesso se deve a alguns fatores bem óbvios, como o fato de o segmento em que se insere - o das trail de baixa cilindrada -, ter preço acessível e manutenção relativamente barata. Some-se a isso o tempo já razoável no mercado, durante o qual provou ser extremamente confiável, e um fator relativamente recente: a turma que rala de moto (entregadores e motoboys em geral) tem descoberto na Crosser uma ótima parceira de trabalho.

No Rio de Janeiro, por exemplo, muitos trabalhadores dessa área trocaram suas street (Honda CG e Yamaha Factor/Fazer) pela Crosser. Ela ainda vende bem menos que a best-seller Honda NXR 160 Bros, mas curiosamente o que se vê é que a rival é mais destinada ao lazer e a Crosser, à labuta.

As características e especificações da moto ajudam: a Crosser é simples, robusta, bonita e prática. O design bem resolvido exibe frente bicudinha sem exageros, um pequeno para-brisa que protege o painel, tanque alto, banco bem anatômico, escape bacana (alto e apontando para cima) e bagageiro de série - pronto para receber um baú de boas dimensões.

A parte mecânica a torna extremamente apta à ralação diária, com evidentes vantagens sobre as street - que sofrem com a buraqueira nas ruas das grandes cidades. Aqui temos, por exemplo, ótimos pneus de uso misto Metzeler Tourance nas medidas 90/90 R19 na frente e 110/90 R17 atrás com rodas raiadas, e ainda suspensões com 18 cm de curso na frente e 16 cm atrás, vão livre de 23,5 cm. Ou seja, dá para esquecer buracos, lombadas e valetas. Se você pode ralar em cima de uma moto sem sacrificar a coluna, por que não?

O motor monocilíndrico de 149 cm³ é flex e rende potência de até 12,4 cv a 7.500 rpm e torque de 1,3 kgf.m a 6.000 rpm. Mais que suficiente para o âmbito urbano, com eficiência e economia - o consumo médio é de 35km/l. Como o tanque leva 12 litros, temos uma autonomia de cerca de 420 quilômetros.

Para completar, a Crosser tem freios a disco nas duas rodas com ABS, câmbio de cinco marchas e secundária por corrente. Ou seja, o necessário e tudo um tanto à prova de problemas, devido à simplicidade.

Os senões do modelo são o painel de instrumentos, ainda com layout de conta-giros analógico grandão e display de LCD pequenino, e o acabamento geral que poderia ser melhor - principalmente nas peças metálicas e fundidas, como balança traseira. Pelo menos a pintura das partes plásticas sugere boa qualidade.

Vamos acelerar?

Aproveitei uma visita a São Paulo para passar uns dias "rolezando" de Crosser e lembrar como é agradável pilotar essa moto. Leve e particularmente enxuta na distância entre-eixos, é uma moto extremamente ágil e fácil de pilotar.

O peso de apenas 134 quilos também ajuda, e o banco a 84,5 cm do solo pode não parecer amigável para pilotos como eu - com meus 1,70m -, mas não é problema: você se acomoda no banco e a suspensão traseira macia faz a moto "sentar" um bocado. Aí, não ficamos na ponta dos pés.
O banco é anatômico, mas deveria ser mais macio. Para quem vai ralar ali em cima por horas a fio, pode ser um desafio dolorido. Já a posição de condução da moto é ótima: reta e descansada.

Mas não esqueça que é uma 150. E, mais ainda, uma trail - portanto, com relações discretamente curtas. A Crosser pede pilotagem tranquila e serena para oferecer o que tem de melhor: respostas ao acelerador comportadas, mas convincentes, motor sempre cheio, mas não a ponto de comprometer o consumo, frenagens muito seguras e curvas divertidas como só as trail podem oferecer. E aproveite sua principal vantagem sobre as street, seja no lazer ou no trabalho: não sofra nos buracos, lombadas e valetas.

A Crosser custa, atualmente, R$ 14.919 na versão Z (essa que avaliamos, com para-lama dianteiro alto), e R$ 14.720 na versão S, que é mais urbana e menos "off" com seu para-lama dianteiro baixo. A principal rival, a Bros ESDD, custa um pouco menos - R$ 14.600 -, mas não tem o ABS, apenas CBS. Por fora corre a Dafra NH 190, de R$ 15.990, que também só tem CBS. Assim, a Crosser tem o melhor custo-benefício no segmento.

Ficha Técnica

Yamaha XTZ 150 Crosser

Preços: R$ 14.919 (Z) e R$ 14.720 (S) Motor: monocilíndrico, refrigerado a ar, 149 cm³, potência de até 12,4 cv a 7.500 rpm e torque de 1,3 kgf.m a 6.000 rpm Transmissão: câmbio de cinco marchas com secundária por corrente Suspensões: dianteira com garfos telescópicos e 18 cm de curso; traseira monochoque com 16 cm de curso Freios: a disco nas duas rodas, com ABS Pneus: 90/90 R19 na frente e 110/90 R17 Dimensões: comprimento de 2,05 m, largura de 83 cm, altura de 1,16 m, entre-eixos de 1,38 m, banco a 84,5 cm do solo, vão livre de 23 cm, peso de 134 quilos Tanque: 12 litros Consumo: 35 km/l (média urbana)

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