Depois de 50 mil pedidos em meia hora, a Xiaomi anunciou que recebeu um total de 88.898 pedidos em menos de 24 horas após apresentar seu primeiro veículo 100% elétrico, um sedã chamado SU7.
De acordo com a gigantesca marca de eletrônicos, os test-drives começaram na sexta-feira (29) no país asiático, em 59 lojas de 29 cidades do país, o que resultou em locais superlotados.
O sinal que os quase 90 mil clientes pagaram para fechar a reserva foi de 5.000 yuans (ou US$ 850, pouco mais de R$ 4.300). Esse é o começo de história do SU7, que já apresentamos por aqui.
Como os registros de homologação do SU7 revelaram, a Xiaomi usa a Baic (de Beijing Automotive Industry Holding Co.), que pertence ao governo chinês, como fabricante contratado.
De acordo com o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MITT) chinês, o Xiaomi SU7 será montado por uma subsidiária da Baic - chamada BAIC Off-road Vehicle Co. - na inédita fábrica da Xiaomi em Pequim.
Curiosamente, a Baic também é a maior acionista da Mercedes-Benz, com 9,98% da marca alemã.
A nova fábrica da Xiaomi começou a ser construída em abril de 2022 e foi concluída em junho do ano passado. A Xiaomi pediu a licença de vendas do SU7 em novembro - e a produção experimental na fábrica começou em dezembro.
Depois disso, a produção em massa do SU7 começou, mas ainda não a todo vapor. As entregas aos primeiros clientes começarão no final de abril, segundo a empresa.
A fábrica da Xiaomi em Pequim tem capacidade anual para produzir 150 mil carros em uma primeira fase, e para 300 mil na segunda fase.
Considerando que a produção ainda não atingiu a capacidade total - e que estamos no começo de abril -, a Xiaomi terá oito meses de produção plena em 2024, o que significa que poderá produzir cerca de 100 mil carros, ou talvez um pouco mais, se não houver problemas nas linhas de produção.
Como dito no início, a empresa recebeu quase 90 mil pedidos nas primeiras 24 horas e não divulgou nenhuma atualização desde então - embora seja quase certo que agora, 48 horas após o lançamento, a carteira de pedidos já ultrapasse as 100 mil unidades.
O Xiaomi SU7 começa em 215.900 yuans, o equivalente a US$ 29.900 ou cerca de R$ 151.400.
Segundo o CEO da empresa, Lei Jun, o preço foi decidido uma noite antes do lançamento e o objetivo era que fosse pelo menos 30 mil yuans menor que o do Tesla Model 3 (aproximados US$ 4.100, ou R$ 20.700 de diferença).
Na China, o Tesla Model 3 custa 245.900 yuans (US$ 34.600, ou R$ 175.200) na versão básica com 606 quilômetros de autonomia e bateria de 60 kWh.
Vale dizer que o Xiaomi SU7 tem tração nas quatro rodas e dois motores, que geram potência combinada de 495 kW (663 cv). Graças a uma bateria Qilin de 101 kWh, sua autonomia máxima é de 830 quilômetros.
O carro tem quase 5 metros de comprimento (são 4,99 mm, 1,96 m de largura e 1,44 m de altura) e impressionantes 3 m de entre-eixos.
O preço não é a única questão.
Há outras duas razões: a primeira, a personalidade de Lei Jun. Ele é um gênio do marketing e um showman que pode despertar entusiasmo sobre seu produto. Vale destacar que a conferência de lançamento teve certas vibrações inspiradas em Steve Jobs. Coincidência?
Jun disse que também aprende rápido e não tem vergonha de admitir que seu concorrente lhe deu apoio. Ele seguiu conselhos dos CEOs de seus concorrentes Nio, Li Auto e Xpeng, que foram chamados para o show de lançamento.
Curiosamente, ele fez algo semelhante quando lançou seu primeiro smartphone, há 14 anos, quando adquiriu muito conhecimento da Meizu.
A segunda razão é a confiança da marca Xiaomi, que já tem o respeito de seus usuários na China e em diversos outros países do mundo - o que também é um fator crucial.
No entanto, nem tudo é arco-íris em Pequim. Alguns relatórios sobre sentimentos negativos surgiram quando alguns clientes reclamaram que não podiam cancelar seu pedido e problemas de qualidade dos carros começaram a ganhar publicidade.
Como é o primeiro automóvel da Xiaomi, isso não é surpreendente. Mas, neste momento, a empresa é a vencedora, pois conseguiu lançar um veículo três anos após o anúncio dos planos de produção. E vale lembrar que a competição de EVs na China ficará ainda mais acirrada esse ano.