Evidente que os eletrificados existem desde o século 19. Em 1915, contudo, com o Ford T, a indústria tomou outros rumos e o carro elétrico perdeu força. Anos depois, em 1973, a crise do petróleo fez com que fabricantes voltassem a olhar para os veículos elétricos com mais carinho e vislumbrassem um futuro diferente para o setor automobilístico. João Gurgel foi um deles.
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Notório crítico do combustível vegetal, o engenheiro resolveu levar adiante o projeto Itaipu. O carrinho foi lançado em 1974, no Salão do Automóvel. Duas dezenas de protótipos foram produzidos na fábrica da Gurgel Motores em Rio Claro (SP), e começaram a rodar no ano seguinte.
Com design geométrico, trapezoidal, e capacidade para apenas duas pessoas, o Gurgel Itaipu E150 tinha 2,65 m de comprimento e 1,40 m de largura. O pequenino veículo pesava 460 kg. Destes, 320 kg de "gordura" eram compostos pelas baterias - uma na frente, dez atrás dos bancos e duas debaixo do assoalho.
No entanto, o calcanhar de Aquiles do Gurgel Itaipu E150 sequer era peso, ou espaço interno. Seu motor era de 3,2 kW, que equivalem a 4,2 cv. Sua velocidade máxima? 60 km/h. Para piorar, a autonomia do modelo, segundo o fabricante, era de 80 km. Ainda mais inconveniente era o tempo de recarga do veículo, de dez horas.
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A ideia de Gurgel era de começar a produzir o Itaipu E150 ainda em 1975. O engenheiro tinha como objetivo vendê-lo na mesma faixa de preço, à época, do Fusca 1300. Infelizmente, o carrinho não vingou e ficou apenas na fase de protótipo.
O fabricante ainda depositaria suas fichas em outro eletrificado anos depois. Em 1980, a Gurgel lançou o Itaipu E400, furgão que chegou a compor a frota das companhias brasileiras de eletricidade do período. Todavia, tal qual o E150, o modelo não foi para a frente. Autonomia de 80 km, motor que entregava o equivalente a 11 cv e tempo de recarga de dez horas acabaram com quaisquer chances do utilitário.
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Embora não tenham feito sucesso, impossível chamar E150 e E400 de fracassos da indústria. Gurgel desbravou mares que ninguém sonhava em navegar - especialmente no Brasil. O engenheiro, lá nos idos das décadas de 1970 e 1980, antevia os futuros movimentos do mercado. Não à toa, em 2020, vemos cada vez mais fabricantes investindo em produtos elétricos em nosso país.
Lembra de como começamos o texto? Pois é. João Augusto Conrado do Amaral Gurgel era, de fato, um visionário.
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