As primeiras providências foram anunciadas em meados de dezembro, no apagar de 2023, pela Agência Nacional de Segurança de Trânsito em Autoestradas (NHTSA). Criado em 1970, este é o órgão máximo do governo americano sobre segurança rodoviária, e ligado ao ministério dos Transportes.
Apresentado oficialmente como um aviso prévio de regulamentação da tecnologia antiembriaguez ao volante, o objetivo é, segundo a revista Motor Trend, a primeira tentativa formal de garantir que todos os carros novos vendidos nos EUA venham com algum modo de detecção de taxa de álcool no organismo dos motoristas. Abre-se também a possibilidade de instalação de um bloqueio que impeça o veículo de ser posto em movimento.
Alguns fabricantes de automóveis, segundo a agência, têm discutido publicamente nos últimos anos o desenvolvimento desses sistemas de segurança. Corroborando a afirmação, logo depois do anúncio da NHTSA a presidente da GM, Mary Barra, em entrevista ao Economic Club, em Washington, foi taxativa: “Estamos trabalhando com o órgão regulador com esse objetivo, e já desenvolvemos tecnologia para isso”.
Outros países na Europa também estudam a instalação desse tipo de equipamento, que seria usado nos veículos de motoristas que provocaram acidentes ao dirigirem sob influência de álcool. O problema existe desde o início da era do automóvel. A Wikipedia registra que George Smith, motorista de táxi em Londres, foi a primeira pessoa a ser condenada por dirigir alcoolizada, em 10 de setembro de 1897. Na época, recebeu uma multa de 20 xelins.
Os acidentes fatais de trânsito vêm subindo bastante nos EUA, em especial os relacionados ao consumo de álcool antes de dirigir. Segundo o Instituto das Seguradoras para Segurança nas Estradas (IIHS), em 2021 foram registradas 13.384 mortes envolvendo motoristas alcoolizados, uma impressionante proporção de 31% sobre o total de fatalidades.
Aliás, o IIHS também aponta como causa do aumento da mortalidade o fato de mais motoristas terem optado pela compra de veículos pesados como SUVs e picapes.
O governo americano deu prazo até 2024 para que a NHTSA estabeleça os requisitos para que os fabricantes desenvolvam tecnologia avançada de prevenção de embriaguez ao volante, e também de deficiências como sonolência e distração a exemplo de manuseio de celulares. Essas duas últimas exigências são subnotificadas pela dificuldade de comprovação em acidentes violentos.
Abriu-se um prazo de 60 dias para que motoristas, fabricantes e demais interessados possam se manifestar. A agência reconhece que há recursos tecnológicos, mas não tem certeza sobre quais os mais adequados para se tornarem obrigatórios. Nem quanto isso custaria aos compradores de carros novos. Hoje, já é comum modelos saírem de fábrica com câmeras que detectam sonolência ao rastrear os olhos do motorista e também sensores para avisos de saída e permanência em faixas de rolagem.
Também a tecnologia de bafômetro avançou muito, já que alguns motoristas já são obrigados a usar testes de bloqueio de partida do veículo antes de dirigir, caso tenham sido condenados ou presos por acidentes que provocaram. Um desafio à parte é conseguir determinar exatamente o nível de deficiência que impeça um motorista de assumir o volante. A NHTSA admite que a alcoolemia é um indicador não confiável de comprometimento real, dadas as diferenças no tamanho e
peso das pessoas, tolerância ao álcool e assim por diante.
De acordo com a Motor Trend, “outros métodos para detecção de comprometimento para dirigir sob efeito de álcool estão sobre a mesa, a partir de análise comportamental baseada em câmeras, talvez se sobrepondo aos detectores de sonolência que os carros já possuem ou algum novo tipo de detecção passiva do hálito”.
A publicação especializada, que circula desde 1949, cobra da NHTSA respostas a algumas perguntas:
Porém, a publicação, por meio de seu site, ressalva que esses alertas devem ser ponderados frente às mais de 10.000 mortes evitáveis por motoristas alcoolizados anualmente nos EUA. Há um claro e positivo interesse de segurança de trânsito. Destaca, ainda, que dirigir sob efeitos de drogas foi item excluído das futuras regras. Isso se dá porque a tecnologia de detecção ainda não está madura ou mesmo consistente para ser aplicada inicialmente.