Aos poucos, a Mercedes-Benz vai eletrificando sua linha de automóveis no Brasil. Depois de lançar recentemente o C 200 EQ Boost, que combina o propulsor 1.5 turbo a gasolina com uma pequena unidade elétrica para render cerca de 200 cv, a marca alemã começa a oferecer no país o esportivo AMG CLS 53 com tecnologia parecida para entregar mais de 400 cv.
Com preço sugerido de R$ 599,9 mil, trata-se da estreia da terceira geração do cupê de quatro portas derivado do Classe E, apresentada há cerca de um ano no Salão de Los Angeles, nos Estados Unidos. Enquanto a carroceria traz linhas mais limpas, maior área envidraçada, cabine de alto nível, emprestada do E, e novas tecnologias de assistência à condução, o maior destaque fica mesmo embaixo do capô.
Apesar do foco na performance, afinal de contas se trata de um modelo AMG, o novo CLS 53 também foca a eficiência energética. O elegante cupê chega ao país com novo 3.0 de seis cilindros em linha biturbo, capaz de render 435 cv de potência e 53 kgfm, associado a um pequeno motor auxiliar, que fornece 22 cv e 25,5 kgfm extras em determinadas situações, como carga máxima no pedal do acelerador.
Essa tecnologia, chamada pela Mercedes de ISG (Integrated Starter-Generator), é uma das variantes do que se chama hoje de "hibridização leve"- um mesmo componente, chamado de EQ Boost, funciona como motor de arranque, sistema start-stop (que desliga o motor a gasolina automaticamente em paradas rápidas) e alternador. Em situações de aceleração, provê até cerca de 4% de força extra ao motor 3.0, enquanto nas desacelerações opera como alternador, carregando um pack de baterias de 48 V que alimenta o propulsor elétrico - e também a bateria convencional de 12 V que abastece os demais sistemas do veículo, como em carros convencionais.
É semelhante ao sistema usado no novo C 200, com a diferença que, no caso do CLS 53, esse motor/alternador é conectado diretamente ao volante do motor e, por consequência, ao virabrequim - no caso do Classe C, essa conexão acontece por correia, como em alternadores tradicionais. Embora tanto o C 200 quanto o CLS 53 sejam enquadrados como veículos híbridos pelo governo, a montadora não os considera assim. "Consideramos híbridos somente os veículos que produzimos capazes de rodar em algum momento apenas no modo elétrico. Nesses dois modelos, o motor a gasolina sempre está funcionando e o elétrico só complementa", diz Dirlei Dias, gerente de marketing e vendas da Mercedes-Benz.
Para completar o pacote tecnológico, o CLS 43 conta com tração integral, que distribui automaticamente o torque para os dois eixos e um compressor elétrico para reduzir, juntamente com o motor elétrico, o atraso para as turbinas encherem - especialmente em arrancadas e retomadas. Isso tudo, combinado à transmissão de nove marchas com dupla embreagem, permite uma aceleração de zero a 100 km/h em 4,5 segundos e velocidade máxima limitada eletronicamente a 250 km/h. Tudo isso com muito estilo, luxo e conforto.
O WM1 teve a oportunidade de ver de perto e acelerar a novidade por duas voltas no autódromo Velo Città em Mogi Guaçu, no interior paulista, e te conta aqui as primeiras impressões. O test-drive faz parte do evento AMG Performance Tour, para demonstrar a linha de veículos de alto desempenho da Mercedes.
Dando uma olhada no CLS ainda parado, ele chama a atenção mantendo o tradicional perfil de cupê, com caimento mais acentuado do teto na traseira, e a comodidade das quatro portas - agora, o banco traseiro comporta até três passageiros, enquanto no CLS anterior havia duas poltronas independentes nessa parte do veículo. A nova dianteira traz faróis full-LED com facho inteligente mais esguios, ladeando a grade dianteira com barra dupla cromada e a estrela de três pontas centralizada. A traseira é parecida com a de cupês recentes da marca, com lanternas horizontais, também de LEDs, "invadindo" a tampa do porta-malas (com capacidade para 490 litros), mais a estrela centralizada. Por falar na tampa, ela traz um aerofólio integrado, enquanto a grade dianteira tem persianas que abrem ou fecham, dependendo da necessidade de resfriamento do motor - com elas fechadas, o arrasto aerodinâmico é reduzido. As grandes rodas de liga leve de 20 polegadas reforçam o aspecto dinâmico do CLS 53.
Ao entrar na cabine, impressionam o nível do acabamento e as tecnologias embarcadas - o interior é quase idêntico ao do sedã Classe E, o que representa um elogio. A primeira coisa a chamar a atenção são as duas telas de alta resolução, com 12,3 polegadas cada, que integram com elegância o painel de instrumentos e a central multimídia. Tudo pode ser controlado por comandos deslizantes e botões no novo volante da AMG, com presença de aletas para trocas manuais. O habitáculo traz muita fibra de carbono (legítima) no acabamento, além de metal, presente, por exemplo, nas saídas do ar-condicionado, que têm iluminação por LEDs em cores personalizáveis.
Como em outros modelos da Mercedes-Benz, há um seletor de modos de condução, que ajusta acelerador, assistência do volante, velocidade nas trocas de marcha e rigidez dos amortecedores pneumáticos para uma tocada mais econômica e confortável ou uma condução bastante esportiva. Claro, escolhemos justamente essa configuração ao acelerar.
Quem já teve a chance de pisar fundo em um autódromo sabe a sensação que isso dá. Na companhia de um instrutor, este repórter experimentou a força do sistema híbrido leve, combinado com os dois turbos e o compressor elétrico e pode atestar que todas essas tecnologias combinadas dão a impressão de um carro bastante ágil, com respostas imediatas ao pedal do acelerador e comportamento estável e previsível, também por conta da tração nas quatro rodas, que distribui o torque ideal entre os eixos de forma imperceptível. É uma agilidade que impressiona em um veículo com quase duas toneladas (1980 kg).
Nas reduções de marcha, o escapamento com duas ponteiras duplas faz um gostoso estouro, típico de carros de competição, mas com muito luxo, estilo e, porque não dizer, conforto proporcionado pelos bancos esportivos de couro com apoios laterais e regulagens elétricas. Quem vai atrás também não passa mal, com espaço generoso para as pernas e saídas exclusivas do ar-condicionado, dotadas de comando independente de temperatura para cada assento.
Para completar, tecnologias emprestadas do sedã Classe S, o mais luxuoso, espaçoso e tecnológico da montadora. Isso inclui assistentes como controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência, alerta de manutenção de faixa e outros recursos. De série, conta com sete airbags.
No mesmo evento, a fabricante europeia também apresentou outros dois lançamentos, que vão estar expostos mês que vem no estande da marca juntamente com o CLS 53 no Salão do Automóvel de São Paulo e já podem ser encomendados: o Mercedes-AMG GT C Roadster (R$ 1.118.900) e o AMG GLC 63 Coupé, por R$ 587,9 mil.
O GT C Roadster é um conversível de dois lugares com capota de lona, equipado com motor 4.0 V8 biturbo de 557 cv e 69,3 kgfm, com transmissão de dupla embreagem e sete marchas. Dotado de tração traseira e tecnologias emprestadas da GT3, só perde em potência para o AMG GT R e acelera de zero a 100 km/h em 3,7 segundos e máxima de 316 km/h, limitada eletronicamente.
Já o GLC 63 Coupé é a variante mais insana do SUV médio que compartilha plataforma com o Classe C. Traz o mesmo motor 4.0 V8 do GT C Roadster, porém ajustado para entregar 510 cv e 71,3 kgfm. A tração é integral e, gerenciada pelo câmbio de nove marchas e dupla embreagem, sai da imobilidade e alcança os 100 km/h em 3,8 segundos.