Querendo ganhar espaço em um segmento que só cresce –e no qual a Honda se lambuza-, a Yamaha está cercando a concorrência por todos os lados. Recentemente, eles lançaram o NMax 160, rival direto do Honda PCX, e agora a marca traz de volta ao mercado o Neo, vendido por aqui como Neo 115 até meados de 2013. Você se lembra dele? Se a resposta for positiva, por favor, esqueça aquela motinho carburada de visual cansado. A nova Neo, como a Yamaha a chama, quer deixar no passado o visual sem graça dos scooters e conquistar quem pensa em adquirir seu primeiro veículo de duas rodas, sobretudo, as mulheres.
A nova Neo chega às lojas na segunda quinzena de outubro, com preço sugerido de R$ 7.990 (fora o valor do frete) e novo motor de 125 cc. E para começar, se você nunca pensou em ter um scooter, não será difícil convencê-lo se você –assim como eu– demora uma hora pra percorrer seis quilômetros de carro, todos os dias, na volta do trabalho. Ou pior, tem que disputar espaço no transporte público. Para apresentar a moto à imprensa, a marca nos convidou para atividades em diversos cantos da cidade de São Paulo em uma mesma tarde. E é claro que isso só seria possível de moto, ou melhor ainda, com a praticidade de um scooter.
Vai encarar?
O primeiro ponto que chama atenção na nova Neo –para os brasileiros, já que o mesmo modelo existe nas Filipinas desde 2014 com o nome de Mio Soul– é o visual imponente e agressivo.
Este scooter ficou com cara de personagem de animê japonês num dia ruim, acredite. Para mim, é o scooter com visual mais invocado do mercado.
A atenção aos detalhes é evidente em cada peça da moto, muitas delas vincadas e anguladas para compor o visual, e o acabamento impressiona. A dianteira volumosa, com três faróis em LED (duas peças para farol baixo e uma para alto), rouba a cena. Ali fica também a bateria, veja a foto do scooter “pelado” e entenda:
O chassi underbone permite um assoalho plano (como na Dafra City Class 200), as rodas de 14 polegadas tem pneus Metzeler Feel Free Front (traseiro 90/80 e dianteiro 80/80, ambos sem câmara).
Vou por aí
O sistema de partida é elétrico e ao acionar o descanso lateral, a nova Neo desliga automaticamente, o que é ótimo para os esquecidos de plantão. Com injeção eletrônica, o motor também é novo: um monocilíndrico, SOHC, com quatro tempos e 125cc, refrigerado a ar, que entrega 9,8 cv de potência a 8000 rpm e torque máximo de 0,98 kgf.m a 5.500 rpm. Para contribuir com o conforto e facilidade, o câmbio é CVT, ou seja, não é necessário mudar marchas.
Para extrair a maior eficiência do motorzinho, a Yamaha replicou no modelo tecnologias utilizadas em motos maiores, como o DiAsil, liga de alumínio com silício que reveste o cilindro. Segundo a Yamaha, o material melhora a dissipação térmica e resistência mecânica, e de quebra reduz o desgaste da peça e aumenta a vida útil do motor. No mais, há balancins roletados, pistão forjado com altura reduzida para extrair mais potência e reduzir a vibração, um menor motor de partida que permite um descompressor automático no comando de válvulas, entre outras soluções.
Pela facilidade de locomoção e baixo custo, o scooter é muitas vezes considerado como primeira opção para quem não tem grana, ou nem quer, investir em um automóvel
O tanque pequeno leva apenas 4,2 litros de gasolina. Segundo a Yamaha, o consumo passa dos 40 km/l. Espertinha e leve – são apenas 96 kg de peso em ordem de marcha – a Neo surpreendeu pela resposta ágil e rápida na cidade. Outro ponto que me chamou atenção foi a estabilidade e facilidade de mudança de direção. A dianteira, embora tenha certo peso, é extremamente leve.
O painel é básico, mas bonitinho e nele estão as principais funções: velocímetro analógico, hodômetro total, marcador do nível de combustível e até uma função ECO, que indica o momento de pilotagem de maior economia.
Adorei o grip do banco, cuja altura fica a 775 mm do solo, facilitando para os que não são tão altos. As alças do garupa, bipartidas e em alumínio, também têm ótima pegada. Se você é daqueles que gosta de transportar coisas, saiba que o espaço debaixo do banco não é dos maiores. São apenas 14 litros, o suficiente para armazenar um capacete aberto -o Honda Lead, por exemplo, leva um capacete aberto mais um fechado. Para compensar, a Neo conta com bons porta objetos, um gancho central para pendurar uma sacola ou bolsa, além de dois ganchos sob o banco para prender capacetes.
A suspensão, uma grande questão nos scooters e que não recebia muitos elogios na antiga Neo, melhorou muito. Utiliza garfo telescópico dianteiro com curso de 90mm e um único amortecedor traseiro do lado esquerdo, com mola progressiva e curso de 80mm.
Os freios mostraram-se bem eficientes, a disco na dianteira (200 mm) e a tambor na traseira (130 mm) com sistema combinado UBS (Unified Brake System), que distribui as frenagens dianteira e traseira em um único acionamento do manete esquerdo (freio traseiro).
É possível escolher entre três cores: branco metálico, vermelho metálico e cinza fosco. E os únicos acessórios que a fábrica oferece são o bagageiro (R$ 131), o bauleto (R$ 165) e dois modelos de capacete (abertos, claro, para caber debaixo do banco) por R$ 240.
Posicionamento
Pela facilidade de locomoção e baixo custo, o scooter é, muitas vezes, considerado como primeira opção para quem não tem grana, ou nem quer, investir em um automóvel. Os iniciantes, de 18 a 35 anos e predominantemente mulheres, são o público que a Yamaha quer conquistar com a novidade. Por isso, a marca pensou em uma estratégia interessante, não só de preço, mas algumas facilidades que trazem certa tranquilidade a quem está adquirindo sua primeira moto.
Ao tirar a Neo da loja, ela sai com uma assistência 24 horas, que garante serviços de reboque, socorro mecânico, chaveiro, troca de pneus, pane seca, hospedagem, taxi e despachante durante os primeiros 12 meses. Depois disso, é possível renovar o serviço. Além disso, as revisões até os 30 mil quilômetros contam com preço fixo e o seguro é oferecido a R$ 600, sem análise de perfil.
Entre os concorrentes, a Neo só é mais cara que a Honda Lead 110 (R$ 7.209). Ela fica atrás da Biz 125 (R$ 8.790) e da Burgman 125i (R$ 9.490). Confira aqui qual delas tem o quê:
A marca também quer fisgar quem tem carro ou moto maior e busca uma opção mais ágil para ir e vir na cidade. Eles apelidaram esse perfil de “público de seis rodas”.
Por fim, mais do que testar a agilidade da nova Neo 125 na selva de pedra, pudemos reforçar o quanto é bom ter um scooter na cidade. A Yamaha, pra variar, tem mais um grande produto nas mãos e os consumidores, mais uma opção para fugir do trânsito. Agora, com muito mais estilo.