Etanol, gasolina ou diesel: qual é o melhor?

Aprenda as vantagens e as desvantagens de cada combustível no uso cotidiano, seja em termos de consumo e emissões

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Redação WM1
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Se você está pensando em comprar um carro ou já tem um, provavelmente já deve ter se questionado qual é o melhor combustível para rodar no dia a dia, sobretudo na cidade, considerando os custos com abastecimento - determinados pelo consumo médio e o preço do litro do produto que você coloca no tanque.

Para quem é dono ou pretende comprar um veículo flex, que pode ser abastecido com qualquer proporção de gasolina ou etanol, a base para o cálculo já é bastante difundida: se o preço do derivado da cana-de-açúcar for igual ou menor que 70% do valor cobrado pelo combustível de origem fóssil, vá de etanol. Isso acontece por conta do poder calorífico menor do etanol, que resulta, em média, em consumo cerca de 30% maior. Ou seja: é preciso mais etanol para gerar a mesma quantidade de energia (e quilometragem) que a gasolina.

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No entanto, estudo recente realizado pelo Instituto Mauá de Tecnologia, encomendado pela UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) aponta que motores flex mais modernos conseguem melhorar o rendimento do álcool para até 75,4%, dependendo do modelo e do estilo de condução. Nesse caso, o ideal, se você já tem o veículo, é fazer a medição diária de consumo, considerando sempre o mesmo trajeto, para aferir o rendimento real do automóvel e, então, decidir com qual combustível abastecer.

Gasolina vale mais a pena na maioria dos estados, nos quais o preço do etanol não compensa
Crédito: Combustível
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"O etanol poderia render mais, mas isso hoje não é totalmente explorado por conta das restrições quando emissões de poluentes. Já nos anos 80, quando o etanol surgiu no Brasil com incentivos do programa Proálcool, do governo federal, carros a etanol chegavam a 80% da eficiência energética da gasolina", destaca Renato Romio, engenheiro mecânico que é chefe da divisão de motores e veículos do Instituto Mauá. Vale destacar que, nos primórdios, lá nos idos da década de 1980, não existia carro flex: ou era a gasolina ou abastecido com álcool.

Por conta de questões de tributação diferenciada de estado para estado, e levando em conta que os principais produtores de etanol ficam concentrados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o preço desse combustível não é competitivo frente à gasolina na maioria dos estados da federação. Hoje, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso são os cinco principais produtores de etanol do país e nesses estados o preço do etanol costuma compensar.

Vale destacar que, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo), nas últimas semanas o preço do etanol baixou na maioria dos estados, porque nesta época do ano começam a colheita e a moagem da cana, aumentando a disponibilidade do combustível e reduzindo o preço médio.

DIESEL E O 'DIESELGATE'

Manipulação em testes de homologação para motores a diesel veio a público em setembro de 2015
Crédito: Motor Volkswagen Diesel TDI
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E o diesel? Em comparação com o álcool e com a gasolina, ele, que também é um derivado do petróleo, é o combustível com maior poder calorífico e mais rendimento dos três. "Frente à gasolina, o diesel apresenta eficiência energética cerca de 12% maior, ou seja, você consegue rodar esse percentual ou mais com um litro de diesel. Além disso, o diesel é mais barato que a gasolina, pois recolhe menos impostos, por ser um combustível voltado principalmente a veículos comerciais", afirma Francisco Nigro, engenheiro que pertence ao conselho da SAE Brasil e também é professor da Poli. "Para o diesel valer a pena em termos de consumo, é preciso rodar muito para compensar a valor maior de aquisição do veículo", completa o engenheiro.

Um dos poréns do diesel, destaca o especialista, é o custo de aquisição consideravelmente maior ante veículos flex ou a gasolina. Além disso, salienta, é proibida a comercialização de carros de passeio abastecidos com esse combustível no país. "O diesel recolhe menos tributos por ser direcionado ao transporte de cargas, à infraestrutura, por isso seu uso é vetado em carros de passeio. Além disso, hoje o Brasil precisa importar esse insumo, não é autossuficiente na produção desse combustível. Porém, montadoras encontraram uma brecha na legislação e veículos mais pesados com tração integral e reduzida são enquadrados como utilitários fora-de-estrada e podem ser comercializados com motor a diesel, mesmo se utilizados 100% do tempo como carros de passeio e não de trabalho", afirma Nigro.

De fato, hoje dá para comprar picapes e SUVs a diesel no país e dificilmente você verá um utilitário esportivo sendo usado para transportar carga em uma fazenda, por exemplo.

EMISSÕES

E tem também a questão da poluição. Após o recente escândalo do "dieselgate", envolvendo manipulação de testes de emissões de poluentes em veículos da Volkswagen e de outras marcas na Europa e nos Estados Unidos, o diesel está gradualmente saindo de cena no mercado europeu, onde historicamente tem sido um dos combustíveis preferidos da população, principalmente entre carros de passeio. A própria Volks está direcionando seus investimentos na eletrificação da sua linha no continente europeu, em detrimento de novas tecnlogias a diesel.

"Mesmo com o avanço considerável das tecnologias de motores a diesel, que tiveram de evoluir consideravelmente nos últimos anos para se adequarem aos limites cada vez mais estritos de emissões, principalmente na Europa, eles ainda emitem muitos materiais particulados resultantes da combustão, que são aspirados pelas vias respiratórias e são nocivos à saúde", alerta Nigro.

O engenheiro da SAE Brasil informa que, em motores a gasolina, etanol ou flex a liberação de material particulado é muito menor e, como em veículos a diesel, cerca de 90% das emissões de componentes nocivos à saúde, como hidrocarbonetos, NOx e monóxido de carbono são eliminados pelo catalisador do veículo. "A grande vantagem do etanol ante os demais combustíveis é a descarbonização, ou seja, a redução nas emissões de CO₂ (dióxido de carbono) na atmosfera", explica Nigro.

Isso acontece pelo fato de o etanol hidratado, aquele que você coloca no tanque, ser extraído da cana, uma planta que utiliza o CO₂ no processo de fotossíntese, removendo o gás da atmosfera e compensando o dióxido de carbono resultante da queima do combustível.

De acordo com a UNICA, entre janeiro e junho de 2018 o consumo médio mensal de 2,2 bilhões de litros de etanol (anidro e hidratado) pela frota flex evitou a emissão de 32 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera, um recorde na série histórica em 15 anos. No 1º semestre de 2015, o valor foi de 29 milhões de toneladas.

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