A Fiat bem que tentou manter por um tempo a antiga Strada como opção mais barata voltada para o uso comercial, mas a picapinha veterana não resistiu ao sucesso da nova geração, mais moderna e equipada. A marca italiana deixou de produzir o modelo mais antigo da picape. Na indústria automotiva há vários casos de carros de diferentes gerações que convivem na linha de produção.
Diferentemente da Strada, outros veículos conseguiram manter diferentes gerações em certa harmonia em nosso mercado. Pode parecer estranho manter as vendas de um modelo antigo após o lançamento de uma variante mais nova, mas essa estratégia pode ser vantajosa para as montadoras comercializarem carros cujos custos de projeto já foram amortizados.
Para o consumidor, comprar um modelo de geração passada também pode ser uma boa se o preço final for competitivo e se o cliente não faz tanta questão de novas tecnologias. Veja abaixo cinco exemplos de carros que foram ou ainda são vendidos no Brasil em duas gerações ao mesmo tempo.
O Gol é um dos modelos mais emblemáticos desta lista. Essa história de o hatch ser oferecido em duas gerações simultaneamente começou em 1995, quando a Volkswagen lançou a segunda versão, popularmente chamada de Bolinha. O modelo de visual arredondado, no entanto, estreou apenas com motorizações 1.6 e 1.8, e deixou a cargo do Gol 1000, quadrado, o papel de carro de entrada da marca no país até o ano seguinte.
Essa estratégia da Volks se repetiu em 2008 com o lançamento da terceira geração, conhecida como G5. O então novato conviveu até 2013 com o Gol G4, que na verdade era a segunda geração com o visual que ostentava a segunda reestilização. O Gol G4 só saiu de linha por força da lei que obriga, desde 2014, que os carros zero quilômetro sejam equipados de fábrica com airbags frontais e freios com ABS. A Volkswagen concluiu que não valia a pena o investimento para adaptar um modelo antigo aos novos equipamentos.
Lançado em 1996, o Palio sofreu três reestilizações antes de ganhar uma nova geração. O novo Palio estreou em 2011 com visual inspirado no Punto, cabine mais espaçosa e a possibilidade de receber equipamentos então inéditos no compacto. No entanto, a geração anterior ainda vendia bem e a Fiat a manteve em linha como opção mais em conta.
O curioso é que as duas gerações deixaram de ser fabricadas praticamente juntas, em 2018, quando as versões mais baratas do Argo assumiram de vez o papel do Palio no portfólio da Fiat.
O Uno é outro caso que manteve carros de diferentes gerações. Foram duas versões diferentes no mercado até vigorar a lei que obriga a adoção de airbags e freios com ABS nos carros novos vendidos no Brasil. O modelo atual, lançado em 2010, conviveu durante três anos com o veterano (rebatizado de Mille), que estava à venda no país desde 1984.
O Classic nada mais era que versão sedã do Corsa de primeira geração. O modelo teve o nome trocado em 2002, com a chegada da nova geração. Ambos conviveram até 2011, quando o modelo mais novo saiu de linha por não conseguir repetir o sucesso do antigo. O velho Classic foi descontinuado em 2016 para dar lugar às versões mais baratas do Prisma (atual Joy Plus).
O Onix Joy nasceu em 2016 como uma versão mais básica do hatch, que tinha acabado de passar por uma reestilização. O Joy manteve o visual antigo e perdeu equipamentos, justamente para ficar posicionado numa faixa inferior de preços.
Com a chegada do novo Onix, no final de 2019, a GM manteve a estratégia, e oferece o modelo antigo reestilizado como carro de entrada da marca.
A nova geração do Versa estreou no final do ano passado totalmente renovada. Além do visual mais atraente, o sedã ganhou novos equipamentos e acabamento mais caprichado. No entanto, a marca manteve a oferta da geração anterior, rebatizada de V-Drive, como uma opção atraente para frotistas e motoristas de aplicativos.
O Fiesta saiu de linha no Brasil em 2019, mas chegou a ter mais de uma geração à venda por aqui em duas ocasiões. Em 2002, a marca passou a fabricar a quinta geração na Bahia, mas manteve por um tempo a oferta da quarta geração na versão básica Street, feita em São Bernardo do Campo (SP).
A sexta geração, chamada de New Fiesta, estreou por aqui em 2011 vinda do México. Até a sua produção no ABC paulista, em 2014, o modelo conviveu com a geração anterior conhecida como Fiesta Rocam.
Por fim, um modelo que manteve em linha não dois, mas três carros de diferentes gerações ao mesmo tempo. O Tucson chegou importado da Coreia do Sul em 2005 e foi nacionalizado em 2010. No mesmo ano, foi lançada a segunda geração, chamada de ix35 justamente para conviver com o modelo antigo até 2016.
O ix35 já mostra os sinais da idade, mas ainda é produzido em Anápolis (GO) com a terceira geração. O New Tucson é consideravelmente mais moderno que o ix35, mas já está defasado em relação à quarta geração recém-lançada na Europa.