Vale a pena comprar a Royal Enfield Scram 411?

Pilotamos a moto por uma semana no dia a dia, e contamos como se comporta essa Himalayan com roupa de surfista

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Roberto Dutra
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No início de maio tivemos nosso primeiro dinâmico contato com a Royal Enfield Scram 411. Acompanhamos o lançamento oficial no Rio de Janeiro, quando conhecemos as especificações da moto e fizemos um curto test-ride.

Agora, tivemos a oportunidade de rodar com a moto ao longo de uma semana, no dia a dia, conforme a proposta do modelo. E contamos aqui como foi esse convívio, com seus prós e contras, para ajudar quem está pensando em levar uma Scram 411 para casa.

Royal Enfield Scram 411 (5)
A Royal Enfield Scram 411 é uma derivada da Himalayan, mas com visual menos pesadão e mais divertido
Crédito: Roberto Dutra
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Como já falamos bastante sobre a história e as características da Scram 411 - o que o caro leitor pode lembrar aqui -, hoje vamos falar só de comportamento dinâmico. Em caso de dúvidas técnicas, no pé dessa matéria está a ficha completa dessa Himalayan com roupa de surfista.

A Scram 411 em ação no dia a dia

Peguei a moto na concessionária do Recreio dos Bandeirantes. Para quem é de fora do Rio, o Recreio só é perto para quem mora no Recreio ou na Barra. Por isso já fizemos um primeiro trecho de quase 40 quilômetros, com a mesma distância garantida para a volta. E, no meio, mais algumas dezenas.

A Scram 411 é mais voltada para o asfalto, mas as suspensões e o escape altos permitem aventuras
Crédito: Roberto Dutra
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Nos primeiros quilômetros e até durante um certo período, a posição de pilotagem me pareceu bem agradável, com corpo ereto e pernas e braços naturalmente repousados nas pedaleiras e no guidão. Mas nesse convívio mais longo, vi que o guidão poderia ser um pouco mais alto para que não precisasse me inclinar levemente à frente ou sentar extremamente perto do tanque.

Por outro lado, o banco é bem confortável. E outro barato são as pedaleiras do piloto: são bem largas, e permitem brincar um pouco com pilotagem em pé. Os punhos, contudo, proporcionam boa pegada, mas são pouco macios e cansam as mãos.

Já as impressões dinâmicas foram quase iguais às do dia do lançamento. A Scram 411 arranca com certa força e progressão, mas jamais entrega fortes emoções. É uma moto comportada o tempo todo.

O motor é o mesmo da Himalayan: monocilíndrico com 411 cm³, 24,5 cv de potência e 3,2 kgf.m de torque
Crédito: Roberto Dutra
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O motor monocilíndrico injetado e refrigerado a ar é o mesmo da Himalayan. Tem 411 cm³ e rende 24,5 cv de potência a 6.500 rpm e 3,2 kgf.m de torque a 4.250 rpm. Permite que você rode em quarta ou quinta marchas a 80 km/h ou acima disso com níveis de vibração e ruídos bem discretos.

A moto resolve na maior parte do tempo. Mas, assim como na irmã mais trilheira, é limitada pelo peso de 191 quilos a seco, que bate em 205 quilos em ordem de marcha - fora piloto e o que mais estiver a bordo.

A Scram tem peso demais para potência e torque de menos. Então vai resolver bem no dia a dia, no trânsito e no vai e vem de curtas distâncias até com alguma sobra. Mas quando for preciso potência para velocidades altas ou torque para encarar algo mais radical, exibirá limitações. Até encara caminhos de terra, mas sem trilhas pesadas. Isso é algo que, aliás, nem a irmã mais preparada Himalayan enfrenta.

As pinturas e adesivos da Scram 411 são divertidas e têm bom gosto. Essa preta e vermelha nem é a mais fotogênica...
Crédito: Roberto Dutra
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No trânsito, aliás, a Scram 411 consegue se desvencilhar bem, andar nos corredores e serpentear entre os carros com alguma desenvoltura. Não é uma perereca de 125/150 cm³, mas dá conta. O piloto, no entanto, sente seu peso. O mesmo, inclusive, acontece na hora de estacionar na rua ou na garagem: um detalhe ao qual pouca gente dá importância, mas faz diferença no uso diário - quem chega em casa cansado depois de um dia de trabalho só quer largar a moto num canto e descansar.

Todavia, vale destacar que o tempo todo o funcionamento do motor está muito mais suave e linear que o das Himalayan dos anos passados. Nada daquela aspereza incômoda, ou de ruídos desagradáveis. Ok, o ronco do motor ainda não é bonito, mas melhorou...

Tudo fácil a bordo

Pra quem pilota com serenidade, a Scram é uma boa companhia. O câmbio funciona bem, sem dificuldades nas trocas de marcha, e é bastante usado: a moto fica melhor sempre com o motor "cheio". Os freios, por sua vez, resolvem, mas não impressionam: deveriam ser mais intensos. E os pneus mistos Ceat garantem uma aderência razoavelmente satisfatória, mas não me transmitiram toda a segurança que eu gostaria.

O painel também é igual ao da Himalayan: redondo, simples e bem legível. Nada de Tripper por enquanto
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As suspensões da Scram 411, por sua vez, atendem plenamente. São longos 19 cm de curso na frente e 18 cm atrás. Ou seja, quebra-molas, buracos e valetas são solenemente ignorados, algo reforçado pela ótima distância livre do solo de 20 cm

No lançamento, a Royal Enfield disse que o aro menor na frente (19, contra 21 na Hima) deixou a dianteira um pouco mais baixa e, com isso a moto ficaria mais arisca no ataque às curvas. É fato que ela "ataca" as curvas com mais maneabilidade, mas por outro lado a frente ficou mais pesada. A Hima é 6 quilos mais pesada no geral, mas a frente é mais levinha.

O painel da Scram 411 é o mesmo da Himalayan - e, pelo menos por enquanto, não vem com o navegador Tripper. É fácil de operar e de ler, e todos os botões têm fácil acesso. Os espelhos redondinhos, porém, podem ser bonitinhos, mas trepidam e oferecem pouca retrovisão.

Exclusivo da Scram 411, o banco em peça única é bem confortável e anatômico
Crédito: Roberto Dutra
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Vale a pena comprar a Royal Enfield Scram 411?

Para quem busca uma moto com visual divertido e de bom gosto, com rodagem suave, gostosa e tranquila, e mais interessante pela versatilidade que oferece do que pelas respostas do conjunto motor/câmbio, sim. É indicada para quem vai usar na ida e volta ao trabalho, em passeios sem pressa ou sem compromissos com velocidade. Desse jeito, é uma moto agradável, divertida e com bom custo/benefício.

Aliás, a Scram tem três vantagens básicas em relação à Himalayan. Primeiro, é definitivamente mais bonita e charmosa. Beleza é gosto muito pessoal, mas é inegável que a Himalayan tem um visual pesadão, rústico e com certas desarmonias.

A rabeta e a alça para garupa são diferentes das usadas na Himalayan. Botar baú é mais difícil
Crédito: Roberto Dutra
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Segundo, é mais barata. A diferença, na tabela, é de R$ 1.800. E no fim das contas, o comprador está levando para casa quase a mesma moto, que embora seja menos equipada usa uma roupa de surfista bem mais legal - e essa grana já paga o seguro da moto!

Terceiro, a Scram é mais confortável. Isso faz muita diferença em qualquer moto - ou versão -, ainda mais quando se trata de um modelo voltado para o uso urbano diário.

No site da Royal Enfield São Paulo, a Scram 411 é oferecida por R$ 22.490 na tabela, sem frete. Mas pense em uns R$ 24 mil para chegar na sua garagem.

Ficha técnica - Royal Enfield Scram 411

Preço: R$ 22.490 (sem frete)

Motor: monocilíndrico injetado, refrigerado a ar, 411 cm³, potência de 24,5 cv de potência a 6.500 rpm e 3,2 kgf.m de torque a 4.250 rpm

Transmissão: câmbio de cinco marchas com secundária por corrente

Freios: a disco nas duas rodas, com ABS

Suspensões: garfos convencionais com 19 cm de curso na frente e monochoque com 18 cm de curso atrás

Pneus: dianteiro 100/90 R19 e traseiro 120/90 R17

Dimensões e peso: 2,16 m de comprimento, 84 cm de largura, 1,16 m de altura, 1,45 m de entre-eixos, banco a 79,5 cm do solo, vão livre de 20 cm e 185 quilos de peso a seco

Tanque de combustível: 15 litros

Consumo: 31,4 km/l (dado de fábrica)

Cores disponíveis: White Flame (branco e vermelho), Silver Spirit (cinza e azul), Graphite Red (cinza e vermelho), Graphite Blue (cinza e azul), Skyline Blue (azul com amarelo e cinza) e Graphite Yellow (cinza com amarelo)

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