A chegada da Haojue TR 150 Master Ride ao mercado brasileiro estava marcada inicialmente para abril, mas atrasos logísticos decorrentes da pandemia de covid-19 jogaram a previsão para junho - conforme publicamos aqui. Mas, logo depois, houve novo adiamento, desta vez para setembro. Agora, porém, já temos uma data certa: a marca anunciou que o lançamento oficial será na semana que vem, dia 12 de agosto.
Vale lembrar que o lançamento de uma moto inédita como a Master Ride no país não acontece simplesmente com o embarque dos lotes em contêiners e o envio. É preciso um enorme planejamento com muitos meses de antecedência, pois há etapas a serem cumpridas.
No caso da Master Ride: produção dos componentes na China; separação e embalagem dos kits; transporte marítimo; liberação no porto brasileiro; envio para Manaus (AM); montagem local; envio para Jundiaí (SP) - sede da empresa; e distribuição para os concessionários. Se no meio disso tudo surge uma pandemia que faz quase tudo parar ou desacelerar, o cronograma fica comprometido.
Mas agora a Master Ride está confirmadíssima. O pomposo sobrenome é criação brasileira: nos mercados asiáticos, a moto é chamada apenas de TR 150. É uma prima mais ou menos distante da Haojue Chopper Road 150 - modelo bem conhecido no Brasil, onde de certa forma ocupou o lugar da saudosa Suzuki Intruder 125.
Apesar dos sucessivos aumentos de preço desde que foi lançada, a Chopper Road 150 ainda vende bem e provavelmente continuará em linha (chegou em abril de 2017 por R$ 6.500... bons tempos!).
A Master Ride tem porte um pouco maior que o da Chopper Road, acabamento aparentemente superior e visual - digamos - mais exótico. O motor, porém, é o mesmo monocilíndrico refrigerado a ar e carburado, com modestos 11 cv de potência a 8.000 rpm e 1,1 kgf.m de torque a 6.000rpm.
Na Chopper Road, que pesa 130 quilos, proporciona um desempenho honesto, mas não impressionante. Na Master Ride, que pesa 15 quilos a mais, a conferir. Sites internacionais informam que a velocidade máxima da Master Ride é de 110km/h, o que seria coerente com sua proposta de uso urbano e em passeios curtos.
O consumo informado lá fora é de ótimos 50 km/l, mas certamente será inferior com o "X-Tudo" que é a gasolina brasileira.
Outras especificações da TR 150 que conheceremos melhor na semana que vem são freio dianteiro a disco e traseiro a tambor, câmbio de cinco marchas, rodas de liga-leve com pneus 90/90 R18 na frente e 110/90 R16 atrás, partida elétrica e por quique, tanque para 11,5 litros, comprimento total de 2,10m, entre-eixos de 1,38m e altura do banco em relação ao solo de 72,5cm.
A nova custom certamente será mais cara que a Chopper Road, hoje vendida por R$ 12.195. Para ser competitiva, deverá ficar entre R$ 15.000 e R$ 16.000, no máximo. Acima disso já chegará perigosamente perto da recém-lançada Royal Enfield Meteor 350, que começam em R$ 17.990 (sugerido, sem frete) e é uma moto de categoria superior.
Apesar da proximidade com a Chopper Road, faz algum sentido a Haojue apostar na Master Ride. É que havia um imenso espaço vazio entre as custom de baixa cilindrada Chopper Road e Dafra Horizon 150, ambas na faixa dos R$ 12.000, e a Kawasaki Vulcan 650, que hoje já encosta nos R$ 40.000.
A Master Ride ficará no degrau que existe entre as básicas e a Meteor 350. Mas o segmento ainda carece de modelos no degrau que vem depois, das motos com motor na faixa dos 500 cm³ e preço em torno dos R$ 30.000.
Essa pode vir a ser uma opção futura da própria Haojue. É que a marca chinesa finaliza o desenvolvimento da TR 300, uma custom que usará o mesmo motor da esportiva DR 300 - um bicilíndrico de 298 cm³ com injeção, refrigeração líquida, 30 cv a 8.500 rpm e 2,8 kgf.m aos 6.500 rpm. A DR 300, inclusive, é vendida em alguns países como Suzuki GSX-S300. Enfim, a configuração custom TR 300 seria muito bem-vinda por aqui!
Ao contrário do que muita gente acredita, a Intruder 125 não era uma Suzuki. Originalmente era fabricada pela Haojue, na China, onde levava o nome de GN125. No Brasil, foi vendida entre 2002 e 2016 como Suzuki porque, lá fora, a Suzuki e a Haojue são parceiras comerciais - então a J. Toledo da Amazônia, representante da Suzuki no Brasil, pôde vendê-la como Suzuki.
A Intruder ainda é fabricada na China pela Haojue. Mas agora é chamada de HJ 125-8, e existe em duas versões, Star e Extra (esta última mais próxima da Intruder 125 vendida no Brasil).
Aqui, a J. Toledo da Amazônia/Suzuki deixou de vender motos de baixa cilindrada e seus controladores criaram, em 2017, outra empresa - a JTZ Indústria e Comércio de Motos - para atuar nesse segmento com a marca Haojue e, no de scooters, com a marca Kymco.