Carros chineses criaram alvoroço no Brasil no início da década passada. Entre 2010 e 2011, uma série de marcas começou a vender seus produtos em nossas terras: Effa, Lifan, Chery, JAC e, alguns anos depois, Geely e BYD - esta última com mais foco em veículos elétricos e comerciais. Great Wall e Brilliance chegaram a testar protótipos, mas desistiram de entrar de fato em nosso mercado.
Com a crise econômica que se alastrou pelo país nos anos seguintes, muitas marcas quebraram. Seria este, portanto, o "fim" das montadoras chinesas que não instalaram fábricas no Brasil? Hoje em dia, só Chery, JAC e Lifan têm relativo fôlego de vendas no mercado (e só a primeira tem fabricação nacional), graças às iniciativas de atualizar suas gamas de modelos para SUVs.
Relembramos na lista abaixo carros chineses que tiveram um final triste em nosso país.
Foi o primeiro que chegou, entre 2007 e 2008. Durou até 2015. Custava pouco (cerca de R$ 24 mil) e era bem equipado, mas também era triste: algumas peças sofriam corrosão precocemente, a estabilidade era falha pelo fato do carro ser altinho e estreito - para se ter uma ideia, a revista Quatro Rodas teve de interromper o teste de longa duração por falta de segurança - e, para piorar, era feinho.
Esse surgiu e sumiu como um foguete. Representada pelo Grupo Gandini (mesmo importador da sul-coreana Kia no Brasil), a Geely decidiu apresentá-lo no Salão do Automóvel de 2014 e chegou até a fazer um lançamento de pompa internacional do modelo no Uruguai (onde era montado via CKD).
Foi mostrado em versão única equipada com motor 1.0 de três cilindros (somente a gasolina) e seu design era inspirado em um panda (aquele mesmo, o tradicional urso "fofinho" chinês). A Geely - que hoje também é a atual dona da Volvo - foi embora do país menos de dois anos depois, em 2016.
O "foguetinho" da JAC chegou ao Brasil em 2012 depois das famílias J3, J5 e J6, como opção "descolada" para uma clientela mais alternativa, com foco em solteiros devido ao tamanho diminuto.
"Foguetinho" porque era muito leve (915 kg) e, ao menos em nosso mercado, tinha motor 1.4 de 108 cv e 14,1 kgf.m de torque. Mas não vendeu como a marca esperava e o insucesso fez com que a empresa sequer apostasse em uma reestilização para nosso mercado. Saiu de linha em 2017.
O S-18 foi um dos maiores fracassos da Chery no Brasil, embora tenha sido um dos primeiros carros chineses com motor flex em nosso mercado. Logo em seu mês do lançamento, em 2012, durante fase de testes de revistas e mídias especializadas, o sistema de freio do carro apresentou um problema gravíssimo: em uma frenagem de emergência, o pedal entortou e colocou em risco quem o testava.
Resultado? Recall de todas as (poucas) unidades que já haviam sido vendidas. Durou até 2014 e os números de vendas eram tão baixos que nem apareciam nos relatórios mensais da Fenabrave, a associação que representa as concessionárias.
Um dos chineses mais polêmicos dessa lista é o Lifan 320, que ficou famoso pelo design inspirado no Mini Cooper. Para se ter ideia, durante a apresentação do carro no Salão do Automóvel de 2012, a marca chinesa contratou um ator que fazia cover/cosplay do "Mr. Bean", em alusão ao clássico personagem, que, na série, tinha um Mini Cooper original (do antiguinho, fabricado a partir de 1959).
Só que o carro chinês não era tão bem construído, tinha câmbio frouxo e volante com folga, além de nota zero no Latin NCAP. Começou a ser vendido em 2009 e saiu de linha em 2014 sem deixar saudade.