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Challenger Demon: só com termo de responsabilidade

Última versão do muscle car tem 1.039 cv, chega aos 100 km/h em menos de 2 segundos e dá adeus ao V8 Hemi da Dodge

por André Deliberato

O que você vai ler agora beira a insanidade - no bom sentido. Conheça, ao longo desta reportagem, o Dodge Challenger Demon SRT 170, a última versão do muscle car como o conhecemos.
Isso porque, conforme você possivelmente já tenha visto aqui no WM1, a partir de 2024 - já como "model year 2025" - a dupla de clássicos modelos da empresa deve passar a ser elétrica.
No final do ano passado a marca apresentou o Challenger Black Ghost, a sexta série especial de sete previstas para marcar a despedida do bólido. Pois agora venha conhecer a última - que também encerra, com classe, a vida do motor V8 Hemi tão tradicional da empresa.
https://www.webmotors.com.br/comprar/dodge/challenger/64-v8-hemi-gasolina-r-t-scat-pack-widebody-torqueflite/2-portas/2022/46231209
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Novo Challenger Demon é insano

Para começar, serão 3.300 unidades (3 mil para os Estados Unidos e 300 para o Canadá). Esse é o 2º "Demon" feito pela Dodge para o Challanger. O primeiro - e único até então - havia sido em 2018.
Vamos aos números oficiais: movido pela última versão do V8 Hemi de 6.2 litros tão tradicional da empresa, o novo Challenger Demon entrega até 1.039 cv e 130,5 kgf.m de torque com etanol tipo E85 (composto com 85% de etanol e 15% de gasolina) - ou "só" 913 cv e 111,9 kgf.m com gasolina.
Em um corpo de 1.941 kg - que pode cair para 1.935 kg se o cliente optar por um pacote especial de US$ 11.495 (R$ 60.570), que troca algumas peças convencionais por outras em fibra de carbono -, ele consegue acelerar de zero a 100 km/h em 1,6 segundo.

A velocidade máxima não foi confirmada pela empresa. Mas vale citar que o Demon de 2018 tinha 851 cv, 106,4 kgf.m de torque e aceleração de zero a 100 km/h em 2,3 segundos.
Mas vamos focar no novo número, de 1,6 segundo. É mais rápido que o zero a 100 km/h de modelos como o Bugatti Chiron, o Tesla Model S Plaid e até que o hiperesportivo elétrico Rimac Nevera, que tem 1.914 cv e foi considerado o carro mais veloz do mundo em 2021.
Calma, o Demon ainda não é o carro mais rápido do mundo. Ou talvez ainda não seja. De acordo com a Dodge, a medição de 1,6 segundo não foi feita exatamente com o carro totalmente parado (ou "partindo da inércia", como a empresa afirmou).
Talvez a arrancada tenha sido considerada após uma breve parada após aquecimento do motor e de todo o sistema. Isso não anula o fato de que seja impressionante.
Agora, importante dizer: na arrancada do quarto de milha (de zero a 402 metros em linha reta, como em um racha), ele superou o Model S Plaid: 8,91 segundos do Challanger Demon contra 9,23 segundos do Tesla. Porém... não ultrapassou o Rimac Nevera, que tem os dois melhores tempos: 8,62 segundos e 8,58 segundos.

Como melhorar um motor de 851 cv

Para chegar a esse poder maior, os engenheiros da fabricante melhoraram os níveis de ventilação, peso e coeficiente aerodinâmico do capô. E aplicaram um novo supercharger, com aceleração maior e uma polia que aumenta em 40% a pressão do turbo quando comparada à do Challenger Hellcat Redeye Widebody.
E de onde vem o 170 do nome do carro? Segundo a imprensa norte-americana, são duas explicações. A primeira: o etanol E85 equivale a uma escala em bebidas alcoólicas de "170", algo bem típico para os norte-americanos.
O segundo é a ligação com o motor Direct Connection Hellephant C170 que é vendido pela fabricante no mercado- e que compartilha bastante de seu DNA com este carro.
Desse "C170" a marca usou o supercompressor de três litros citado acima. Além disso, os injetores e trilhos de combustível receberam reforços e agora conseguem injetar a uma pressão de 628 litros/hora.
Por conta do uso de E85, as guias de válvulas, as velas e os materiais de assento do trem-de-força precisaram ser substituídos. Além disso, bielas, fixadores e válvulas de admissão tiveram que receber reforços e revestimento em novos materiais. E o módulo de controle também precisou ser recalibrado.
Tecnicamente, só a "árvore" do comando de válvulas é a mesma - e por isso a Dodge trata o motor do novo Challenger Demon como algo totalmente novo.

Para resfriar o motor, o Challenger Demon usa o próprio ar-condicionado - o sistema é chamado de "SRT Power Chiller". E além dele, existem vários outros com diversos nomes, que permitem ao condutor do carro controlar os níveis de frenagem, força e comportamento do superesportivo.
O Demon ficou tão forte que a caixa de transmissão automática de oito marchas precisou ser mexida, assim como o eixo traseiro que traciona o carro - lá atrás, o diâmetro do tubo e a espessura das paredes foram aumentados e o sistema ganhou um novo conjunto de anel e pinhão, agora de 24 cm.
Obviamente, juntas homocinéticas e a flange também precisaram ser aprimorados. Segundo a empresa, o eixo ficou 30% mais resistente em comparação ao do Challenger Demon de 2018.

Peso menor

Não foi só na parte mecânica que o carro precisou mudar para se tornar um ícone. O modelo também teve que perder peso - e consequentemente, conforto.
Note pelas fotos que, veja só, não existem bancos traseiros e nem o do passageiro da frente. No interior, os carpetes são simples e o sistema de som tem apenas dois alto-falantes.
O porta-malas não tem qualquer tipo de forração. Mas não será assim sempre: para quem quiser os itens que foram retirados, a marca vai oferecer como opcional (veja os detalhes no fim desta nota).
Os freios também foram modificados e ficaram mais leves, com barras de estabilização ocas no eixo da frente. Já as rodas de fibra de carbono reduzem o peso total do carro em até 14,52 quilos - e são mais leves na frente, para melhorar a dinâmica traseira. As rodas originais são de alumínio forjado.

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No conjunto de suspensão, a marca optou por usar amortecedores adaptativos da grife Bilstein e molas mais suaves. Note que a traseira é ligeiramente mais alta que a dianteira - teve a curvatura revisada para aumentar a área de contato com o solo.
Acredite, o carro é tão forte que até empina, dependendo da força da arrancada.
São dois modos de condução: no Auto, o carro é mais manso e tem foco para rodar no dia a dia. Já o "Drag" (racha) prepara o muscle para tudo: tração, suspensão, câmbio e direção automaticamente se calibram para a tocada mais insana. Um terceiro, chamado "Custom", é totalmente personalizável.

Quanto custa?

O preço da brincadeira? US$ 96.666 (sim, o "666" tem a ver com o nome), algo próximo a R$ 507 mil na conversão direta para o Real. Vale lembrar que o primeiro Challenger Demon, de 2018, foi lançado ao preço de US$ 84.995 - US$ 19.705 a mais do que o valor cobrado por um Hellcat.
O pacote de opcionais com itens de conforto inclui banco do carona, revestimento interno em couro com Alcântara e assentos dianteiros com aquecimento, volante aquecido e sistema de som da grife Harman Kardon com 18 alto-falantes.
A Dodge não confirmou o preço do pacote de opcionais, mas vale lembrar que no Demon de 2018 o banco do passageiro era um opcional de US$ 1 - isso mesmo, um dólar. Talvez a estratégia continue sendo a mesma.

Quem já for dono de um Demon 2018 terá prioridade. Por exemplo: quem for proprietário da unidade número 18 do carro anterior, terá vantagem na compra da unidade 18 do Demon 170.
Os 3.300 felizardos que levarem o supercarro para casa ainda serão presenteados com uma caixa de madeira com um kit decantador para uísques personalizado e serão convidados para fazer aulas de direção com o modelo.
Para isso, de acordo com a Dodge, é preciso assinar um termo de responsabilidade para "reconhecer" o poder do último muscle car legítimo da empresa. A Dodge começa a receber os pedidos agora, no próximo dia 27 de março.
Insano, né?


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