Covid-19 já mudou a F1 2021: mais pilotos pagantes

Acompanhe nesta viagem entre nove equipes como estão as negociações com os pilotos para a próxima temporada

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Livio Oricchio
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Depois de a Ferrari anunciar, nesta terça-feira (12/05), que Sebastian Vettel não mais será seu piloto a partir de 2021, conversamos sobre as possíveis escolhas do seu diretor, Mattia Binotto, para a vaga de companheiro de Charles Leclerc e quais seriam as opções de equipe para o piloto alemão.

Combinamos de viajar pelos demais nove times da F1, para ver como estão as negociações com os pilotos. Isso porque, como mencionado no capítulo anterior, das 20 vagas existentes no grid, nada menos de 14 estão em aberto. Somente seis pilotos sabem o que vão fazer em 2021.

Uma coisa é certa quanto a quem irá pilotar na F1 no ano que vem: a maioria terá de levar patrocinadores. Podemos ter vários pilotos jovens, com superlicença, estreantes, contando com grandes investidores. A Covid-19 já mudou a cara da F1 em 2021.

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Comecemos pela escuderia que venceu os seis últimos títulos de pilotos e de construtores.

Mercedes

Você viu a primeira reação de Toto Wolff, sócio e diretor da equipe Mercedes, logo em seguida a sua adversária, Ferrari, comunicar a saída de Vettel no fim do ano? “Nossa primeira intenção é manter os atuais pilotos, mas naturalmente temos de levar em consideração esse novo cenário.”

Com certeza, nem Wolff nem o presidente da Mercedes, Ola Kallenius, estão pensando em contratar Vettel para ser o companheiro de Lewis Hamilton em 2021. Desestabilizaria completamente a vencedora organização.

Mas veja como o aspecto pscicológico funciona na F1. Ao pronunciar a frase, Wolff tinha um alvo específico: Hamilton. Os dois já conversaram para discutir a renovação de seu contrato, a vencer no fim do ano. E o seis vezes campeão do mundo se mostra intransigente quanto ao valor do novo compromisso.

O contrato em curso lhe garante 40 milhões de libras – R$ 320 milhões – por ano. Hamilton quer mais, algo como 50 milhões de libras – R$ 400 milhões. Wolff tem dito “não posso pagar”. Agora, com a Covid-19, Hamilton talvez entenda que o quadro é outro e aceite a proposta.

Mas Hamilton, consciente de sua importância para a Mercedes, pode não querer rever sua posição. Antes de Vettel se lançar no mercado, Wolff não tinha opção para a vaga de Hamilton, estava nas mãos do inglês.

Hamilton: hexacampeão só sai da Mercedes se for totalmente intransigente à nova realidade orçamentária da F1
Crédito: Divulgação
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Wolff gostaria de ter Max Verstappen, hipertalentoso, 22 anos, para quando Hamilton, com 35 anos, deixar a F1. Mas o holandês renovou com a Red Bull até o fim de 2023, recebendo uma fortuna, algo perto de US$ 30 milhões – R$ 160 milhões – por ano.

Ainda que Vettel, apesar de excelente piloto, não seja Hamilton, não deixa de ser uma alternativa para Wolff se o inglês radicalizar. A lógica sugere, no entanto, que não haverá mais problemas para Hamilton renovar seu contrato com a Mercedes.

Valtteri Bottas, finlandês, 30 anos, precisará disputar o mundial, ao menos até a metade das etapas, no estágio de evolução de como iniciou a temporada passada, quase no nível de Hamilton - depois sua produção caiu.

Valtteri Bottas vai ter de mostrar melhor desempenho do que no ano passado para se manter na Mercedes em 2021
Crédito: Divulgação
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Wolff vai aguardar as sete, oito primeiras provas do ano para ter um quadro mais claro quanto a manter Bottas, em 2021, ou chamar da Williams o talentoso inglês George Russell, de 21 anos, já piloto da academia da Mercedes.

É pouco provável que Wolff fuja desses arranjos, em 2021, Hamilton e Bottas ou Hamilton e Russell.

Red Bull

Max Verstappen, já sabemos, tem contrato até o fim de 2023. A evolução da associação Red Bull-Honda é palpável. Nos testes de pré-temporada o modelo RB16-Honda demonstrou potencial para desafiar o W11 da Mercedes em mais pistas do que em 2019. Max ganhou três GPs.

Max Verstappen: o jovem e talentoso piloto tem contrato com a Red Bull até 2023
Crédito: Divulgação
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Quanto ao outro piloto, a partir do GP da Bélgica do ano passado Horner e o outro homem-forte da Red Bull, Helmut Marko, encontraram o companheiro aparentemente ideal para Max: o tailandês Alexander Albon, 24 anos.

Ele trocou de posição com o francês Pierre Gasly, 24 anos, que foi para a então Toro Rosso, hoje Alpha Tauri.

Se este ano Albon seguir evoluindo como desde a estreia em Spa-Francorchamps, e não criar problemas para Max, como parece ser sua natureza, deverá seguir na Red Bull em 2021. É rápido e constante, soma importantes pontos para o time, o que mais querem dele.

McLaren

A transferência do capaz Carlos Sainz Júnior para a Ferrari é iminente. A essa altura, Zak Brown, diretor executivo do grupo, e Andrea Seidl, diretor da equipe, já conversam com quem pode acelerar o promissor modelo MCL35 em 2021.

A queda de receita da F1 provocada pela Covid-19 obrigou a FOM e a FIA, em comum acordo com os diretores das equipes, a manterem os mesmo modelos atuais na temporada 2021. Serão permitidas duas novas versões aerodinâmicas ao longo do ano, apenas.

Brown já conversou com Ricciardo, caso ele não queira permanecer na Renault. É um arranjo possível. Vale lembrar que a McLaren está crescendo com a mudança estrutural realizada e em 2021 vai competir com unidade motriz Mercedes. É um pacote atraente.

Mas Ricciardo sabe que Brown também não deverá repetir o que os franceses lhe pagam hoje, US$ 25 milhões – R$ 145 milhões – por ano. A crise está afetando seriamente a todos.

Mas quem pode desembarcar na McLaren-Mercedes, em 2021, é Vettel. Talentoso, ainda eficiente, aos 32 anos, experiente, trabalhador, líder e alemão como o novo fornecedor de motor.

Sebatien Vettel está de saída da Ferrari e destino do tetracampeão de F1 pode ser a McLaren
Crédito: Divulgação
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O problema é que Vettel ainda ganha impensáveis US$ 40 milhões – R$ 232 milhões – na Ferrari e Brown talvez possa lhe pagar, no máximo, metade desse valor, depois de muito esforço.

Pode ser que Vettel entenda que na outra opção profissional, a Renault, se Ricciardo sair de lá, ganharia um pouco apenas a mais. Assim, o alemão tem boas chances de ficar com a vaga de Sainz Júnior na McLaren.

Lando Norris, inglês, 20 anos, reconhecidamente é talentoso. Mostrou já no ano de estreia na F1, em 2019, com 19 anos, apenas. E sua carreira é administrada por Zak Brown, portanto Norris segue na McLaren em 2021, salvo uma temporada desastrosa este ano - bem pouco provável. Ao contrário, deverá crescer ainda mais.

Renault

O contrato de Ricciardo termina no fim do ano. O carro de 2019 não correspondeu ao investimento realizado pela montadora francesa em 2018 para crescer no ano passado. Ficou em quinto entre os construtores, com 91 pontos, diante de 145 da McLaren, com a mesma unidade motriz (motor) Renault.

O controverso Cyril Abiteboul, diretor geral, promoveu novas mudanças que resultaram, este ano, em um carro promissor, pelo demonstrado na pré-temporada. Ricciardo quer lutar pelos primeiros lugares. Apesar do esperado avanço da Renault é pouco provável que se insira dentre os três primeiros. Mas deverá se aproximar um pouco mais deles.

Os franceses tentam mostrar a Ricciardo que os novos profissionais criaram uma perspectiva positiva para a equipe, a ponto de convencê-lo a ficar.

Daniel Ricciardo até é cortejado pela Ferrari, mas pode parar na McLaren
Crédito: Divulgação
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Se o australiano sair, assinar com a McLaren, Abiteboul já afirmou que Vettel é um nome de interesse. Não pagariam ao alemão o que recebe hoje na Ferrari, mas se ele concordar em ganhar o pago a Ricciardo, o negócio pode sair. Nos dias de hoje isso corresponde a muito dinheiro.

E Vettel é mais capaz que Ricciardo para liderar o grupo. O australiano, nesse aspecto, não correspondeu ao esperado pelos franceses.

Já o competente Esteban Ocon, francês, 23 anos, tem contrato para este ano e 2021.

Existe ainda uma outra possibilidade para a Renault, caso Ricciardo não permaneça e Vettel repense seu futuro, como, por exemplo, deixar a F1 - pouco provável. É a volta de Fernando Alonso.

O espanhol começaria a temporada de 2021 com quase 40 anos, mas provavelmente ainda é muito capaz. E Alonso e Renault têm história juntos: foram campeões do mundo em 2005 e 2006.

Fernando Alonso de volta à Renault: retorno do bicampeão seria bom para a escuderia e para a Fórmula 1
Crédito: Divulgação
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Os promotores da F1, os homens do Liberty Media, veriam com muito bons olhos a volta de um bicampeão do mundo. Mais: é o desejo explícito de Alonso. Não descarte esse arranjo em 2021.

Racing Point

A partir de 2021 passará a se chamar Aston Martin, pois Lawrence Stroll, pai de Lance Stroll, já sócio da equipe, tornou-se sócio também da montadora britânica. Deverá crescer. Mas já este ano, ao competir com o modelo W10 usado pela Mercedes, em 2019, pintado de cor de rosa, deverá ir ao pódio.

O diretor geral da Racing Point, Otmar Szafnauer, já sabe que Abiteboul, no mínimo, irá contestar na primeira etapa do campeonato a legalidade do carro do time de Stroll. A abertura do mundial - está quase certo - será dia 5 de julho em Spielberg, na Áustria.

Sergio Perez tem contrato até 2022 e é patrocinado pela gigante Telmex
Crédito: Divulgação
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Lance Stroll, canadense, 21 anos, é filho do dono. O pai montou o time para ele. O outro piloto, o mexicano Sérgio Perez, 30 anos, assinou no ano passado um contrato que se estende até o fim de 2022, com o apoio da Telmex, com investimento de US$ 15 milhões – R$ 87 milhões – por ano.

Alpha Tauri

Os dois pilotos têm contrato de um ano, apenas. Permanecem enquanto Marko e diretor da equipe, o austríaco Franz Tost, desejarem. Pierre Gasly cresceu depois de deixar a Red Bull e passar para a então Toro Rosso. Daniil Kvyat é conhecido de Marko e Tost.

Quando Gasly não correspondeu na Red Bull, em 2019, os dois preferiram promover Albon, que tinha apenas meio ano de experiênca na F1 enquanto Kvyat já havia disputado quatro temporadas. Dificilmente o russo terá outra chance na Red Bull. Assim, fica na Alpha Tauri até o programa de jovens pilotos da empresa ter alguém pronto para ascender a F1.

Se Gasly ou Kvyat não corresponderem, este ano, e Sérgio Sette Câmara, mineiro, prestes a completar 22 anos, for bem na Super Fórmula, no Japão – mais rápida que a F2 -, poderá ser promovido à vaga de um dos dois em 2021.

Sergio Sette Câmara: o mineiro pode pegar uma vaga na Alpha Tauri e acabar com o jejum de brasileiros no grid da F1
Crédito: Reprodução
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Sérgio e o estoniano Juri Vips, 19 anos, também na Super Fórmula do Japão, são os pilotos do programa da Red Bull mais próximos de poder ascender à F1, salvo surpresas. Sérgio tem a superlicença, obtida nas três boas temporadas disputadas na F2.

Como se vê, a escolha dos pilotos da Alpha Tauri, em 2021, está ainda completamente aberta.

Alfa Romeo

O contrato dos dois pilotos termina no fim do ano. Kimi Raikkonen completou 40 anos dia 17 de outubro do ano passado. Em 2021, começaria a temporada com 41 anos. E custa caro, US$ 6 milhões - R$ 34 milhões -, para a realidade da escuderia do italiano Pascal Picci, que compete com o nome Alfa Romeo em razão de um acordo com a Ferrari. As duas marcas pertencem ao grupo Fiat Chrysler.

É pouco provável que Raikkonen permaneça diante da necessidade de a Alfa Romeo precisar de um piloto que leve patrocinador e não receba para correr.

Já a outra vaga é de “propriedade” da Ferrari. John Elkann, presidente da marca italiana, decide em conjunto com Binotto quem deve competir lá. Antonio Giovinazzi, 26 anos, disputou, em 2019, um campeonato muito abaixo das expectativas. Terá outra oportunidade este ano.

Há uma chance razoável de o time com sede em Hinwil, próxima a Zurique, na Suíça, substituir seus dois pilotos em 2021. Um que leve US$ 15 milhões e outro que atenda aos interesses da Ferrari. Este já foi escolhido.

Mick, flho de Michael Schumacher: se for bem na F2 esse ano pode carimbar seu passaporte para a F1
Crédito: Divulgação
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Se Mick Schumacher, alemão, 21 anos, filho de Michael Schumacher e membro da academia da Ferrari, disputar este ano uma temporada de F2 mais promissora que a primeira, deverá ficar com a vaga. Em 2019, terminou em 12º, com uma vitória, único pódio.

Haas

É outra escuderia que precisará rever sua política com relação aos pilotos. O americano Gene Haas, proprietário, paga para Kevin Magnussen, dinamarquês, 27 anos, e Romain Grosjen, francês, 34, acelerarem seus carros.

A queda preocupante na receita o levará a ter de contratar pilotos que levem patrocinadores. E nesse caso o talento começa a ficar em segundo plano. Mais: não será fácil encontrar pilotos com elevada capacidade técnica e de investimento em 2021.

Kevin Magnussen: nem ele, nem seu companheiro de equipe Romain Grosjen, devem continuar na Haas em 2021
Crédito: Divulgação
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O fato é que provavelmente os pilotos da Haas, no ano que vem, deverão ser outros. Pilotos com bons investidores atrás de si. Os três primeiros colocados na F2, este ano, os que recebem a superlicença para disputar a F1, terão chances - se tiverem patrocinadores.

Williams

O talentoso George Russell tem contrato para 2021. Mas só permanece na Williams se Bottas corresponder ao que Wolff espera dele este ano. Como mencionado, Russell é da academia da Mercedes.

A Williams tem um desconto de US$ 10 milhões – R$ 58 milhões – dos US$ 15 milhões cobrados pela Mercedes pelo uso da sua unidade motriz por causa de Russell.

Se Russell sair, Claire Williams terá de contratar alguém que leve dinheiro, mesmo que indireto, como o inglês. Nesse caso teremos de esperar até o fim do ano para entender quem tem potencial para competir na F1 e conta com investidores.

O outro piloto, o canadense Nicholas Latifi, 24 anos, vice-campeão da F2, em 2019, na sua quarta temporada na categoria, está colocando muito dinheiro na Williams. Seu pai, o milionário canadense Michael Latifi, já é sócio do Grupo McLaren.

Nicholas Latifi só sai da Williams se for muito mal nesta temporada
Crédito: Divulgação
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Só não segue na Williams, em 2021, se for ineficiente demais ou não desejar. Sua contribuição financeira para a equipe é de grande importância, em especial nesses tempos de pouco dinheiro circulante.

No dia 5 de julho, depois da primeira corrida do ano, no Circuito Red Bull Ring, os profissionais da F1 começarão a receber as peças do quebra cabeça destinado a definir a imagem da formação de pilotos e equipes em 2021.

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