Aproveitar melhor o tempo dentro de um automóvel, ao enfrentar um lento e demorado
congestionamento, é o desejo de todo motorista. Um artigo publicado no site just-auto magazine, uma pesquisa encomendada pela Ford, nos EUA e Europa, mostrou que os habitantes das grandes cidades consideram o deslocamento diário no automóvel algo mais estressante do que o tempo no trabalho e até mesmo a “dolorosa” visita ao dentista. Motoristas europeus perdem, em média, até 10 dias por ano dentro de seus veículos em circulação diária.
A solução para superar o tédio do tempo “perdido” dentro do automóvel é o que prometem os carros autônomos, que se movimentam comandados por sistemas eletrônicos alimentados por sinais de satélites. Possibilitarão ao motorista concentrar-se ações produtivas ou divertidas, fazendo com que o tempo "passe voando" ao se encaminhar ao destino programado. Autônomos, porém, ainda terão longo caminho a percorrer antes que se tornem uma realidade. Mais do que isso, uma realidade que caiba no bolso da maioria dos motoristas.
Os projetos de carros autônomos ganharam muito espaço nas últimas duas décadas dentro dos departamentos de engenharia, não só dos fabricantes tradicionais de veículos, como em empresas do setor de Tecnologia da Informação também de olho no futuro da mobilidade.
A viabilização do sistema, porém, é mais complicada do que imaginaram seus otimistas idealizadores. E, nos últimos anos, houve um recuo no processo, após uma série de incidentes, e alguns acidentes, com carros-robôs.
Essa não é uma novidade dentro da indústria automobilística. Já na década de 1960 as marcas americanas expuseram em salões de automóveis modelos conceituais com propostas de sistemas primitivos de navegação autônoma. Um deles foi a enorme station wagon Ford Aurora, apresentada em 1964, e definida como uma "sala de estar sobre rodas". O motorista ainda precisava monitorar a movimentação do veículo, que no lugar do volante tinha um manche.
Claro que a estratégia não passava de chamariz para impressionar o público e divulgar o pioneirismo tecnológico da marca, em uma época em que não havia mínimas condições de infraestrutura nem de inteligência artificial para viabilizar o processo.
A enorme evolução da Tecnologia da Informação e o lançamento de diversos pequenos satélites particulares, nos últimos anos, incentivaram a pesquisa e os projetos de sistemas autônomos para veículos. A Ford patrocinou, agora, uma pesquisa para descobrir como as pessoas desejam passar o seu tempo livre nesses veículos e prever as mudanças que terão nas suas vidas. Na consulta foram entrevistados 5 mil motoristas para saber como aproveitariam o tempo dentro de um carro autônomo.
Cerca de 80% disseram que relaxariam e apreciariam a paisagem. Já 72% pretendiam conversar no smartphone, enquanto 64% comeriam alguma coisa, leriam um livro ou assistiriam a um filme. E, ainda mais interessante, 16% disseram que permitiriam que seus filhos viajassem sozinhos no veículo autônomo para algum destino no período das férias.
A sondagem também mostrou a preferência por veículos autônomos, em vez dos modelos normais, quando se tratasse de sair para uma festa ou beber com amigos e retornar para casa com toda segurança. Quase metade acredita que os carros sem condutor serão
mais seguros do que um motorista alcoolizado ao volante.
Se a pesquisa patrocinada pela fabricante destacou pontos positivos, em outro estudo realizado pela Universidade de Michigan os pesquisadores concluíram que 62% dos atuais motoristas americanos provavelmente não veriam qualquer aumento de produtividade ou momentos de lazer. Estes não mostraram nenhum interesse pelos carros autônomos porque já passam o tempo apreciando detalhes e observando a paisagem, mesmo concentrados na estrada.
O relatório também destacou que 23% afirmaram não ter o menor interesse em comprar este tipo de veículo. Por fim, 36% disseram que ficariam apreensivos dentro de um veículo autônomo e passariam boa parte do tempo observando fixamente a estrada para ter certeza de que o veículo estaria no rumo certo.
Outros 41% dos entrevistados também revelaram alguns receios, sendo que 8% teriam alguma sensação de ansiedade e 3%, um certo nível de enjoo. A soma passa de 100% porque havia opções de respostas.
Investimentos no desenvolvimento de veículos conectados e autônomos deverão adicionar 51 bilhões de libras esterlinas (R$ 360 bilhões de reais) por ano à economia do Reino Unido até 2030. O governo também incentiva a implantação de um "cluster de excelência" ao longo da autoestrada Londres-Birmingham para empresas testarem sistemas de navegação e também em outras rotas.
A intenção é saber se carros sem condutor podem realmente reduzir congestionamentos, avaliar transportes automatizados de passageiros, estacionamentos sem manobrista e a segurança em zonas com circulação de pedestres.
Diversos incidentes ocorridos com veículos autônomos em trechos urbanos e de estradas forçam os fabricantes a investir em áreas exclusivas de avaliações sem riscos para transeuntes e outros veículos.
O Grupo BMW desembolsou 300 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão) e inaugurou, em 2023, na República Tcheca, o primeiro local na Europa para desenvolver mobilidade autônoma.
E aí? O que você faria dentro de um carro autônomo? Deixe seu comentário.