Vendido por R$ 149.990, o JAC E-JS1 está longe de ser barato, mas ainda assim é o novo carro elétrico mais em conta do Brasil. O pequeno chinês chega às concessionárias por, no mínimo, R$ 80 mil a menos que outros compactos urbanos movidos a eletricidade, como o Renault Zoe (R$ 229.990) e o Fiat 500e (R$ 249.990).
Baseado na plataforma do antigo J2 e do também elétrico iEV20, o E-JS1 é o primeiro carro desenvolvido pela SOL, a joint-venture formada após a Volkswagen desembolsar um bilhão de euros para adquirir, no ano passado, 50% da JAC Motors na China para a criação de uma marca de veículos elétricos.
Para se locomover com agilidade no trânsito urbano, o E-JS1 se vale do baixo peso (apenas 1.180 kg) e de um motor dianteiro que, apesar de gerar apenas 62 cv de potência, entrega 15,3 kgf.m de torque imediato (assista no fim da reportagem o teste que o WM1 fez com o modelo). Essa força, equivalente à de um motor 1.6 aspirado a combustão, garante desempenho bastante satisfatório no uso cotidiano. Durante o teste, o carrinho se mostrou bem esperto para enfrentar subidas e trechos de rodovia com três pessoas a bordo.
A dirigibilidade é típica dos elétricos: praticamente nenhum ruído (ouve-se apenas o barulho da rolagem dos pneus de medidas 165/65 R14) e arrancadas vigorosas o suficiente para deixar os demais carros para trás nos semáforos. Segundo a JAC Motors, o E-JS1 acelera de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos, mas a velocidade máxima é limitada em 110 km/h para poupar a carga das baterias com 30 kWh de capacidade.
Comparado com outros modelos da marca chinesa, o elétrico mostra que a parceria com a Volkswagen pode render outros bons frutos. Um dos pontos fortes do elétrico é o acerto de suspensões feitos pela fabricante alemã. A calibração é mais firme, no entanto, não prejudica o conforto dos ocupantes e ainda proporciona um comportamento dinâmico exemplar em curvas mais rápidas. O ajuste da direção elétrica também recebeu um toque germânico no que diz respeito à precisão na hora de mudar a trajetória do carro.
Como quase todo carro elétrico, o JAC pode ser guiado com o uso somente do acelerador. Assim que o motorista alivia a pressão no pedal direito, o sistema de frenagem regenerativa entra em ação, e transforma o motor elétrico em gerador para recuperar parte da carga das baterias. O nível dessa recuperação de energia pode ser ajustado em diferentes modos de condução disponíveis na tela de 10,25 polegadas da central multimídia.
O E-JS1 tem autonomia de até 300 quilômetros (ciclo NEDC), segundo a JAC Motors. “Abastecê-lo” demora cerca de cinco horas em um wallbox de 7 kW (vendido à parte) ou somente 40 minutos nos raros eletropostos rápidos de 380 volts. Um carregador portátil de 15 amperes, que acompanha o carro, pode ser utilizado em tomadas de 220 volts, mas o tempo de recarga sobe para 12 horas (ou 24 horas em instalação de 110 volts).
Se considerarmos o preço do kWh (R$ 0,35) na cidade de São Paulo em agosto de 2021, “encher o tanque” do E-JS1 custa cerca de R$ 10,50. Vale lembrar que esse valor varia de acordo com a tarifa cobrada em cada região do país.
Visualmente, o subcompacto ostenta, no formato dos faróis e no desenho dos para-choques, alguns elementos da linha de elétricos ID da Volkswagen. O interior segue um estilo mais irreverente, com apliques coloridos no painel e no console central, que podem ser personalizados nas cores branco com verde ou branco com rosa.
Apesar da simplicidade do acabamento da cabine, o E-JS1 conta com chave presencial, painel digital de 6,2”, central multimídia com comandos táteis de diversas funções do carro (como o ar-condicionado, por exemplo), freio de estacionamento eletrônico e carregador de celular por indução (sem fio).
Os bancos dianteiros com encosto inteiriço remetem a modelos Volkswagen, enquanto as alavancas que controlam os limpadores de para-brisa e o seletor de marchas na coluna de direção são claramente inspiradas nos comandos dos carros da também germânica Mercedes-Benz.
A própria JAC Motors assume que, embora o E-JS1 seja o elétrico mais barato do país, o subcompacto deverá atrair uma parcela de consumidores de renda mais alta, que desejam se locomover pelas cidades a bordo de um veículo zero emissões.
De qualquer modo, o E-JS1 é uma interessante “porta de entrada” para o mundo dos elétricos, uma vez que atende bem a proposta de veículo urbano, sem precisar desembolsar mais de R$ 200 mil por um elétrico de porte semelhante de marcas mais consagradas.
A JAC Motors espera vender cerca de 50 unidades ao mês do E-JS1. Com a novidade, a empresa pretende atingir a marca de 2.500 veículos elétricos emplacados no ano. Ao todo, a JAC oferece no mercado brasileiro oito modelos (dois subcompactos, dois SUVs, dois caminhões, uma picape e uma van).
Assista ao teste que o WM1 fez com o JAC E-JS1:
Teste-drive a convite da JAC Motors