Carros chineses: a evolução em alta velocidade

China passou o Japão e se tornou o maior exportador de automóveis do mundo em 2023. O que isso quer dizer?

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Roberto Dutra
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A China Passenger Car Association (CPCA), ou associação chinesa de carros de passageiros na tradução livre, ainda vai fechar os números. Mas tudo indica que a China passou o Japão e se tornou o maior exportador de automóveis do mundo em 2023.

A estimativa é de que a China tenha exportado, no ano passado, nada menos que 5,2 milhões de veículos*. É um número incrível por si só, mas também por representar um crescimento de 62% em relação ao ano anterior. A estimativa para o Japão, por sua vez, está em aproximadamente 4,3 milhões de veículos*.

Isso se deve, principalmente, ao massivo envio de veículos para fora da China feito por marcas "domésticas" como Build Your Dreams (BYD) e Chery, entre outras.

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O GWM Haval H6 PHEV é um dos modernos automóveis feitos na China e já vendidos no Brasil
Crédito: Divulgação
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Os números mostram com clareza como a China se tornou uma potência na produção de automóveis de passeio. Algo inimaginável em décadas passadas, quando víamos chineses nos principais salões de automóvel do mundo medindo com fitas métricas cada detalhe dos principais modelos em exibição - portas, painéis, bitolas etc.

Era estranho e, às vezes, até risível. Mas agora vemos no que deu: foi-se o tempo daqueles primeiros carros chineses que chegaram ao Brasil, com aquela qualidade duvidosa que muitos de nós lembramos. E hoje vemos nas ruas modelos da Chery, da BYD, da GWM e de outras marcas que nos impressionam com tecnologia e desempenho de alto nível.

Durabilidade? Sim, é sempre uma questão - e quanto a isso ainda não há respostas. Vamos perguntar de novo em uns cinco anos. Mas hoje podemos afirmar que os chineses aprenderam a fazer bons automóveis.

Japão e Coreia do Sul vieram antes

Curiosamente, já vimos esse filme antes. Muitas décadas atrás os automóveis fabricados no Japão tinham estética duvidosa, eram bastante simples e não eram vistos exatamente com bons olhos em outros países. A evolução em alta velocidade veio e modelos como Honda Civic e Toyota Corolla ganharam o mundo - inclusive um mercado bem conservador como o americano.

A reprise veio com os carros feitos na Coréia do Sul. Alguém aí lembra dos primeiros Hyundai que foram importados para o mercado brasileiro, nos início dos anos 1990? Pois compare aquele Excel ou o Sonata daqueles tempos - ou mesmo os Kia Sephia e Opirus que vieram depois - com os modelos atuais destas duas marcas. Pois é.

Hyundai: compare este Excel  dos anos 1990 com os modelos que a marca coreana faz atualmente
Crédito: Reprodução
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E há mais: a BYD tomou da Tesla americana a posição de maior vendedora de carros elétricos do mundo no último quadrimestre do ano passado. Se continuar nessa corrente - com trocadilho - fechará 2024 como a maior do mundo ao longo de um "ano cheio".

O aumento incrível nas exportações chinesas de automóveis levou preocupação aos governos de alguns países do mundo, que temem os efeitos em seus mercados domésticos. Em setembro do ano passado, a comissão europeia começou uma investigação sobre os automóveis elétricos chineses - que foi considerada "protecionista" pelos fabricantes orientais.

O Honda Accord é um dos sedãs mais vendidos nos Estados Unidos há décadas
Crédito: Divulgação
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Já os Estados Unidos estudam aumentar as tarifas de importação para veículos elétricos chineses - o que, aliás, já foi feito pelo governo brasileiro.

Mas isso tudo não deverá ser um grande problema para a China. É que o mercado doméstico de lá também se agigantou: absorveu 21,9 milhões de veículos em 2023, com um crescimento de 5,3% em relação ao ano anterior.

Elétricos e híbridos

E os elétricos têm feito sucesso lá na China. As vendas em 2023 aumentaram 20,8% em comparação a 2022, depois de terem crescido expressivos 74,2% em relação a 2021. Já as vendas dos híbridos plug-in, mais baratos que os 10% elétricos, aumentaram 160,5% de 2021 para 2022, e 82,5% em 2023.

Enquanto isso, as vendas de quase todas as marcas estrangeiras na China recuaram: quedas de 41% nos carros franceses, de 10,7% nos japoneses e 1,4% nos americanos. Os alemães, porém, viram suas vendas aumentar em 2,5%.

O SU7 é o primeiro modelo criado pela Xiaomi - tradicional fabricante de smartphones
Crédito: Divulgação
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O que vem por aí?

Analistas internacionais apontam que a indústria automotiva chinesa continuará crescendo a passos largos em 2024. Dá para acreditar: a Xiaomi, tradicional fabricante de smartphones, apresentou recentemente seu primeiro veículo - e disse que será uma das cinco maiores do mundo. E aí, será que você ainda vai ter um carro chinês?

*Com dados de vendas divulgados pela Reuters

Tags:Mercado
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