A Yamaha YZF- R15 foi apresentada durante o Festival Interlagos, no meio do ano passado, mas depois disso ainda demorou alguns meses para chegar às concessionárias da marca. Na prática, as primeiras unidades foram faturadas e emplacadas em dezembro. Mas o primeiro mês completo de vendas foi, mesmo, janeiro último.
E aí a R15 já mostrou a que veio. Anotou 386 unidades emplacadas, volume que lhe deu a liderança no segmento de esportivas, no mercado brasileiro. Atrás dela ficaram outra Yamaha, a YZF-R3, seguida por Kawasaki Ninja 400, Honda CBR 650R e BMW S 1000 RR.
O habitual nesse segmento era uma liderança quase permanente da Yamaha R3, sempre seguida pela Ninja 400 - e na sequência por CBR 650R e S 1000 RR com volumes menores, mas sempre estáveis e consistentes. Muito eventualmente a Ninja 400 passa a R3 e a S 1000 RR surpreendia - algo notável levando-se em conta o preço da superbike alemã.
Falando na BMW S 1000 RR, vale destacar que, apesar de ser uma moto cara - custa iniciais R$ 125.900 -, sempre vende bem mais que as concorrentes diretas. No ranking, podemos ver que está muito à frente até de modelos mais baratos, como as Kawasaki Ninja 300 (R$ 30 mil), ZX-4R (R$ 56 mil) e ZX-6R (R$ 73 mil). E também de rivais à altura, como a Ducati Panigale V4, que é bem mais cara (R$ 163 mil).
Ou seja, a S 1000 RR pode ser cara, mas tem um custo/benefício que atrai o público desse tipo de moto. E custo/benefício é exatamente o principal atributo da Yamaha YZF-R15.
O barato da Yamaha R15 é juntar preço acessível com especificações de alto nível - difíceis de encontrar em motocicletas de sua faixa de cilindrada. Some-se a isso o visual bacana e a proposta de "desfilar esportividade", e temos um conjunto bem bacana.
Naturalmente a R15 não é uma esportiva autêntica. O motor é monocilíndrico como em todas as motos pequenas, mas tem 155 cm³, refrigeração líquida e comando de válvulas variável (VVA) - três aspectos já nada comuns em motos de baixa cilindrada.
A potência máxima é de 18,8 cv a 10.000 rpm e o torque chega a 1,5 kgf.m a 8.500 rpm. Números acima da média das pequenas, mas que apenas poderão proporcionar alguma emoção em ambiente urbano.
E a R15 tem outras especificações bacanas: quadro Deltabox, tanque para 11 litros, câmbio de seis marchas, embreagem assistida e deslizante, shift-light, suspensão traseira mnochoque com link, freios com ABS, pneus sem câmara e larguinhos - 100/80 R17 na frente e 140/70 R17 atrás - e rodas de liga leve com 10 raios.
Por fim, o painel multifunção com telinha de LCD, iluminação de led e fundo branco é bem completo. Tem conta-giros, medidor de combustível, indicador de marcha, indicador VVA (que mostra quando o sistema privilegia o funcionamento esportivo), indicadores de velocidade média, de consumo instantâneo e de média de consumo, velocímetro, hodômetros total e dois parciais, fuel trip (quilometragem percorrida na reserva), relógio, luzes-espia, alerta de temperatura do motor, alerta de funcionamento do ABS e luz de advertência do motor.
A maioria das motos de baixa cilindrada vendidas no mercado brasileiro têm dois destinos: mobilidade urbana no dia a dia ou virar ferramenta de trabalho, seja como mototáxi ou para entregas de delivery. A R15 só se aplica ao primeiro caso: é uma boa opção para quem deseja uma moto pequena, ágil, econômica - e, nesse caso, mais moderna que todas as outras - para se locomover.
Mas não tem utilidade para quem vai levar garupa com frequência (conforto ali não é seu forte) ou, no mesmo lugar, baú ou mochilão de entregas (vai estragar a bonita rabetinha da moto). Se você busca uma moto para o dia a dia, mas não quer uma Honda CG 160, uma Yamaha Fazer 150 ou similares, e ao mesmo tempo curte o estilo esportivo e busca algo realmente moderno e prático - sem ter que gastar uma fortuna -, a R15 deve entrar no seu radar.
Quanto ao design, desenvolvido em túnel de vento, é inegavelmente bonito. A moto exibe frente bicuda, farol duplo, tanque reto e esguio, e traseira arrebitada. A lanterna traseira, a luz de posição e o farol são de LED,
No primeiro lote, a R15 custava R$ 18.990. Agora, está em R$ 20.590 (sem frete ou seguro). Ainda assim, é um valor interessante pelo conjunto da obra. Basta compararmos com outras motos de baixa cilindrada, mas com especificações um degrau acima - caso da própria Yamaha FZ15, que custa R$ 19.190. Assim vemos que, no segmento de motos de baixa cilindrada que não são voltadas para trabalho, o custo/benefício da R15 é tentador.