Uma surpresa inesperada. Essa foi a sensação que a Zontes GK350 deixou depois de nosso primeiro contato dinâmico, que aconteceu durante as avaliações para o concurso Moto do Ano, da revista Duas Rodas.
Durante os dois dias do evento, pilotei cerca de 50 motos de todos os tamanhos e estilos. Muitas já eram conhecidas, até. Mas algumas poucas, não. Quatro modelos me surpreenderam: BMW R12, Suzuki GSX-8S, Zontes GK350 e Honda CG Titan 160.
O caro leitor já teve a oportunidade de ler aqui no WM1 porque a Honda CG Titan 160 me surpreendeu. Não viu? Confira aqui!
Sobre BMW R12 e Suzuki GSX-8S, falaremos em futuras oportunidades. Hoje vou contar porque a Zontes GK350 me surpreendeu - e também a pilotos de alta patente, vários jornalistas especializados e influencers que lá estavam.
Vale lembrar aqui que a GK350 veio na "segunda leva" de motos que a Zontes lançou no mercado brasileiro. A primeira tinha modelos com motor de 310 cm³, que não eram exatamente entusiasmantes. Depois que os motores "cresceram" para 350 cm³, as motos ficaram bem melhores.
E não foi apenas devido ao aumento na capacidade cúbica. Aparentemente as motos também passaram por ajustes finos, que melhoraram a experiência de pilotagem. É exatamente essa a grande virtude da GK350, inclusive quando comparada aos outros modelos da Zontes.
Quais são esses outros modelos? Listando rapidamente: o scooter E350, que é bom mas é caro; as crossovers T350 e T 350X, cuja maneabilidade é meio estranha; a bonita naked R350, que é bem correta mas enfrenta concorrência braba; e as cruisers V350 e S350, que exibem design interessante mas são pouco versáteis. Qual sobrou? A GK350!
Então vamos logo ao que interessa! A GK350 já impressiona pelo visual bem-resolvido, com pegada cafe racer, mas sem excessos visuais ou firulas desnecessárias.
Ou quase: a "capa" que cobre o disco de freio dianteiro é um tanto dispensável, embora reforce um certo aspecto sofisticado da moto. Mas o bonito farol, as rodas raiadas pintadas, o tanque musculoso, o escape duplo curtinho e chanfrado na lateral direita e até os espelhos redondos conferem à moto um visual bem charmoso.
Além disso, os grafismos são elegantemente discretos na unidade avaliada, com pintura preta e a inscrição "GK" adesivada no tanque em letras nas cores prata e bronze. A outra opção disponível no Brasil, com pintura prata e letras em preto e vermelho, é um tanto espalhafatosa.
Mas é uma moto que atrai olhares. E, quando subi nela, já me senti "em casa": a GK350 "veste" bem ao primeiro contato. Me enturmei com o bonito painel de instrumentos com tela de TFT e quatro modos de exibição - coisa rara nesse segmento - e parti pra pista.
A GK350 exibiu um comportamento interessante. Nada de frente pesada demais ou qualquer outra estranheza dinâmica. Monocilíndrico, o motor naturalmente vibra e grita um pouco, mas nada que incomode.
As trocas de marchas foram fáceis e bastante precisas, e as respostas ao acelerador foram vigorosas, mostrando que os 41 cv de potência e os 3,3 kgf.m de torque são suficientes para proporcionar diversão nessa moto, cujo peso é 188 quilos em ordem de marcha.
Os freios também surpreenderam: embora um pouco borrachudos por serem quase zero-quilômetro, pararam a moto com firmeza e perfeita assistência do ABS. Nas curvas, os pneus radiais agarraram bem e também não deram sustos. E as suspensões - dianteira invertida e traseira monochoque - exibiram calibragem bem satisfatória: nem rígidas nem macias demais. A moto não rebola nem perde a trajetória com as irregularidades do piso.
Porém, mais do que essas virtudes, separadamente, o grande barato dessa GK350 é o equilíbrio dinâmico. Você sente que tem a moto na mão o tempo todo, e que ela te dará quaisquer respostas que você buscar - claro, desde que não espere adrenalina a mil nem esportividade.
Afinal, é uma cafe racer: uma moto para passeios sem compromisso com a hora. Inclusive é um modelo mais afeito à rodagem solitária, já que o banco do garupa é relativamente curto. Para o piloto, o banco parece mais anatômico do que confortável - mas não posso avaliar como seriam horas ali em cima, já que meu contato com a moto foi relativamente rápido.
Em resumo, a Zontes GK350 é uma boa alternativa para quem quer ter uma moto de média cilindrada diferente e equilibrada, e com desempenho satisfatório e seguro, e não quer pagar uma fortuna por isso. A Zontes GK350 custa R$ 33.720. Com frete e seguro, bate nos R$ 35 mil. É um valor razoável pelo conjunto que oferece. O problema aí é a concorrência...
A Bajaj Dominar 400 é apenas um pouco menos sofisticada, mas tem especificações similares. O motor é monocilíndrico "a água", e rende 40 cv com 3,5 kgf.m. O peso é quase igual, 192 quilos. E custa bem menos: R$ 25.500 (mais frete e seguro).
Já a Royal Enfield Interceptor 650 é uma moto maior, mais pesada e tem motor bicilíndrico. Porém, refrigerado a ar - logo, menos eficiente. Entrega 47 cv e 5,2 kgf.m, e carrega mais peso - 202 quilos. Mas a anglo-indiana tem mais porte e visual retrô. E custa um pouco menos do que a Zontes: R$ 30.900 (mais frete e seguro).
Ou seja, a Zontes GK350 seria realmente competitiva se custasse, no máximo, uns R$ 28 mil. Mas que é uma opção interessante para quem quer e pode pagar um pouco mais por uma moto diferente e charmosa, e que ainda por cima exibe desempenho dinâmico bacana, isso é.
Preço: R$ 33.720 (mais frete e seguro)
Motor: monocilíndrico, refrigerado a água, quatro válvulas, comando duplo, 348 cm³, potência de 41 cv a 8.300 rpm e torque de 3,3 kgf.m a 8.300 rpm
Transmissão: câmbio de seis marchas com secndária por corrente
Suspensões: dianteira invertida com ajuste de pré-carga da mola e traseira monochoque
Freios: a disco nas duas rodas, com ABS
Pneus: 120/70 R17 na frente e 160/60 R17 atrás
Dimensões e peso: 2,07 m de comprimento, 1,12 m de altura, 84,5 cm de largura, 1,39 m de entr e-eixos, vao livre de 17 cm e distância do banco ao solo de 79,5 cm. Peso seco de 177 quilos e peso em ordem de marcha de 188 quilos
Tanque: 16,5 litros
Velocidade máxima: 144 km/h