Stella Li, Vice-Presidente Executiva da BYD e CEO da BYD Americas, afirmou nesta quarta-feira (15) que a picape Shark será um dos modelos que a fabricante chinesa montará na planta de Camaçari (BA). A primeira média híbrida do mercado tem desembarque no Brasil previsto para setembro, neste momento ainda importada da China.
“Fizemos muitos estudos referentes a desempenho, capacidade de carga e força, e entendemos que ela será um sucesso. Por isso queremos colocá-la como um dos três primeiros modelos a serem montados no Brasil. Vamos começar com regime CKD, para depois seguir com a produção”, explicou Li. A fabricante chinesa investirá R$ 5,5 bilhões em suas operações por aqui.
Principal liderança da BYD em seu processo de expansão global, Li confirmou a produção nacional da Shark durante o lançamento global do utilitário, realizado no México, onde a empresa também erguerá uma unidade fabril. Mais detalhes dessa planta deverão ser anunciados até o fim do ano, de acordo com executivos da companhia.
Supunha-se que a futura planta mexicana forneceria unidades da Shark para os EUA. Afinal, além da proximidade e do acordo de livre comércio entre os países vizinhos, picapes são o tipo de veículo preferido dos americanos e o modelo da BYD tem clara inspiração visual na Ford F-150, justamente o carro mais vendido por lá. No entanto, de acordo com a executiva, o segundo maior mercado do mundo (atrás apenas do chinês) não interessa à BYD no momento.
“Nosso plano é fazer a fábrica no México para abastecer o mercado local e também outros da América Central. Já nossa fábrica brasileira é para o mercado local e outros países da América do Sul”, explicou a executiva, que acrescentou: “nós podemos alcançar qualquer país além dos EUA, que agora passa por uma situação complicada”, se referindo ao declínio do interesse dos americanos por carros elétricos.
A declaração vem no dia seguinte ao presidente dos EUA, Joe Biden, anunciar que carros chineses passam a pagar 100% de imposto ao entrarem no país. A taxa anterior era de 25%, e o aumento tem o objetivo de evitar uma “inundação” de produtos chineses no mercado estadunidense.
Para Li, a transição energética em curso pressiona a indústria tradicional, que muitas vezes não acompanha a chinesa em tecnologia e revida alegando que essas concorrem de forma desleal por receberem subsídios do governo chinês.
“Isso não é verdade, não é o que acontece. Se você for à China, você vai ver que a disputa entre as fabricantes locais é sangrenta", justificou.