A BMW F 900 R já está entre nós. A moto foi apresentada esta semana, com direito a um divertido e proveitoso test-ride no Circuito Panamericano, em Elias Fausto (SP).
No final de novembro revelamos aqui, em primeira mão, que a naked seria montada em Manaus e vendida no país. Já no início de dezembro noticiamos o início da montagem da moto - que, lá fora, existe desde novembro de 2019.
Era o primeiro fruto de um investimento de R$ 50 milhões que a BMW fez para ampliar sua capacidade de produção local de 15 mil para 19 mil motos por ano - e ampliar o portfolio com sete novos modelos ou versões até 2025.
Visualmente, a F 900 R é uma naked autêntica. Nada de carenagens, fru-frus, alegorias e adereços. A parte mecânica está toda exposta, como deve ser, e as ousadias aparecem nas linhas esculpidas, no estilo musculoso, no farol quase vertical e no curioso suporte do painel de instrumentos.
Já a mecânica é do tipo que não tenta reinventar a roda. O modelo tem motor bicilíndrico com 895 cm³, oito válvulas e refrigeração líquida. Rende 85 cv de potência a 8.500 rpm, que é um número relativamente modesto, mas o torque de 8,8 kgf.m a 6.750 rpm compensa um pouco isso.
Lá fora a F 900 R tem 20 cv a mais. A redução na potência por aqui foi necessária para adequar a moto à legislação de emissões de ruídos. Nesse aspecto, especificamente, a legislação brasileira é diferente de todas do resto do mundo. E isso é um obstáculo tão grande que até leva marcas a desistir de lançar alguns modelos por aqui - caso, por exemplo, da desejada e jamais lançada Yamaha Ténéré 700.
Outras especificações importantes da F 900 R são o câmbio de seis marchas com secundária por corrente, a suspensão dianteira com garfos invertidos e 13,5 cm de curso, a suspa traseira monochoque com 14,2 cm de curso e o bom peso de 211 quilos.
Com 2,14 m de comprimento, entre-eixos de 1,82 m, largura máxima de 81,5 cm (sem os espelhos), altura máxima de 1,13 m (idem) e banco a 81,5 cm do solo, a F 900 R tem tanque para apenas razoáveis 13 litros de gasolina.
Os principais itens de série são ajustes dos manetes de freio e embreagem, freios ABS, iluminação em LED, dois modos de pilotagem (rain e road), controle, de tração e tomadinha 12 Volts.
Vale destacar, separadamente, o painel de instrumentos com tela de TFT de 6,5 polegadas. Além de belíssimo, tem várias formas de exibição - ao gosto do freguês - e conexão com smartphone pelo aplicativo BMW Motorrad Connected. Um "must"!
Todos esses recursos e dispositivos já estão na versão mais barata, a Sport, que custa R$ 64.900 e só será vendida na cor preta (Blackstorm metallic). A versão Sport Plus, mais completa, vem com a combinação de cores azul, branca e vermelha (Racing blue) e também é equipada com controle de tração dinâmico, controle eletrônico do freio-motor, chave presencial, quickshifter, mais dois modos de pilotagem "pro", preparação para GPS, ABS "pro", monitoramento de pressão dos pneus, controle de velocidade de cruzeiro e protetor do motor.
É bastante coisa a mais, e isso tem um preço. Precisamente R$ 9.000 a mais - a Sport Plus custa R$ 73.900. Os preços estão dentro de nossas estimativas - nas matérias anteriores sobre essa moto, falamos em cerca de R$ 70 mil.
O test-ride foi feito no Circuito Panamericano, um autódromo com pista extensa e de alta velocidade. Não era exatamente o ambiente perfeito para uma moto naked - ou seja, sem qualquer proteção aerodinâmica.
Mas, mantendo velocidades civilizadas, pude avaliar bem a novata. Pra começar, a moto oferece excelente posição de pilotagem. Me aboletei ali em cima e logo me senti bem, sem pernas dobradas demais ou braços esticados em demasia. O banco até poderia ser mais macio, mas é bem anatômico e satisfatório.
Com centralização de pesos e massas eficiente e entre-eixos proporcionalmente curto, a F 900 R parece mais leve do que é. Tirá-la do descanso lateral não exige força. Ajustei os espelhos (que têm bom tamanho e retrovisão), engatei a primeira e fui para a pista.
O câmbio exibiu engates macios e logo cheguei aos 100km/h. A moto não pareceu fazer o mínimo esforço. Logo descobri uma naked muito divertida, ágil, extremamente maneável e até confortável - apesar da ausência de carenagens, o vento pela proa não incomodou muito.
Nas curvas, a F 900 R transmitiu bastante segurança - pode deitar o cabelo que ela não dá sinais de que vai adernar além do que o piloto deseja. As frenagens foram convincentes, mas confesso que eu esperava mais dessa moto. Todavia, o ABS e o controle de tração estão ali para corrigir alguma barbeiragem.
O motor não ronrona como um quatro cilindros, e seu ruído não incomoda. Mas já acelerei motores mais silenciosos. O bom torque aparece, mesmo, a partir das 4.000 rpm. A potência de 85 cv permite acelerações vigorosas, mas não aquele "punch" que vemos em motos com mais de 100 cv.
Já o lindo painel de instrumentos é absolutamente fácil de ler, rico em informações e moderníssimo - um diferencial em qualquer moto. Por fim, vale ressaltar que a relação custo/benefício da versão Sport Plus é melhor. Tem preço mais alto, mas o recheio é muito superior.
A F 900 R surge com uma interessantíssima opção em seu segmento. É bonita, divertida e coerente com sua proposta, ainda que fique devendo a potência que tem lá fora. Provavelmente não será uma best-seller - até porque enfrentará rivais de alto nível e já consolidadas -, mas quem comprar o modelo levará para casa a tradicional eficiência alemã da BMW e uma moto capaz não só de desfilar bonito para os amigos e amigas, mas também de proporcionar bons passeios.