Ela é mais espaçosa que uma Fiat Toro e mais rápida do que uma Volkswagen Amarok V6. Falamos da Maverick, modelo que resgata um nome lendário da Ford e quer ser a melhor picape com conforto de SUV. O preço de lançamento é de R$ 239.990.
Esta é a menor picape da montadora nos Estados Unidos. Por lá, é oferecida em três versões e tem até motorização híbrida. Já o Brasil vai receber apenas a versão completona, Lariat, que é equipada com o motor 2.0 turbo a gasolina de 253 cv de potência.
A configuração tem ainda o pacote FX4, que agrega equipamentos off-road. Destaque para os ganchos nas extremidades do para-choque frontal, além da preparação para reboque localizada no centro da base traseira.
Tais elementos realçam a mensagem de força que o design da Maverick emana. As linhas são fluídas, com poucos vincos marcantes, enquanto o capô é reto e os para-lamas exibem musculatura vigorosa sobre a caixa de rodas de 17 polegadas em tom preto.
Mas o grande destaque estético fica por conta da dupla grade e faróis. O primeiro item é extenso e ostenta uma barra cinza que nasce no logo oval e estende-se até o conjunto ótico. Este, por sua vez, abriga no topo as luzes de uso diurno, enquanto as luzes principais ficam na base. Ambos os elementos são em LED.
Nas laterais não há ornamentos. O único detalhe chamativo é o conjunto de botões que permitem acesso à picape por senha, num estilo que remete ao finado sedã Fusion. O macete permite com que o motorista deixe a chave dentro do carro e dê um ‘tchibum’ em praias ou cachoeiras sem medo de ser feliz.
Por outro lado, apesar de a Maverick ter chave presencial com partida por botão, não há sensor nas portas para destravamento. Um vacilo não tão relevante quanto o fato de a picape não prover capota marítima como item de série. Ora, se a intenção da Ford é atrair o consumidor que pensa em comprar um SUV, tal equipamento deveria ser essencial, uma vez que a caçamba faz as vezes de porta-malas. O componente é vendido apenas como acessório, por R$ 1.250,56.
A própria capacidade da caçamba não é um item de destaque do modelo. Se o compartimento é capaz de levar 943 litros, o que é bom, a capacidade de carga não passa de 617 quilos. A Fiat Toro, que é menor, pode tracionar 670 nas versões flex e 1.000 kg nas configurações turbodiesel.
Outras ausências que fazem diferença no cotidiano são os sensores de estacionamento. É verdade que existe a oferta de câmera de ré, mas o apitinho dos sensores é um recurso que ajudaria bastante já que falamos de uma picape de 5,07 metros de comprimento e 1,84 m de largura.
Pelo mesmo motivo seria legal a oferta de monitor de ponto cego. Aliás, os itens avançados de assistência dinâmica ficam limitados a controle de cruzeiro, frenagem de emergência com detector de pedestres e ciclistas. Não há ACC (piloto automático adaptativo), nem assistente de permanência em faixa, equipamentos que já são realidade em picapes médias.
Mas é possível que nenhum comercial leve de categoria superior tenha um acabamento interno tão agradável quanto a Maverick. E olha que existem poucos materiais macios, restritos aos apoios de braço nas portas e no baú central.
O layout lembra o Ford Bronco Sport. As cores dos componentes são harmônicas. Combinam tons de azul com marrom, em referência ao céu e à terra.
Há peças com parafusos aparentes no console e nas portas, o que transmite uma atmosfera industrial.
Também há bastante praticidade graças à infinidade de porta-objetos. É possível carregar duas garrafas de 600 ml e uma de 1 litro nas portas. Há nichos atrás e ao lado da central multimídia. Tem espaço volumoso no baú central e até embaixo dos bancos traseiros.
Apesar de tanta versatilidade, faltou um carregador de celular por indução. Existem dois espaços específicos para abrigar smartphones, mas nenhum permite com que o motorista abandone o cabo. Aliás, não há pareamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay no display central de 8 polegadas.
Já o cluster tem uma tela de 6,5”. É possível escolher quais informações exibir por meio do volante multifuncional. No entanto, velocímetro e conta-giros ainda são exibidos em mostradores analógicos.
Sobre a direção, um ponto positivo é o fato de ser elétrica e ter ajustes de altura e profundidade. Outros itens de série de destaque são ar-condicionado de duas zonas, 7 airbags, tapetes de borracha e bancos revestidos em couro, sendo que o do condutor tem ajustes elétricos.
Mas o que torna a Maveca especial é a condução. O repórter que aqui avalia nunca havia conduzido picape tão gostosa de dirigir. É muito provável também que qualquer carona nunca tenha viajado em um comercial leve tão confortável.
Não falamos apenas de uma picape com conforto de SUV, comparação que qualquer marqueteiro gostaria de fazer. O assunto é uma caminhonete mais saborosa do que boa parte dos utilitários-esportivos disponíveis no Brasil.
A suspensão com perfil traseiro multilink é exemplar. O isolamento acústico é comparável ao de sedãs médios. A direção é firme e direta, enquanto a altura de dirigir é mais sentada, com poucas oscilações bruscas.
O propulsor 2.0 EcoBoost desenvolve 253 cv a 5.500 rpm e 38,7 kgf.m de torque a 3.000 giros. Sob a batuta da transmissão automática de oito velocidades com botão giratório, a picape acelera de 0 a 100 km/h em 7,2s. É mais rápida do que qualquer SUV compacto ou picape média no País.
É possível selecionar cinco modos de condução: normal, areia, lama, terra e transportar. O último é específico para situações de reboque. Os comandos são de fácil acesso por meio de botões próximos ao freio de estacionamento eletrônico.
Conforme detalhado, o desempenho da Maverick tem como mote a performance e o prazer ao guiar. Não por acaso, o modelo é equipado de motor a gasolina, em vez de turbodiesel. Essa escolha acarreta uma capacidade de carga limitada, vide o que falamos anteriormente, além de um consumo de combustível regular. Na cidade, a média é de 8,8 km/l, enquanto na estrada, os números sobem para 11,1 km/l.
O índice é semelhante ao das versões 1.3 turboflex da Toro, mas inferior às opções turbodiesel da picape da Fiat, que pode cumprir com 10 km/l em vias urbanas, e 12,5 km/l, em rodovias.
Apesar de tantas menções ao campeão de vendas da Stellantis, o fato é que a Ford Maverick não tem rivais diretos em nosso mercado. Se o assunto é porte, a picape é 13 cm maior do que a Toro e 28 cm menor do que a Ranger. Mas se o papo for preço, ela é R$ 30 mil mais cara do que a versão topo de linha da picape da Fiat e cerca de R$ 60 mil mais em conta do que modelos médios como Chevrolet S10 e Toyota Hilux.
O fato é que a Maverick tem capacidade para fisgar o coração do consumidor de todas as categorias citadas, além, é claro, dos donos de SUV e até de sedãs. Embora deva alguns equipamentos relevantes, o modelo é extremamente prazeroso e oferece uma experiência única.