A nova geração da super-touring da Yamaha acaba de ser revelada na Europa. A moto mudou radicalmente, a começar pelo nome: deixar de ter o sobrenome 900 GT em sua versão única, e passa a se chamar apenas Tracer 9, mas em duas versões - standard e GT. Muito além dos nomes, a moto sofreu alterações profundas no design, no chassi, no motor e na eletrônica de bordo.
O novo "look" ficou muito mais agressivo. Os faróis, agora, têm desenho inspirado nos da superbike YZF-R1. Por isso, ficaram menores e mais recortados, lembram olhos semicerrados. Sua iluminação é inteiramente com LEDs, assim como em todo o resto da moto.
Além disso, o para-brisa ficou mais alto (e tem altura regulável) e as carenagens laterais ficaram maiores, o que proporciona uma melhor penetração aerodinâmica e mais proteção contra vento e chuva. Na versão GT, o conforto do piloto e do garupa ainda é reforçado pelos novos baús laterais, que são itens de série, e acomodam até um capacete fechado em cada lado, com algum espaço para algo mais - como uma capa de chuva, por exemplo.
Vista de perfil, a Tracer nitidamente ficou mais esportiva - inclusive porque a traseira ficou mais afilada. O banco também mudou e promete mais conforto. E não só por parecer ter mais espuma, mas também pelas alturas diferentes para piloto e garupa. Este ainda dispõe de alças de segurança com aparência anatômica e em posição mais baixa que antes.
Ali no meio desta nova roupagem surge um quadro completamente novo. Chama-se Deltabox e é todo de alumínio. A balança traseira é do mesmo material, e ficou 6 cm mais comprida, o que deve melhorar o comportamento nas retas, mas talvez tire um pouco da incrível agilidade da moto - que já observamos ao avaliarmos a versão anterior (que é vendida no Brasil atualmente). As rodas também são de alumínio, e tudo isso levou a Tracer a perder peso: agora são 213 quilos, contra 215 quilos de antes (em ordem de marcha).
Vale lembrar que houve essa perda de peso mesmo com o aumento da motorização. O novo propulsor, chamado de CP3, mantém os três cilindros em linha, a refrigeração líquida e o comando duplo no cabeçote, mas tem 890cm³ de capacidade cúbica, 119 cv de potência e 9,4 kgf.m de torque. A versão anterior tinha 847cm³, 115 cv de potência e 8,9 kgf.m de torque. O câmbio tem seis marchas com embreagem assistida, para exigir pouca força em seu acionamento, e deslizante, para evitar o travamento da roda traseira nas reduções severas.
O pacote eletrônico também ficou mais recheado. Agora equipada com unidade de medida inercial (IMU) de seis eixos, como toda moto moderna que se preze, a Tracer tem quatro modos de pilotagem, controle eletrônico de velocidade (o popular "piloto automático"), controle de tração, dispositivo anti-empinamento, ABS com atuação em curvas e dispositivo anti-derrapagem (o ainda pouco conhecido slide control system, mais presente em motos esportivas). Os controles de tração, anti-empinamento e anti-derrapagem podem ser desligados.
Toda essa parafernália funciona em três modos, à escolha do piloto. No modo 1, a interferência é adequada a uma pilotagem agressiva e esportiva. No modo 2, a interferência é maior, e interpreta uma variedade maior de aspectos da pilotagem - adequada, portanto, a viagens e passeios em estradas. Já o modo 3 é uma espécie de "modo pro", e permite ao usuário programar a interferência por cada um dos dispositivos.
Tudo é selecionado pelo piloto através de botões e do novíssimo painel: se antes era uma tela única de TFT (que já era bacana), agora se divide em duas telinhas digitais, ambas também de TFT, cujo design lembra os dos painéis analógicos de modelos antigos da Yamaha, como as Ténéré 600 e XT 600E da década de 80. É completíssimo e charmoso.
A moto ainda tem um controle de freios que divide automaticamente a pressão entre as rodas dianteira e traseira quando identifica uma frenagem de emergência na qual o piloto acione um dos freios de maneira excessiva. Esse dispositivo tem dois modos: o BC1, standard, que é ativado pelo ABS para evitar travamentos, principalmente em linha reta, e o BC2, cuja interferência é ainda maior, controla a pressão nos freios enquanto a central IMU "lê" a inclinação do chassi - e tenta evitar, assim, derrapagens nas frenagens feitas em curvas.
Quer mais eletrônica? As novas suspensões fornecidas pela Kayaba têm ajustes eletrônicos e, na versão GT, atuação semi-ativa - ou seja, a altura e o amortecimento dos garfos invertidos dianteiros e do monochoque traseiro se ajustam contínua e automaticamente. Também na versão GT, a Tracer 9 ainda tem quickshifter, que promete a troca de marchas sem uso de embreagem e sem aliviar o acelerador, faróis direcionais, punhos aquecidos e cores e grafismos exclusivos.
As vendas desta nova Yamaha Tracer na Europa começam em Março de 2021. Não há qualquer previsão para sua chegada ao Brasil. A melhor expectativa é de que seja mostrada no segundo semestre do ano que vem, quando teremos o Salão Duas Rodas (se não houver mais pandemia de covid-19). Até lá, fica a versão atual, que hoje custa R$ 58 mil.
Veja abaixo vídeo da nova Tracer 9: