A Yamaha XTZ 150 Crosser foi lançada, primeiramente, lá em 2014. E, desde então, se mantém como uma das motos mais vendidas da marca no país. Já há algum tempo, transcendeu sua vocação de moto de lazer com proposta de uso misto e se tornou uma das preferidas da turma que trabalha com entregas para aplicativos. Substitui, com eficiência, as street/city 125/150 que normalmente estão nessa batalha. Agora, a XTZ 150 Crosser chega à linha 2022 com algumas novidades bem legais.
Basta vê-a de frente para notar que o conjunto ótico e a moldura que o envolve mudaram totalmente. Agora, o farol é de LED, inspirado nos conjuntos óticos que já vimos em lançamentos recentes da Yamaha - inclusive lá fora. Tem um projetor principal e, em torno dele, filetes de LED que poderiam funcionar como luzes de rodagem diurna (DRL) - mas não é o caso porque, nas motos atuais, o farol (baixo) fica aceso o tempo todo, a partir do momento em que se liga a moto. Então a função desses filetes de LED é apenas estética.
A moldura do farol dianteiro também mudou: na versão S, que tem o para-lama dianteiro rente ao pneu, saiu a peça relativamente simples de antes e aquele simpático "biquinho vazado" e, agora, há apenas um pequeno bico. Já na versão Z a moldura também é nova, mas o para-lama alto é o mesmo de antes. Em ambas a frente ficou moderninha, é fato, mas não necessariamente mais bonita.
Agora suba na moto e perceba mais duas novidades: finalmente o antigo painel com conta-giros analógico à esquerda e uma pequena telinha de LCD à direita foi aposentado, e surge um novo painel, todo digital, com tela de LCD maior e retangular, que ainda traz duas novas funções: exibe a marcha engatada e a função "ECO", que mostra quando se a pilotagem é feita na forma econômica.
Além disso, logo abaixo dele a Yamaha XTZ 150 Crosser passa a ter uma tomada 12V, recurso que pode parecer pouco importante mas que, nos dias de hoje, é muito usado. E vir de fábrica é ótimo, pois não é preciso instalar o acessório "por fora", o que muita gente faz (principalmente a turma dos aplicativos que mencionamos lá em cima) e, por vezes, com gambiarras que podem causar danos à parte elétrica da moto.
Por fim, a última das quatro novidades da moto nesta linha 2022 é mais discreta, mas também importante: a lanterninha traseira passa a ser de LED, o que melhora a visibilidade de moto e piloto pelos outros motoristas - e dura mais e consome menos bateria que a lanterna com lâmpada comum.
Na parte mecânica, zero mudanças: a Yamaha XTZ 150 Crosser continua com o mesmo conjunto de antes. O motor é o monocilíndrico a ar, injetado e flex, com 149 cm³, 12,2 cv de potência máxima a 7.500 rpm e 1,3 kgf.m de torque a 6.000 rpm (com etanol).
O câmbio tem cinco marchas com secundária por corrente, os freios são a disco nas duas rodas com ABS na frente e as suspensões têm cursos de 18 cm na frente e de 16 cm atrás. Os pneus mantêm as medidas de antes - 90/90 R19 na frente e 110/90 R17 atrás - mas novos modelos da marca Levorin substituem os Metzeler Tourance de antes.
Junto com as novidades veio um aumento de preços. A Crosser S custava R$ 16.190 e foi para R$ 16.590 e a Z custava R$ 16.390 e foi para R$ 16.790. As vendas começam no final deste mês de abril, nas cores preta, azul, areia e vermelha (essa é linda!). As principais concorrentes são a best-seller Honda NXR 160 Bros, vendida em versão única e que custa um pouco menos, R$ 15.790, e a recém-chegada Haojue NK 150, que está nas lojas por um pouco mais: R$ 17.597.
Depois da apresentação formal da Crosser 2022, fomos convidados pela Yamaha para um test-ride por lindas estradinhas na Serra da Mantiqueira, com boa parte do percurso feita em piso de terra - apenas no início e no fim encontramos asfalto. Chega a ser curioso fazer uma experimentação bem mais off-road do que on em uma moto que tem essa vocação mas que, no fim das contas, é muito mais usada em on do que off. Mas é divertido.
E lá fomos nós sem descobrir novidades na performance da Crosser, mas confirmamos suas virtudes e porque é uma ótima opção para um leque bem amplo de compradores. No asfalto, a moto se comporta como qualquer outra de baixa cilindrada, porém com a vantagem das ótimas suspensões, e filtra os impactos de buracos, quebra-molas, valetas e afins (coisa que nenhuma city/street faz bem). O novo painelzinho é bacana, completinho e fácil de consultar.
Na terra, a Crosser é pura diversão. Se comporta muito bem, não dá sustos e transmite bastante segurança com o ABS na roda dianteira. Os novos pneus Levorin surpreenderam e mostraram boa performance, inclusive na terra. Mas vale destacar que rodamos sempre em piso seco - uma tempestade que se anunciava acabou não vindo, "grazaDeus".
As suspensões merecem destaque especial: como funcionam bem, principalmente a traseira, com link! Também gostamos das pedaleiras, "dentadas" na parte superior e que permitem inclusive que se pilote em pé (algo comum no off) com segurança.
A potência e o torque limitados exigem muitas trocas de marchas e, com frequência, que se use a segunda e a terceira por longos trechos para não perder o embalo. Foi o que fizemos, e de maneira severa. A Crosser gritou, mas não chiou, e chegamos ao fim do longo rolé de mais de 150 quilômetros com a moto impávida, sem parecer que foi fortemente exigida.
Leve e bem ágil, a Crosser é boa opção para o uso diário na cidade, como moto de lazer nos fins de semana desde que as viagens sejam apenas curtas ou médias, e também como modelo para iniciantes no mundo off-road. Ou, ainda, para aqueles que já têm um bom tempo de estrada, mas pouca intimidade com o universo fora-de-estrada - meu caso. A briga com a Honda NXR 160 continua!