O caro leitor já sabe quase tudo sobre a nova Honda CB 300F Twister - já falamos bastante da moto aqui, nas últimas semanas, e não se fala em outra coisa nas redes sociais. Mas faltava saber como é pilotar essa nova máquina da marca japonesa, que chegou para substituir a consagrada CB 250F Twister.
E essa hora chegou. Fizemos um test-ride de aproximadamente 170 quilômetros, rodando em perímetro urbana e também em estrada, para ver como se comporta o modelo - que além do design totalmente novo, também tem motor um pouco maior que o da antecessora.
Antes de contar como a moto se comportou no rolê, vale lembrar algumas de suas principais especificações. O motor é praticamente o mesmo da Twister 250. A Honda apenas aumentou o diâmetro do cilindro de 71 mm para 77 mm - o curso permaneceu o mesmo, em 63 mm - e aperfeiçoou o que foi preciso nas peças periféricas. E vale destacar: esse motor não tem nada a ver com o da antiga CB 300R!
O resultado é que a nova CB 300F Twister dispõe de até 25,7 cv de potência máxima a 7.500 rpm e torque de 2,67 kgf.m a 5.500 rpm, rodando com etanol, em seu monocilíndrico injetado e refrigerado a ar (o radiador é só para resfriar o óleo). Os números com gasolina são praticamente os mesmos. Na antecessora, eram 22,6 cv a 7.500 rpm e 2,2 kgf.m a 6000.
O câmbio tem seis marchas, com secundária por corrente, e a embreagem agora é assistida e deslizante. Isso que dizer que o esforço para o acionamento ficou bem menor e a roda traseira não trava nas reduções mais bruscas.
Outra boa novidade na moto são os pneus Pirelli Diablo Rosso 3 na frente e atrás, na medidas 110/70 R17 na frente e 150/60 R17 atrás. É coisa de gente grande! Os freios são a disco nas duas rodas, com assistência por CBS ou ABS. Nós pilotamos a moto com ABS.
O primeiro contato com a Honda CB 300 F Twister foi muito amigável. A moto impressionou pelo visual agressivo e bem-resolvido, que em quase todos os seus detalhes remete a motos de maior porte. Um desavisado facilmente acreditaria que se trata de uma CB 500F, por exemplo.
Subimos e encontramos uma ótima posição de pilotagem logo de cara. O corpo encaixou bem no conjunto formado por banco, tanque e guidão, como se fosse uma roupa feita sob medida. O desenho do novo "tanque" - que não é tanque, mas uma capa ou carenagem que o envolve - abre espaço para um perfeito encaixe dos joelhos, e o guidão está ao alcance das mãos sem exigir esforço.
Liguei a moto e o painelzinho "blackout" fez o check-up. Esse painel é velho conhecido: já vimos em outras motos da Honda. Permite uma boa visualização das informações e é bem completinho, mas por vezes o reflexo da luz ambiente atrapalha um pouco.
Primeira engatada e saímos pelas ruas de São José dos Campos. No ambiente urbano, a Honda CB 300F Twister está em casa: é leve, ágil e fácil de pilotar. A potência e o torque "a mais" em relação à CB 250F Twister são perceptíveis e a principal consequência é a menor necessidade de se trocar marchas a todo instante. A quinta marcha já sustenta baixas velocidades, ali nas 2.000 rpm, sem que a moto fique soluçando.
O guidão quase reto logo mostra sua vantagem: basta um leve toque para alterar a trajetória da moto. Essa característica confere à Twister uma enorme agilidade com pouco esforço físico por parte do piloto. Da mesma forma o câmbio entrega trocas macias de marcha e a embreagem é levíssima.
Chegamos à estrada, rumo a Salesópolis, e cortamos um longo trecho com poucas retas e muitas curvas. E ai vemos como a Twister, que sempre foi uma moto bastante versátil, ficou ainda melhor nesse aspecto. Logo chegamos à sexta e esquecemos da vida - é controlar no acelerador e cambiar muito raramente.
O motor permaneceu "cheio" a maior parte do tempo e a pilotagem dessa nova Twister foi um misto de diversão e pouco esforço físico. Reforçadas pelo ABS, as frenagens mostraram segurança e as curvas ficaram mais divertidas com a pneuzada Pirelli Diablo Rosso 3, que proporcionou ótima aderência mesmo em trechos de asfalto molhado.
As suspensões funcionaram a contento, mas não impressionaram. O conjunto convencional na frente, herdado da "antiga" CB 500F (que as trocou por garfos invertidos) e o monochoque traseiro deram conta do recado, evitando reboladas nas curvas e absorvendo bem os impactos de buracos, valetas e quebra-molas.
Mas não proporcionaram alto nível de conforto. Além de não terem regulagens - nem na pré-carga do conjunto traseiro -, têm calibragem relativamente rígida. É algo esperado e coerente em uma moto naked que se propõe a entregar uma performance mais "esportiva" do que "turismo", mas é fato que a comodidade ficou em segundo plano.
Essa característica é reforçada pelo banco relativamente duro, um dos aspectos dignos de ponderação na nova Twister. Os outros são os retrovisores, que mereciam hastes mais longas - os braços do piloto sempre aparecem no reflexo - e o painel, que já mencionamos.
Durante nosso test-ride, rodamos em velocidades de 50 km/h a 80 km/h em perímetro urbano, e entre 100 km/h e 120 km/h na estrada. Em momento algum faltou disposição à Twister. Pelo contrário, nos momentos em que tivemos que jogar uma para baixo e abrir o acelerador, a resposta sempre foi vigorosa.
Para completar, o consumo foi elogiável: em "nossa" moto fizemos uma média de 36 km/l! E aqui vale lembrar que aceleramos sem dó um motor ainda amaciando - portanto, um pouco "preso". Ou seja, esse consumo certamente melhora com o tempo.
A Honda CB 300F Twister entrega um conjunto muitíssimo atraente e não temos dúvida de que, muito provavelmente, vai manter o sucesso de sua antecessora - uma das motos mais vendidas do país.
Vale a pena comprá-la? Sim, vale a pena - assim como sua antecessora também sempre foi uma boa compra. Mas aqui fazemos uma ponderação: vale a pena se for pelos preços sugeridos pela fabricante, de R$ 18.900 na versão CBS e R$ 19.800 na versão com ABS - e mais frete, seguro e que tais, claro.
Temos notícia de concessionários cobrando ágios surreais, que fazem a moto passar dos R$ 25 mil. Nesses casos, a nova CB 300F Twister deixa de ser uma compra tão atraente. Afinal de contas por esse valor é possível comprar, por exemplo, uma Honda CB 500F usada em bom estado e com baixa quilometragem. Uma moto usada, ok, mas bem superior.
Vale destacar, ainda, que os preços "oficiais" e também os reais da CB 300F Twister - ali na faixa dos R$ 22 mil a R$ 23 mil - são competitivos diante dos pedidos pela principal concorrente, a Yamaha Fazer FZ 25 ABS, que começa em R$ 21.490 (mais frete, seguro etc).
Essa rival também é competente, mas a capacidade produtiva da Honda certamente continuará sendo determinante para a liderança absoluta da Twister no segmento das naked de baixa/média cilindrada.
Preços: R$ 18.900 (CBS) e R$ 19.800 (ABS)
Motor: monocilíndrico, injetado, refrigerado a ar, 293 cm³, potência de 24,7 cv a 7.500 rpm e torque de 2,6 kgf.m a 6.000 rpm com etanol
Transmissão: câmbio de seis marchas com secundária por corrente
Freios: a disco nas duas rodas com CBS ou ABS
Suspensões: garfos convencionais com 13 cm de curso na frente e monochoque com 12 cm de curso atrás
Pneus: 110/70 R17 na frente e 150/60 R17 atrás
Dimensões e peso: 2,08 m de comprimento, 75,5 cm e largura, 1,07 m de altura, 1,39 m de entre-eixos, 1,77 m de vão livre, 78,9 cm de altura do banco em relação ao solo. e 139 quilos a seco
Tanque: 14 litros
Consumo: 36 km/l (medição Webmotors)