Yamaha Ténéré 700: será que agora ela vem?

Rumores indicam que finalmente a esperada trail média será lançada no Brasil - no Festival Interlagos, em junho

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Roberto Dutra
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A Yamaha Ténéré 700 é uma das motos mais aguardadas pelo mercado brasileiro há anos. A moto foi lançada lá fora em 2019, chegou a ser cogitada para cá, mas sua vinda acabou não acontecendo por dificuldades de homologação. Principalmente no que se refere a emissões de ruídos - teste que, no Brasil, é diferente dos praticados no resto do mundo.

Yamaha Ténéré 700: será que agora ela vem?

Quando nem contávamos mais com essa possibilidade, eis que surge uma novidade. O jornalista Marcelo Barros, colaborador do WM1, publicou em seu Instagram @motordomundo, a imagem de um "Save the Date" que estaria circulando em grupos de WhatsApp indicando que a moto será apresentada oficialmente na próxima edição do Festival Interlagos, que acontecerá entre os próximos dias 6 e 9 de junho.

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Tenere 700
O "save the date" indica que a Yamaha Ténéré 700 será apresentada em 5 de junho
Crédito: Reprodução/Instagram Marcello Barros
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A data indicada no "convite" é 5 de junho, justamente o dia reservado à imprensa. Será que agora a Yamaha Ténéré 700 será vendida no Brasil? Vale lembrar que, em uma peça publicitária recente, a Yamaha mostrou vários modelos que já são vendidos no país e, também, de relance, uma Ténéré 700.

Pois bem, a Yamaha foi consultada pelo jornalista e disse que o tal "convite" é falso: "não é uma comunicação ou convite oficial da Yamaha". Então, pelo sim pelo não, ficaremos todos em dúvida até a realização da edição deste ano do Festival Interlagos.

Enquanto isso, ficamos na mesma: o modelo é cobiçado pelos fãs das trail médias da marca dos diapasões, e há anos que esse mesmo público questiona porque a moto nunca chegou por aqui.

A Yamaha Ténéré 700 foi lançada na europa em 2019 e, desde então, é esperada no Brasil
Crédito: Divulgação
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Quanto a isso, o motivo é simples: muita gente pensa que é "culpa" apenas da Yamaha, que nos últimos anos tem lançado e apostado mais em scooters, nakeds e esportivas. Mas a história não é bem essa.

A "culpa", caros leitores, é da legislação brasileira de ruídos. A Yamaha Ténéré 700 não havia obtido, pelo menos até agora, essa homologação no Brasil.

A trail média da Yamaha foi desenvolvida para ser vendida globalmente, em vários países do mundo. E, na maioria absoluta deles, os ensaios que aferem e homologam esse quesito (e também os de emissões de gases) são similares. No Brasil, porém, há uma diferença.

O motor da Ténéré 700 é o mesmo bicilíndrico da MT-07, mas com calibragens e periféricos diferentes
Crédito: Reprodução
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A norma brasileira, chamada de ECE-R41-03, afere o limite de decibéis em cinco passagens com a motocicleta a 50 km/h em terceira marcha. Ocorre que modelos trail do tamanho da Ténéré 700 raramente estão em terceira marcha a 50 km/h em vias públicas, e por isso esse procedimento é apenas parcialmente eficiente.

Justamente por isso as autoridades europeias estabeleceram um novo ensaio, que não limita velocidade ou marcha de aceleração, mas apenas os decibéis.

O painel da moto é uma telinha de LCD vertical, que mais parece um tablet
Crédito: Reprodução
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Assim, os modelos desenvolvidos especificamente ou primeiramente para o mercado europeu não são necessariamente mais ruidosos, mas apenas ajustados às condições das vias públicas de lá. No Brasil, permanece o ensaio com cinco passagens a 50 km/h em terceira marcha para a medição de ruídos. Aí a moto simplesmente não é aprovada...

Mudanças teriam alto custo

A Ténéré 700 atendeu às exigências lá fora, mas não aqui. E, ao contrário do que muitos imaginam, não bastaria apenas mudar peças como marmita, escapamento ou ponteira, ou mesmo mexer no mapa da injeção, para que se conseguisse a homologação. Isso mesmo que o motor seja o mesmo da naked MT-07, que é homologada no Brasil. Mas só o motor é o mesmo - e ainda assim com calibragem diferente. Escapes e afins são diferentes.

Em teoria, seria preciso fazer mudanças no próprio motor - o que sempre exige investimentos e, eventualmente, compromete a viabilidade da venda de uma moto que é de nicho e de volume relativamente baixo. Além disso, ao mudar tais componentes, a moto teria que atender a outros novos parâmetros por conta dessas alterações. Parece complicado? Pois é mesmo...

Exatamente por isso é que vemos a Yamaha apostar em modelos como NMax 160, XMax 250, Crosser 150, R3, R15 e a própria linha MT. Por terem motores menores ou de configurações diferentes ou por serem projetos mais modernos, estas conseguiram suas homologações. E como são motos para segmentos com volumes maiores de vendas, mesmo eventuais investimentos em ajustes tornam-se mais viáveis.

Como é a Yamaha Ténéré 700?

Mas agora, ao que tudo indica, se o tal "save the date" não for fake, a Yamaha conseguiu a homologação. E logo teremos a Ténéré 700 rodando por nossas ruas e estradas.

Para quem não lembra, a Ténéré 700 é uma trail média com motor bicilíndrico refrigerado a água - o mesmod a naked MT-07. São 698 cm³, que entregam 73,4 cv de potência a 9.000 rpm e torque de 7 kgf.m a 6.500 rpm - especificações para a Europa. O câmbio tem seis marchas e a transmissão secundária é por corrente.

O painel de instrumentos é uma tela de LCD vertical, que mais parece um tablet. Fica bem na altura dos olhos do piloto e é protegido por um para-brisa de boas dimensões.

A suspensão dianteira é invertida e tem curso de 21 cm. Na traseira, monochoque, são 20 cm. Os pneus são nas medidas 90/90 R21 na frente e 150/70 R18 atrás, calçados em rodas raiadas. Já os freios sao com disco duplo na frente e simples atrás.

O peso da Ténéré, em ordem de marcha, é de 205 quilos. A moto ainda tem 2,37 m de comprimento, 90,4 cm de largura e 1,59 m de entre-eixos. O vão livre é de 24 cm e o baco está a 87,4 cm do chão. O tanque leva 15,9 litros e o consumo médio é de 23,3 km/l (gasolina europeia).

Não será tarde demais?

Apesar de ainda estar em linha lá fora e nem dar sinais de que que pode ser descontinuada, vale questionar se a Ténéré 700 não chegaria ao mercado brasileiro tarde demais. Afinal de contas, já tem cinco anos de estrada.

A moto foi extremamente cobiçada por aqui quando foi lançada, em 2019, e em seus dois primeiros anos de vida lá fora. Depois, foi progressivamente caindo no esquecimento. Será que ainda hoje despertaria a cobiça do mercado?

A Honda XL 700 Transalp demorou três anos para chegar ao Brasil e, quando chegou, não vingou
Crédito: Divulgação
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Vale lembrar que, em 2011, a Honda XL 700 Transalp chegou ao mercado brasileiro depois de três anos de espera. E, se era muito esperada e cobiçada quando de seu lançamento lá fora, em 2008, ao chegar aqui não obteve grande sucesso. Com isso, durou pouco e saiu de linha discretamente em 2014.

Emissões sempre foram uma barreira

Não foram poucas as motos que saíram de linha no Brasil por não atenderem à legislação de emissões em cada época. Lembram de modelos como as Honda NX4 Falcon e Shadow 750, ou as Yamaha XVS 650 Drag Star e XVS 950 Midnight Star? Pois é: foram descontinuadas por conta de emissões.

A Falcon, aliás, foi um caso atípico: lançada em 1999, saiu de linha em 2008 e voltou em 2012 com mudanças como injeção eletrônica no lugar do antigo carburador. Mas não resistiu muito mais: só durou até 2015.

A Honda NX4 Falcon teve duas vidas no mercado brasileiro: de 1999 a 2008, e depois de 2012 a 2015
Crédito: Divulgação
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Então, esqueça aquela batatada que cansamos de ver nas redes sociais, com "entendidos" que afirma que "as marcas tiram modelos de linha porque eles não dão defeito e não geram lucro com peças de reposição". A rentabilidade das fabricantes de motocicletas vem exatamente disso - a venda de motocicletas. Peças de reposição são uma apenas uma obrigação a ser cumprida.

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