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Zontes: aceleramos os modelos lançados no Brasil

Os prós e contras da street R310, da adventure T310 e da cruiser V310: têm o mesmo motor, mas comportamentos distintos

por Roberto Dutra

O caro leitor ouviu falar bastante, nos últimos dias, sobre a marca de motocicletas Zontes. E, também, sobre os três primeiros modelos que serão vendidos no mercado brasileiro - R310, V310 e T310.
Falamos sobre a marca e os modelos e a notícia mais recente foi na semana passada, quando revelamos os preços - R$ 26.990 para a R310 e R$ 27.990 para a V310 e para a T310. Acrescente a esses valores uns R$ 1.000 a R$ 1.500 de frete, seguro, emplacamento e afins, e você terá o preço final da moto na sua garagem.
Mas, enquanto isso, é hora de revelarmos como é pilotar cada uma delas. Fizemos um curto test-ride com cada uma, em sequência. O tempo e a distância foram relativamente curtos, mas a troca imediata de modelos nos permitiu estabelecer alguns parâmetros interessantes e fazer algumas comparações pertinentes. Vamos lá?

O que é igual em todas

As três compartilham vários recursos como painel de TFT com quatro modos de exibição e Bluetooth, duas tomadinhas USB, monitoramento de pressão dos pneus, iluminação full-LED,  botões iluminados nos punhos, manetes de freio e embreagem ajustáveis, modos de pilotagem "econômico" e "sport", chave presencial e abertura elétrica do tanque de combustível.
E também vários componentes como bateria de íon-lítio de 6 Ampéres, chassi, embreagem deslizante, freios a disco nas duas rodas - com ABS - e rodas de liga leve com aros de 17 polegadas. É um pacote bem completinho!
O motor também é o mesmo: um monocilíndrico refrigerado a água, injetado e com duplo comando de válvulas no cabeçote e 312 cm³. Tem 80mm e curso e 62mm de diâmetro, taxa de compressão de 12,5:1 e cárter seco - parte do óleo fica armazenada no chassi. E o câmbio tem seis marchas nas três motos.
Esse motor rende 35,3 cv de potência a 8.600 rpm e 3 kgf.m de torque a 7.500 rpm. Ou seja, apesar da proposta mais urbana do que estradeira das três motos, é um motor que gosta mais de trabalhar em giros altos.

Primeiro, a R310 (R$ 26.990, nas cores azul ou preta)


O modelo mais barato do trio da Zontes não é, necessariamente, muito mais simples. Pelo contrário: tem, inclusive, o tal painel de TFT que não aparecia nas primeiras imagens da moto, que obtivemos meses atrás.
Pelo preço, esse modelo city/street fica acima de Honda CB 300F Twister, que na tabela custa R$ 19.800, mas vai para uns R$ 22 mil no mundo real, e Yamaha FZ25 Fazer, de R$ 21.490 na tabela. Mas bem abaixo do pedido pela Kawasaki Z400, de R$ 34.810. Estratégico, não?

E a moto se comporta como deve. Posição de pilotagem, ergonomia e desempenho não decepcionam, mas também não impressionam. O conforto é apenas razoável. É uma moto com visual bacana e o painel mais bonito que os das concorrentes é um diferencial, mas dinamicamente é apenas correta.

As acelerações têm algum vigor, mas é preciso manter o motor cheio. As frenagens, apesar do ABS, poderiam ser mais firmes. A R310 sobressai mais nas curvas, onde gera certo entusiasmo com sua boa capacidade de inclinação e pela firmeza fornecida tanto pela suspensão monochoque quanto pelos pneus 110/70 R17 na frente e 160/60 R17 atrás.

Agora, a T310 (R$ 27.990, na cores preta ou laranja)


Das três, é a que gerava mais expectativas. Está inserida na moda das "adventure", tem visual imponente (e ao mesmo tempo um tanto exótico) e é a mais equipadinha das três - tem quitutes exclusivos, como o pára-brisa com ajuste elétrico de altura, protetores de mãos, motor e carenagens, e ainda o bagageiro traseiro com suporte para baú e alças de garupa incorporadas.
Sendo assim, parece ser - pelo menos em teoria - o modelo com o melhor custo/benefício. Seu preço fica um pouco acima do cobrado pela Honda XRE 300 mais cara, de R$ 25.600, e do pedido pela Yamaha XTZ 250 Lander ABS, de R$ 23.990. Mas está abaixo da Kawasaki Versys 300, que começa em R$ 35.310.

A posição de pilotagem é a melhor das três: bem reta, com a coluna ereta e pés naturalmente apoiados nas pedaleiras. Mas, curiosamente, não é a mais confortável: o banco é duro e a suspensão, também monochoque na traseira, idem.
E se as respostas do motor naturalmente são as mesmas que sentimos na R310, nas curvas a T310 causa certo estranhamento. Parece que algo ali não combina muito. Provavelmente é o pneu dianteiro - essa T usa o mesmo par da R.

Como a diferença de peso entre as duas é desprezível, de apenas 2 quilos (157 quilos na R contra 159 quilos na T), foi praticamente um consenso entre os jornalistas especializados e sérios presentes no test-ride que, na dianteira da T, o ideal seria uma roda de, pelo menos, 19 polegadas.
Em resumo, das três a T310 é a que mais impressiona visualmente e também é a mais equipada, mas foi a menos prazerosa na pilotagem. Agora veja abaixo as primeiras impressões da V310 e entenda isso mais um pouco.

Por fim, a V310 (R$ 27.990, nas cores branca ou preta)


A V310 foi a grande surpresa no nosso test-ride. Modelo que até impressiona pelo visual garboso - parece ter sido inspirada na sempre impressionante italiana Ducati Diavel, já na largada a cruiser recebe o piloto de forma mais confortável.
Seu banco parece pequeno e incômodo, mas não é nada disso. É macio, ergonômico e deixa o piloto em posição bastante confortável. As pedaleiras são avançadas, mas não muito. Então mesmo quem não curte motos custom/cruiser não sente muito estranhamento.
Admito que sou suspeito para falar, mas colegas presentes no test-ride compartilharam a mesma opinião. Inclusive o que preferem motos trail, sport, street ou naked.

Apesar de ter o mesmo motor das outras duas, a V310 exibe um comportamento mais macio e suave. Sua pilotagem é prazerosa e, nas curvas, não deu sustos nem mostrou limitações incomodas. Isso apesar da posição de condução com pernas mais à frente, que favorece menos as inclinações - ainda mais para quem não está muito acostumado com esse tipo de moto.
A suspensão traseira aqui é diferente: a V310 é bichoque, com dois amortecedores. E o pneu traseiro é mais largo, um 180/55 17 - coisa de gente grande (o dianteiro é o mesmo das outras duas, um 110/70 R17). Muito provavelmente pela soma destas duas especificações bem particulares, a V exibiu uma performance mais redondinha.
Ou seja, das três é a que tem o conjunto mais bem-resolvido, e isso se reflete no comportamento dinâmico. Para completar, das três é a única que não tem concorrentes diretas no mercado brasileiro.

Os aspectos negativos na V310 são o banco limitadíssimo e as pedaleiras bem altas para garupa, o que a torna pouco apropriada para passeios a dois (ainda que tenha um bem-vindo sissy-bar). E também é uma moto na qual praticamente não há onde prender bagagens.

Conclusão

Se o caro leitor se interessou pelas motos da Zontes, a R310 é a melhor para o dia-a-dia, a T310 é o melhor investimento e a V310 é a mais prazerosa de pilotar. Sugiro que faça um test-ride atento em cada uma das três para, só depois, escolher a sua.

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