Essa estratégia de preços coloca o novato compacto em uma posição bem acima dos concorrentes. As versões completonas de Hyundai HB20 e Chevrolet Onix oscilam próximo de R$ 105 mil. Outra comparação importante se dá dentro de casa: o Fit não passava de R$ 107.300 na última tabela de preços anterior à aposentadoria.
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Para tentar justificar o investimento, a Honda aposta em um pacote de equipamentos recheado desde a versão de entrada. O modelo vem com ar-condicionado digital, chave presencial com partida por botão, seis airbags, rodas de aro 16”com acabamento diamantado, bancos revestidos em couro, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, faróis de neblina, central multimídia e painel de instrumentos digital.
A configuração Touring acrescenta faróis dianteiros full LED, sensores de estacionamento dianteiros, monitor de ponto cego via câmera, além de sistema de frenagem de emergência, assistente de permanência em faixa e piloto automático adaptativo, este, item pouco ofertado na categoria.
Ambas as versões são equipadas com a mesma mecânica. O motor 1.5 é totalmente novo, duplo comando de válvulas no cabeçote, além de injeção direta de combustível. No entanto, não é turboalimentado, o que vai de encontro com boa parte da concorrência.
Ainda assim, é o mais potente da turma. Rende 126 cv a 6.200 rpm tanto com gasolina, quanto com etanol. Já o torque varia entre 15,5 kgf.m, com combustível mineral, e 15,8 kgf.m, com o derivado da cana-de-açúcar.
Esse conjunto faz parceria com uma transmissão automática do tipo CVT. É possível gerenciá-la por aletas atrás do volante.
Segundo apresentação técnica da Honda, é possível assegurar que o City Hatch é mais rápido do que o Fit, mas ainda fica atrás de pelo menos dois concorrentes. Não é possível cravar a aceleração de 0 a 100 km/h porque a montadora tem a política de não divulgar tal dado. Mas dá para afirmar que o novo compacto cumpre com a tarefa acima dos 10,5 segundos.
Na prática, é possível sentir que o modelo tem uma desenvoltura confortável e estável. É ligeiro o bastante para que o motorista não passe nenhuma dor de cabeça seja na cidade ou na estrada.
Ou seja, é uma pegada que lembra bastante o Fit. Inclusive no quesito sonoro. Aquela rotação alta característica de carros com câmbio CVT continua bem audível, especialmente em momentos cujo motor precisa entregar mais torque, como em subidas, por exemplo.
Consumo surpreendente
Mas o que melhorou bastante foi o consumo de combustível. Os números chegam a surpreender: 13,3 km/l (gasolina) e 9,1 km/l (etanol) no perímetro urbano e, 14,8 km/l (g) e 10,5 (e) km/l, nas rodovias. São médias de fazer inveja aos compactos mais econômicos.Outra otimização relevante está no espaço para a família. Os 2,60 metros de entre-eixos são os mesmos do City Sedan. Isso significa que rola esticar as pernas numa boa no banco de trás. O hatch de 4,34 m de comprimento é 18 cm maior do que o Onix.
Já a altura é de 1,50 m. Está quase no limite do conforto para adultos de estatura mediana que viajam atrás.
Em contrapartida, a qualidade dos bancos é para agradar geral. Eles têm material macio e são rechonchudos. O encosto de cabeça parece até um travesseiro. Graças à modularidade dos bancos, herança do Fit, e que permite deixar os assentos praticamente planos, a sensação que fica é que rolaria dormir num City Hatch sem muito caô.
Mas nem tudo são flores em relação ao porte do modelo. Isso porque o bagageiro perdeu capacidade relevante em relação ao finado Fit, que de tão lembrado nesta matéria, certamente vai assombrar o autor do texto em uma noite mal dormida.
O porta-malas de 268 litros tem volume 95 litros menor na comparação com o hatch aposentado. É menor ainda do que o bagageiro de Onix, que nem é referência no quesito, por entregar 275 litros.
Mais e altos e baixos
Os altos e baixos continuam quando o assunto é conectividade. A central multimídia aumentou, tem 8 polegadas e conta com pareamento com Android Auto e Apple CarPlay sem a necessidade de fio. Mas não pense que tudo é prático. Como o modelo não tem carregador de celular por indução, você ainda assim vai precisar do cabo USB para não ficar com a bateria no vermelho.Já o painel de instrumentos ficou mais moderno por ter um display digital de 7 polegadas no canto esquerdo. O material em TFT é tão sutil que não destoa do velocímetro analógico, o que acarreta um visual caprichado. Por outro lado, há quantidade limitada de informações exibidas. O display poderia ser melhor explorado.
O que não deve ser passível de muitas críticas por parte do consumidor é o design, extremamente semelhante ao da variante sedã do City. A única diferença está na grade abaixo da volumosa barra cromada. O sedã tem acabamento em preto fosco com um filete horizontal. O hatch tem esquema de colmeia, que suscita esportividade.
No mais, tudo é muito limpo. Não existe plástico pra lá e vinco pra cá. São poucos elementos em ambas as extremidades. Desta forma, o protagonismo resta ao conjunto ótico afilado. O formato das lanternas traseiras tem sido comparado nas redes sociais ao do BMW Série 3.
Pelo conjunto da obra, a conclusão é de que o Honda City Hatchback herdou um legado consistente do Fit e otimizou a oferta de tecnologia, principalmente na seara da assistência dinâmica.
Apesar de alguns vacilos em conectividade e no bagageiro, deve conquistar o público fiel da Honda. A questão é saber se essa galera vai topar bancar um investimento acima da média no segmento de compactos.
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