Motores que vão morrer com o Proconve

Novas leis de emissões vão forçar a saída de cena de conjuntos mecânicos antigos e bastante conhecidos dos consumidores

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Fernando Miragaya
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Tem motor aqui no Brasil que faz hora extra e tem mais de 40 anos de estrada. Isso mesmo. Só que a fase L7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) vai dar um basta em alguns desses propulsores. As novas normas de emissões de poluentes entram em vigor em janeiro de 2022.

Alguns motores vão morrer com o Proconve até por razões estratégicas das montadoras. Fica mais barato para a marca tirá-los de linha e substituir por conjuntos mais modernos, do que investir uma grana em melhorias e componentes para que se enquadrem nas novas leis.

Isso também sacramentou - ou vai sacramentar - o fim de alguns modelos, como Volkswagen Fox e Fiat Uno, já que tais melhorias também não justificam investimento em carros que não vendem aos tubos. Já carros com boa demanda tiveram os motores renovados, caso da Strada com seu persistente 1.4 Fire.

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Motores que vão morrer com o Proconve L7.

Volkswagen 1.6 8V EA111

O propulsor que equipava versões intermediárias de Gol e Voyage, além do falecido Fox, é mais antigo do que você imagina. Para se ter ideia, é o propulsor com projeto mais antigo ainda em uso no Brasil. O 1.6 8V que conhecemos hoje como EA111 foi criado pela Audi em 1974, para equipar o hatch Audi 50.

O motor nasceu como EA801 e com versões 1.1 e 1.3, também serviu às antigas gerações de Polo e Golf na Europa. O rebatismo para EA111 ocorreu em 1985, quando a Volkswagen fez uma série de atualizações no conjunto mecânico.

O motor 1.6 8V EA111 equipava atualmente versões intermediárias de Gol (acima) e do Voyage
Crédito: Divulgação
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Esse motor começou a ser usado pela Volks no Brasil na litragem 1.0 em 1996, logo após o término da Autolatina. A marca precisava de um propulsor para usar em seus modelos que usavam o CHT da Ford durante a vigência da holding entre as duas montadoras no Mercosul.

No início dos anos 2000, o EA111 passou a ter uma variante 1.6, que se propagou por vários modelos: Gol, Fox, Polo, Golf e até o Audi A3 nacional. Com fama de bom desempenho em baixos giros e manutenção simples, o motor sempre foi cultuado pela robustez e o ótimo acerto com o câmbio manual de cinco marchas dos Volks brasileiros.

Com o Proconve, não será mais atualizado. As linhas Gol e Voyage já tinham adotado o 1.0 12V três cilindros e 1.6 16V MSI da família EA211 em suas versões de entrada e topo de linha (a Saveiro também passou a usar a litragem maior em configurações mais caras).

General Motors 1.0 8V Família 1

Esse sim pode ser considerado o motor mais antigo aplicado no Brasil, já que chegou às nossas terras em 1994. Projeto Opel de 1982, o conjunto chegou com o moderno Corsa, que foi o primeiro compacto brasileiro a oferecer propulsor com injeção eletrônica, em opções 1.4 e 1.0.

Esse Família 1 ainda teve derivações 1.6 (oito e 16 válvulas) e deslocamento 1.8 - este usado no Corsa brasileiro de segunda geração e atualmente na Spin. Aprimorado ao longo dos tempos e renomeado de SPE/4,, também persiste na linha Joy, a antiga geração do Onix/Prisma.

Só que os veteranos compactos representam menos de 10% das vendas da gama do hatch e do sedã, o que não justifica qualquer investimento, e estão entre os motores que vão morrer com o Proconve.

Chevrolet Spin é um dos modelos que usava motor da General Motors que irá sair de linha
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Fiat E.torQ 1.8 16V

Em 2008, a Fiat (antes mesmo de ser FCA ou Stellantis) comprou a fábrica de motores da Tritec no Paraná. Fruto de uma joint-venture formada por BMW e Chrysler nos anos 1990, a unidade produziu motores 1.4 e 1.6 para modelos dos dois grupos automotivos a partir de 2003, como a então nova geração do Mini Cooper, além do sedã Neon e do retrô PT Cruiser.

O projeto da marca italiana visou substituir os motores 1.8 de origem GM Família II. Dos 1.6 da Tritec nasceu a linha E.torQ, com variantes 1.6 e 1.8, sempre multiválvulas. Apesar de a Fiat garantir que mais de 70% dos componentes do conjunto original eram novos, a gama nunca foi referência de rodar suave e eficiente.

Fato é que o 1.6 manteve o mesmo curso e diâmetro dos pistões da época da Tritec. A família E.torQ também não apostou no comando duplo de válvulas no cabeçote que os propulsores mais modernos da época já traziam: foram feitos com comando simples

De qualquer forma, passou a equipar as versões mais completas e caras de diferentes modelos: Stilo, Palio Adventure, Idea, Siena, Strada, Doblò, Bravo etc. O 1.6 16V foi abandonado aos poucos, mas o 1.8 16V ainda resistiu até agora na multivan, na dupla Argo-Cronos, no Jeep Renegade e até mesmo na renovada linha 2022 da picape Toro - como configuração de entrada.

Jeep Renegade vai passar a usar o novo motor 1.0 turbo de três cilindros que estreou no Fiat Pulse
Crédito: Divulgação
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Porém, o E.torQ não verá o sol raiar no ano que vem com as novas normas do Proconve. Seu fim vai sacramentar também o término da produção do Doblò. Também sai de cena a versão de entrada solitária da Toro 1.8 (a picape já adotou o 1.3 turbo), enquanto o Renegade vai trocar o 1.8 pelo novo 1.0 turbo de três cilindros que estreou no Fiat Pulse.

Honda 1.5 16V - L15A

Os motores da Honda sempre são elogiados pelo desempenho confortável e econômico. Contudo, o 1.5 16V que equipava as antigas linhas do Fit e do City, e que também está WR-V, é bem datado. Conhecido pelo código L15A, estreou no monovolume compacto em 2005.

Ao longo dos anos recebeu aprimoramentos, passou a ser flex e ganhou tecnologia I-VTEC de variação nos comandos de válvulas. Porém, a nova geração do City - que determinou o fim do Fit - trouxe um moderno 1.5 aspirado com injeção direta. Desta forma, o WR-V, que foi remodelado no ano passado, não continuará em linha, assim como o velho 1.5 L15A, mais um dos motores que vão morrer com o Proconve.

O motor 1.5 aspirado que equipa a dupla Fit e WR-V – além da antiga geração do City que acaba de sair de linha – é outro que será descontinuado no Brasil,  e levará ao fim destes modelos. O Fit sairá de linha sem deixar um sucessor, já que a fabricante entende que seu público poderá se interessar pelo inédito City hatchback.

Honda WR-V é equipado com o motor 1.5 aspirado, que deixará de ser fabricado
Crédito: Divulgação
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Já o WR-V terá um substituto nos próximos anos, pois a Honda confirmou um SUV inédito abaixo do HR-V para mercados emergentes. A exemplo da nova geração do City, o SUV deverá aparecer primeiro na Tailândia antes de ser apresentado no Brasil. Sua estreia deve acontecer em meados de 2023.

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