A atuação da KTM no mercado brasileiro é curiosa. No fim do mês passado, revelamos aqui a chegada da "adventure" 1.290 SuperADV S - a primeira aparição aconteceu no Festival Interlagos, um grande evento voltado para motos realizado no autódromo paulista. Agora, a marca começa a vender no Brasil a furiosa 1.290 Super Duke R, uma hiper-naked com visual extremamente agressivo e motor à altura da aparência invocada.
A apresentação da 1.290 SuperADV ainda teve alguma pompa e circunstância, já que a marca aproveitou sua participação no salseiro em Interlagos. Mas a chegada da 1.290 Super Duke R já acontece no "padrão KTM" - ou seja, sem qualquer alarde. Tanto que a moto ainda nem aparece nos sites das (poucas) concessionárias da marca no país nem na tabela Fipe (?). Mas o preço foi confirmado: R$ 149.990.
É uma pena, pois é um modelo que merece um grande rufar de tambores. Não fosse a ausência de carenagens, passaria facilmente por uma nervosa superbike. Tem farol em forma de diamante, guidom baixo e quase reto, abas laterais em forma de raios, quadro treliçado parcialmente exposto, tanque musculoso, para-lamas curtos, banco fininho e rabeta curta e arrebitada.
A linha 2022 (2021 lá fora) surge com vários aprimoramentos. A espessura das paredes internas do motor diminuiu, o que o deixou mais leve. A moto ainda ganhou nova caixa de ar, escape redimensionado e balança monobraço reposicionada - agora é integrada à carcaça do motor. Aliás, tanto o chassi quanto a balança agora têm 15% mais rigidez torcional (chassi em aço cromo-molibdênio e subchassi em alumínio).
O pacote eletrônico também foi atualizado. A Super Duke R tem, entre outros mimos, acelerador eletrônico, controle automático de velocidade e cinco modos de condução (rain, street, sport, track e performance) selecionáveis em tempo real nos novos punhos de comandos. Essas opções inclusive ajustam as respostas dos controles de tração e antiempinadas para ficarem mais ou menos intrusivos.Até o giro do acelerador mudou: ficou mais "curto". Ou seja, agora o piloto precisa girá-lo menos pata obter as mesmas respostas de antes. Isso reduz o ângulo de aceleração no punho do piloto e, por tabela, proporciona um posicionamento de cotovelo mais confortável mesmo em aceleração máxima.
A moto também tem nova pintura, combinando com muito bom gosto o tradicional laranja da marca - presente nas rodas, para-lama dianteiro, treliças do quadro, parte das abas e tampas laterais - com parte do tanque na cor branca. Essa combinação de cores foi inspirada na KTM RC16, que disputa a categoria MotoGP. À frente do piloto, o painel é uma linda tela de TFT rica em informações e conectável com smartphone.
A mecânica é biscoito fino. O motor tem nada menos que 1.301 cm³ e rende obtusos 180 cv de potência a 9.500 rpm e torque de 14 kgf.m a 8.000 rpm para levar seus cerca de 210 quilos em ordem de marcha. É muita força em uma moto sem proteções aerodinâmicas para o piloto! Não por acaso a KTM considera a 1.290 Super Duke R sua principal moto de rua e lhe deu o apelido de "The Beast" ("a fera").
No Brasil, sua única concorrente é a Ducati Streetfighter V4 S, que é mais potente e um pouco mais leve, porém menos torcuda e mais cara: tem 208 cv, 12,6 kgf.m, 199 quilos e custa R$ 157.990. Mais abaixo a opção é a Suzuki GSX-S 1.000A, de 150 cv, 11 kgf.m, 209 quilos e R$ 73.000.
Outras especificações importantes da moto são o câmbio de seis marchas com secundária por corrente, a embreagem hidráulica assistida e deslizante, as rodas de liga leve com cinco raios, os freios Brembo Stylema com quatro pistões na frente e dois atrás, o tanque para 16 litros e o banco a 83,5 cm do solo.
Para completar, as duas suspensões são WP Apex - a dianteira é invertida, tem ajustes de mola, compressão e retorno, e curso de 12 cm; enquanto a traseira é monochoque com reservatórios de gás e óleo, ajustes de mola, compressão e retorno, e curso de 14 cm.