Hoje e amanhã (11 e 12/06) acontece a 90ª edição de uma das provas mais tradicionais do automobilismo mundial: as 24 Horas de Le Mans. São 62 carros inscritos, cinco deles na principal divisão da competição, a de hipercarros.
Aliás, essa é a segunda vez que esses modelos disputam a corrida no Circuit de la Sarthe. No ano passado, a vitória ficou com o Toyota GR010 Hybrid do trio formado pelo inglês Mike Conway, pelo japonês Kamui Kobayashi e pelo argentino José María López. O WM1 não poderia ficar de fora dessa corrida tão importante, e traz aqui alguns detalhes interessantes sobre esses bólidos que vão competir na França!
Em busca de sua quinta vitória consecutiva na corrida, a Toyota disputa as 24 Horas de Le Mans com dois modelos GR010 Hybrid: um pilotado pelo trio vencedor da prova do ano passado (Conway/Kobayashi/López) e outro pelo suíço Sébastien Buemi, pelo neozelandês Brendon Hartley e pelo japonês Ryo Hirakawa.
O retrospecto do hipercarro japonês no Mundial de Endurance (WEC) é simplesmente assombroso! São sete vitórias em oito corridas disputadas desde na competição, no ano passado. Por sinal, em 2021 cravou os trios campeões e vice-campeões, vencendo todas as seis provas da temporada.
O GR010 é um híbrido de tração nas quatro rodas que tem dois motores. O principal é um biturbo de 3.5 litros V6, a gasolina, desenvolvido pela Toyota Gazoo Racing, com potência máxima de 680 cv. Já o segundo é um elétrico, com bateria de ions de lítio e 272 cv. Ou seja, a potência máxima acumulada do carrão é de 952 cv!
Se esse é um número impactante por si só, se torna ainda mais impressionante ao levarmos em conta o peso mínimo do carro: apenas 1.040 quilos. Isso confere ao Toyota uma relação peso/potência de 1,09 kg/cv. Para comparação, um carro de Fórmula 1 apresenta aproximadamente 0,80 kg/cv.
Outra característica marcante do trem de força do hipercarro japonês é o câmbio sequencial semi-automático de sete velocidades.
Em termos estéticos, o GR010 lembra muito seu antecessor, o modelo TS050 – que disputou o WEC entre 2016 e 2020, com 19 vitórias em 34 provas, três delas em Le Mans. A principal distinção está na dianteira, mais alta e aberta que a do TS050, e nas dimensões.
O atual modelo da Toyota tem chassi de fibra de carbono com 4,90 m de comprimento, 25 cm a mais que o anterior; enquanto a largura é de 2 m e a altura é de 1,15 m - em ambas, 10 cm a mais que no TS050.
Terceira colocada nas 24 Horas de Le Mans de 2021, a Alpine busca sua segunda vitória em uma prova na série principal da corrida. O único triunfo aconteceu há nada menos que 44 anos: em 1978, com a dupla francesa formada por Jean-Pierre Jausaud e Didier Pironi.
O único Alpine inscrito para a corrida de 2022 tem ao volante o paulista André Negrão, campeão da série LMP2 do WEC na temporada 2018/19, ao lado dos franceses Nicolas Lapierre e Matthieu Vaxivière. Vale destacar que o trio lidera a classificação da atual temporada, com 57 pontos.
E para voltar a vencer em Le Mans, a Alpine aposta no A480, um modelo baseado no Rebellion R13 produzido pela construtora francesa Oreca – e que estreou nas pistas em 2018.
Dotado de um chassi de fibra de carbono com carroceria em carbono e kevlar, o carro tem medidas mais modestas que seu concorrente GR010, da Toyota. São 4,64 m de comprimento, 1,995 m de largura e 1,045 m de altura.
Mas as diferenças em relação ao adversário japonês não param por aí. O A480 tem tração dianteira e é equipado por um propulsor aspirado da montadora inglesa Gibson, o GL-458. O motorzão V8 de 4.5 litros rende potência máxima aproximada de 634 cv a 8.400 rpm. Já o câmbio é o X-Trac sequencial manual, de seis velocidades.
Por conta de sua cavalaria, digamos, mais discreta que o padrão da categoria, a Alpine pode ser um carro mais leve – o regulamento busca maior equilíbrio entre carros da categoria, o chamado Balanço de Performance (BOP). Logo, o A480 pesa 900 quilos, ou 140 quilos a menos que o modelo da Toyota. Com isso, a relação peso/potência do hipercarro francês é de 1,42 kg/cv - quase 20% maior que a do adversário.
O modelo da equipe norte-americana Scuderia Cameron Glickenhaus disputa apenas a sua sexta prova na categoria, nesse fim de semana – a segunda em Le Mans. Até o momento, o melhor resultado do time com SCG 007 LMH foi o terceiro lugar nas Seis Horas de Spa-Francorchamps, com o trio formado pelos franceses Olivier Pla e Romain Dumas, e pelo australiano Ryan Briscoe.
Para as 24 Horas de Le Mans, a SCG alinhará dois carros no grid. Um deles será pilotado pelo paulista Pipo Derani, campeão do IMSA SportsCar Championship, nos Estados Unidos, em 2021. Ele compõe o trio do SCG 007 LMH número 708 com Pla e Dumas. No carro 709, o trio é formado por Briscoe, pelo francês Franck Mailleux e pelo inglês Richard Westbrook.
O modelo da Glickenhaus tem motorização diferente das dos concorrentes. Enquanto o carro da Toyota é híbrido (motores turbo e elétrico) e o Alpine é aspirado, o SCG 007 LMH tem um propulsor biturbo de 3.5 litros V8, a gasolina, que entrega uma potência máxima de 700 cv a 9.000 rpm.
Com 1.050 quilos, sua relação peso/potência é de 1,5 kg/cv, a maior entre os três hipercarros presentes nas 24 Horas de Le Mans.
Equipado com câmbio sequencial manual X-Trac de sete velocidades, o SCG 007 LMH também tem o maior tanque de combustível na série: leva 110 litros, contra 90 litros do GR010 e apenas 75 litros do A480. Com isso, o carro exibe uma autonomia maior a dos adversários, o que lhe permite intervalos maiores entre os reabastecimentos durante as corridas. O modelo também é o mais comprido e mais alto entre os hipercarros: tem 4,99 m de comprimento e 1,224 m de altura.