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Great Wall teria comprado fábrica da Mercedes

Segundo o jornal O Globo, marca chinesa teria adquirido a unidade em Iracemápolis, no interior de São Paulo

por Guilherme Silva

A Great Wall já foi cogitada como uma das empresas chinesas interessadas nas antigas instalações da Ford em São Bernardo do Campo (SP) – que acabaram adquiridas por uma empresa de logística - e também no parque industrial da empresa norte americana em Camaçari (BA). Mas uma reportagem do jornal O Globo revelou que a gigante chinesa teria comprado a fábrica de automóveis da Mercedes-Benz, em Iracemápolis, no interior paulista.
De acordo com o jornalista Marcelo Ninio, a transação foi fechada há duas semanas e foi confirmada em uma publicação interna da Great Wall. Um anúncio oficial deverá ser divulgado nos próximos dias. Os valores do negócio não foram revelados.
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A unidade de Iracemápolis (SP) teve as suas atividades produtivas encerradas no final de 2020. A fábrica foi responsável pela produção nacional do sedã Classe C e do SUV compacto GLA durante quatro anos.
A linha de montagem, que operava abaixo de sua capacidade máxima, foi desativada após ficar ociosa devido à pandemia. Com isso, a Mercedes-Benz voltou a vender somente carros importados. A fábrica de caminhões e chassis de ônibus em São Bernardo do Campo (SP), no entanto, segue em atividade.

Maior fabricante de veículos da China, a Great Wall “namora” o mercado brasileiro há pelo menos dez anos e chegou a anunciar que produziria cerca de 100 mil carros por ano no país em uma parceria que seria formada com o Grupo Caoa (responsável pelas operações da também chinesa Chery), que pretendia erguer uma fábrica na Paraíba.
Na época, desentendimentos com o governo local, a crise econômica e o “super IPI”, que elevou consideravelmente os impostos de importação, culminaram no fim dos planos da Great Wall em produzir automóveis no Brasil.
No entanto, a Great Wall tem expandido a sua participação no mercado internacional. A empresa adquiriu fábricas de outras marcas na Ásia, inclusiive as instalações da General Motors na Tailândia. A chinesa também já fabrica veículos na Rússia.

Os segmentos de atuação da Great Wall

A gigante automotiva atua globalmente com quatro divisões distintas. O maior volume de vendas está com a Haval e sua linha de SUVs. Mas a Great Wall é referência em picapes na Ásia, com sua gama Poer - única que leva o nome do grupo.
Também começa a botar as asinhas de fora com a Wey, seu braço de luxo, e com a Ora, a marca de elétricos - a mesma que exibiu, no Salão de Xangai, em abril passado, o Punk Cat, o clone do Fusca sem motor a combustão.

Possível estratégia da Great Wall para o Brasil

A ideia é iniciar as operações no Brasil daqui a dois anos com as principais frentes: a Haval e linha Poer. Executivos e consultores que acompanham e participam do processo de estudos da montadora dizem que os SUVs e picapes serão os primeiros carros que a Great Wall terá no Brasil, para garantir volume e rentabilidade.
Os modelos viriam importados e seriam negociados em uma rede única - inicialmente, com cerca de 60 pontos de venda. Para tal, o processo de homologação dos veículos começaria em 2022, assim como a seleção e nomeação dos primeiros concessionários. Bom lembrar que alguns carros da GW já foram homologados no INPI.
Desta forma, as operações industriais viriam na sequência, com o foco na produção justamente nos utilitários menores (coisa para depois de 2024). Nesse meio tempo, a montadora planeja importar um modelo da Ora e outro da Wey para servirem como "vitrine".
Oficialmente, a Great Wall não confirma o início das operações. A empresa diz apenas que continua em estudos para viabilizar sua presença no mercado brasileiro e solidificar suas atividades no continente - a marca atua em sete países da América do Sul e tem uma fábrica de CKD no Equador.
Mas com base nas informações das fontes ligadas ao mercado e nas próprias estratégias da empresa nos países vizinhos, temos uma lista com os primeiros carros que a Great Wall terá no Brasil.
Modelos que podem ser feitos em Iracemápolis (SP)
Haval H2

Esse será o modelo de entrada da linha no país. Tem 4,36 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,71 m de altura e 2,56 de entre-eixos. O porte é semelhante ao do falecido Ford EcoSport.
O H2 atuaria na base do segmento de crossovers, contra o SUV do Argo que acaba de ser mostrado, e outros modelos que chegarão em breve, como o jipinho do Citroën C3 e o da Toyota, baseado no Daihatsu Rocky, além de versões de entrada de Caoa Chery Tiggo 2Hyundai Creta e Renault Duster.
Haval H4

A estratégia com o H4 é ter um representante para atuar entre versões intermediárias e topos de linha de outros SUVs compactos, mas com melhor custo-benefício, já que esse utilitário tem porte de Jeep Compass. São 2,66 m de entre-eixos, além de 4,41 m de comprimento.
No caso, o modelo concorreria em uma faixa de segmento com Caoa Chery Tiggo 5xNissan KicksCItroën C4 CactusPeugeot 2008VW T-Cross, entre outros.
Haval H6

Esse aí pode chegar para ser uma opção mais espaçosa no segmento dominado pelo Jeep Compass - que acaba de ser remodelado. Com 4,61 metros de comprimento e 2,69 metros de entre-eixos, o H6 se enquadraria na categoria de utilitários esportivos médios.
O modelo foi recentemente reestilizado e tem também uma opção Coupé, com linha de cintura estendida e vidro espia depois da porta traseira. Pode surfar também na onda dos SUVs acupezados maiores.

Great Wall Poer


A imponente picape média seria a arma da Great Wall para ter margens melhores dentro de um segmento que registra crescimento nas vendas. A Poer miraria especialmente na líder Toyota Hilux e em modelos como Chevrolet S10Ford RangerNissan FrontierVolkswagen Amarok e Mitsubishi L200.
No mercado chinês, inclusive, a picape tem itens de auxílio ao motorista. Entre os equipamentos, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, monitoramento ativo de faixa e sensor de ponto cego.
Com Fernando Miragaya

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