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JAC T5 automático chega por R$ 69.990

SUV compacto da marca chinesa ganha transmissão CVT e quer ser opção para EcoSport, Duster, CrossFox e HB20X

por Marcelo Monegato

A JAC Motors apresentou nesta sexta-feira (18), em São Paulo, a versão com câmbio automático do utilitário esportivo compacto T5, que chega às 22 concessionárias da marca em todo o País por R$ 69.990. O preço é exatamente o mesmo da opção com transmissão manual de seis velocidade, por isso não se surpreenda se em alguns meses – ou apenas semanas – o valor seja reajustado para cerca de R$ 75 mil.


O T5 é o modelo de maior sucesso da JAC na China, onde de janeiro a outubro deste ano registrou 150.333 emplacamentos – o que lhe garante o posto de 20º veículo mais vendido do país. Aqui no Brasil, o SUV, nesta configuração CVT, chega como uma espécie de salvador da pátria, carregando no porta-malas a responsabilidade de representar 75% do total de vendas da marca. Hoje, por conta do programa Inovar Auto, a JAC Motors pode vender somente 4.800 carros em um ano.



E exatamente por conta desta limitação, o T5 não tem sequer a pretensão de ser um ‘best-seller’, mas sim um incômodo, uma pedra no sapato da concorrência. Bate de frente com Honda HR-V, Jeep Renegade ou mesmo Nissan Kicks? Não! Até mesmo pelo fato deste trio de ferro estar um patamar acima em diversos quesitos, principalmente preço. No entanto, o JAC tem credenciais interessantes para ser uma alternativa para os ‘cansados’ Renault Duster ou Ford EcoSport, e principalmente para os hatches ‘off-roadizados’, como Hyundai HB20X e Volkswagen CrossFox, que completinhos passam fácil dos R$ 70 mil.


BÁSICO PARA SER COMPETITIVO


Quando avaliamos a versão manual, no começo do ano, o T5 agradou. No entanto, em um segmento em que câmbio automático não é um luxo, mas uma exigência do consumidor, o JAC sempre foi carta fora do baralho – mesmo entregando um bom custo-benefício, como manda a tradição dos veículos chineses. Agora, com esta caixa CVT (continuamente variável), o SUV compacto atende aos requisitos básicos para ser, pelo menos, considerado.



O T5 CVT é equipado com motor 1.5 16V Flex (quatro cilindros) que entrega 125 cv (gasolina)/127 cv (etanol) a 6.000 rpm e torque de 15,5 kgf.m (g)/15,7 kgf.m (e) a 4.000 giros. No teste drive que realizamos entre São Paulo e Campinas (SP), o JAC teve um comportamento condizente com a proposta de ser um carro familiar. As acelerações mostram-se morosas e barulhentas, já que quando cravamos o pedal da direita no assoalho em busca de velocidade, o conta-giros belisca as 6.000 rotações, o motor ronca alto e o som acaba invadindo a cabine de maneira ligeiramente incômoda. O interessante é que trafegando a 120 km/h e bloco trabalhando a 3.000 rpm, o nível de ruído não causa desconforto.


Os números de desempenho ilustram bem esta falta de agilidade. A aceleração de 0 a 100 km/h acontece em apenas 12,3 segundos – e a velocidade máxima é de 192 km/h.



No pequeno trecho urbano, ainda pelas ruas da capital paulista, a transmissão CVT funcionou de maneira suave e confortável. Existe a possibilidade de o motorista efetuar as mudanças pela alavanca do câmbio, já que o sistema simula 6 marchas. E antes que questionem, o T5 não tem paddle shift atrás do volante – uma decisão acertada, pois é um recurso bastante inútil neste segmento.


A suspensão, assim como na configuração manual, poderia ser melhor trabalhada, com uma regulagem mais firme especialmente na traseira, que ainda apresenta grande oscilação em ondulações do piso – a dianteira é independente tipo McPherson e a traseira é semi-independente com eixo de torção. Os freios são um ponto positivo, utilizando disco nas quatro rodas – ventilados na frente e sólidos, atrás.


Preço de R$ 69.990 do JAC T5 automático é exatamente o mesmo da versão com câmbio manual



O T5 também é bem recheado de eletrônica. Tem de série controles de tração e estabilidade, freios com ABS (antitravamento) e distribuição eletrônica da força de frenagem, auxiliar de partida em rampa e assistente de frenagem de emergência.


INTERIOR


O espaço interno do T5 é bom. Leva cinco pessoas de maneira confortável, acomodando com carinho os joelhos dos que viajam no banco traseiro. O JAC tem 4,32 metros de comprimento (2,65 metros de distância entre os eixos), 1,76 metro de largura e 1,62 metro de altura. O porta-malas impressiona com capacidade para 600 litros. E o que agrada é que mais agrada é o formato caixote do comportamento, permitindo acomodar melhor grandes malas.


O acabamento é básico. Há plástico rígido por todas a partes – peças emborrachadas, especialmente na parte superior do painel agregaria requinte ao ‘China’. Os cromados estão distribuídos de maneira equilibrada, assim como o ‘Black Piano’, já explorado com menos sabedoria em outros modelos da marca. Os bancos e o volante (multifuncional) são revestidos em couro, e o painel das portas tem partes com material mais agradável ao torque.



Mesmo tendo regulagem de altura do banco do motorista, a posição de dirigir não é tão elevada como em outros SUVs – e esta é uma qualidade muito apreciada especialmente pelas mulheres, pois transmite uma sensação de segurança maior. A coluna de direção também de ajuste de altura, mas fica devendo em profundidade. O painel de instrumentos é simples – nada, infelizmente, de telas em TFT -, mas com computador de bordo e todas as informações necessárias, destaque para o consumo médio e alerta de pneus com calibragem 20¢ abaixo da recomendada.



Salta aos olhos a tela de 8 polegadas sensível ao toque da central multimídia. Totalmente em português, o sistema tem conexão HDMI e Bluetooth, leitor de MP3, entradas USB e SD Card. Destaque para a função Link, que permite espelhar alguns aplicativos do smartphone, como Waze – para isso, no entanto, é preciso que o aparelho esteja conectado à entrada USB. Esta central, aliás, abriga também a câmera de ré.


Entre os outros itens de série estão ar-condicionado, travas, vidros e retrovisores externos elétricos, alarme, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve de 16 polegadas (pneus 205/55 R16), faróis de neblina e airbag duplo frontal.



CONCLUSÃO


Agora com transmissão automática CVT, o JAC T5 passa a ser uma opção a ser considerada. Precisa evoluir em alguns pontos, como acabamento interno com materiais de melhor qualidade, revestimento acústico superior, suspensão com um setup mais firme (especialmente a traseira) e trabalhar na sintonia fina, refinar a relação entre motor e câmbio. Não está no patamar de HR-V, Renegade e Kicks, mas pode atender quem, por conta financeira, tinha nas mãos um leque formado por Duster, EcoSport, HB20X e CrossFox.


E mesmo oferecendo seis anos de garantia de fábrica, mais que o dobro que alguns de seus concorrentes, a JAC necessita urgentemente construir uma imagem de excelente marca também no pós-venda. A qualidade do serviço precisa vencer o medo – e não com discurso, mas com ações.


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