Cadê o Onix? É isso que ouvi nos últimos dois meses depois de seguidas quedas de vendas do carro mais emplacado do país desde 2015. Nosso colunista Fernando Miragaya retratou muito bem alguns dos cenários da crise dos semicondutores que afeta nosso mercado, na semana passada. Mas a coisa é muito mais séria do que imaginávamos, de acordo com a Anfavea.
Nas palavras de Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, em reunião online, "não há solução para resolver o desabastecimento esse ano, visto que a complexidade do problema é muito grande, já que os tais semicondutores são produtos com produção muito complexa". Isso deve fazer o Onix perder o posto de carro mais vendido do país para algum modelo da Fiat, possivelmente para a Strada.
A resposta é simples e tragicômica: tem, mas acabou. Isso porque o número de emplacamentos do modelo mais vendido em nossas terras nos últimos anos despenca pelas tabelas em razão dos chamados semicondutores. Ou melhor, da falta deles, já que a produção da linha da GM em Gravataí (RS) permanece paralisada - e, como dito pela coluna, sem previsão de retomada.
Mas uma fonte ligada à empresa nos garante que a produção do Onix volta à carga máxima a partir da segunda quinzena de julho - datada para ser reiniciada exatamente no dia 19 do mês que vem.
Essa falta de chips, como relatou a Anfavea, fez com que a produção nacional atingisse um teto de até 200 mil unidades por mês. Não é justo comparar esse número com os de 2020 por conta da pandemia, mas em condições normais, o Brasil teria capacidade para produzir até 5 milhões de veículos em um ano - e não 980 mil como nos últimos seis meses ou 2,4 milhões em 12 meses.
A solução, porém, só deve chegar em 2022, quando novas fábricas de semicondutores inauguradas recentemente devem começar a operar com grande capacidade produtiva. Justamente por isso, aos olhos da Anfavea, a Associação dos Fabricantes, podem faltar carros novos no Brasil até lá.
Vale destacar também que a falta desses semicondutores não é um problema somente do setor automotivo e que seu desabastecimento é global, motivada principalmente pela pandemia da covid-19 que afetou a produção de diversos componentes eletrônicos e da área da computação em várias partes do mundo.
O que isso significa? Que o Onix deve realmente deixar de ser o carro mais vendido do país após cinco anos de reinado absoluto, assumidos após a liderança isolada do Fiat Palio em 2014, que aconteceu depois de 27 anos de soberania do VW Gol.
Nossa aposta para o novo "rei"? Uma rainha, na verdade: a Fiat Strada, que já acumula 51.368 unidades emplacadas de janeiro a maio, 12.390 a mais que o carro da GM neste mesmo período.