O universo dos muscle cars foi um dos momentos mais marcantes da indústria automobilística em toda a história. Carros poderosos, bojudos, musculosos, com frentes imponentes, traseiras curtas, muita potência e, de certo modo, pouca habilidade de fazer curva.
Surgido no começo dos anos 1960, portanto antes da crise do petróleo, seu sucesso foi imediato: logo os apaixonados por esportivos quiseram colocar um pony car em sua garagem.
O mundo mudou. Carros compactos e subcompactos surgiram, além de sedãs, picapes e peruas. Depois vieram os SUVs, carroceria que já tem a preferência do consumidor há alguns anos e que veremos no topo do interesse público por muitas e muitas temporadas.
Mas os muscles cars ainda existem. São poucos, mas estão aí - ou melhor, nos Estados Unidos. Outros precisaram mudar de carroceria, mantiveram só o nome e deixaram de ser um legítimo muscle, como por exemplo o Dodge Charger, que acabou por se tornar um sedã... Com motor V8, é verdade.
Abaixo, listamos os poucos sobreviventes dessa categoria tão apaixonante que nasceram como um "muscle" e ainda podem ser encontrados à venda com esse tipo de carroceria. Ou seja, carros que ainda mantêm essa essência.
Um dos primeiros muscle cars da história - ao lado do Plymouth Barracuda - existe até hoje e passou por diversas modificações. Em algumas dessas gerações chegou até a perder sua essência, virou um cupê esportivo, hatch ou até perua, mas desde 2003 retomou a filosofia de muscle que mantém até hoje.
No começo desta década o Mustang ainda serviu de base - pelo menos com seu nome - para um SUV elétrico, o Mach-E, que hoje também é vendido no Brasil.
Portanto, o que nos sobre é torcer para a versão tradicional continuar em linha. Atualmente o carro é vendido no Brasil em sua última geração com V8 e câmbio automático, sempre com tração traseira.
Lá fora, tem versões preparadas pela Shelby, que são ainda mais apaixonantes.
Muitos lugares dizem que o Chevrolet Corvette é muscle car, mas há controvérsias sobre essa ideia. Agora, quem não deixa dúvidas sobre ser um verdadeiro pony car é o Camaro, rival do Mustang há mais de cinco décadas.
O carro da GM é outro muscle car que nasceu na década de 1960 para combater o modelo da Ford, grande sensação de 1964 - para ser exato, dois anos depois, em 1966.
Passou por maus bocados nas décadas seguintes, chegou a virar cupê esportivo em determinadas gerações, mas voltou com tudo no começo dos anos 2000.
Em 2016, recebeu uma geração baseada no chassi de esportivos da Cadillac, com motor do Corvette e, acredite, muita capacidade de fazer curva. Sem perder a essência de um legítimo muscle.
O Challenger, rival da Chrysler para Ford Mustang e Chevrolet Camaro, nasceu dentro dessa filosofia e jamais saiu dessa linha. Surgiu em 1970, durou até 1974 nos Estados Unidos, parou de ser produzido e voltou à vida em 2008 com linhas mais modernas, sem perder a essência de um muscle car.
Na prática, isso significa que entre os três carros mencionados até agora, ele é o único que não se desvirtuou do lema principal da filosofia.
Atualmente, o esportivo é vendido nos EUA em várias versões, das quais R/T, SRT, Hellcat e Demon são as mais conhecidas. O motor varia, mas a tração é sempre igual: traseira, para delírio dos puristas.
Infelizmente, essa filosofia tem data marcada para acabar. O futuro desses brutamontes beberrões e queimadores de pneus (traseiros) é incerto em um mundo onde cada vez mais incentiva-se o uso de tecnologias sustentáveis, motores eletrificados, câmbio CVT e... tração dianteira.
Prova disso foi o que aconteceu com a dupla Chevrolet Corvette e Dodge Viper, modelos que para muitos fãs podiam ser enquadrados como muscle cars: o primeiro virou esportivo de motor central, rival de cupês de Ferrari, Porsche e Lamborghini; o segundo até recebeu o incentivo de uma nova geração em 2013, mas infelizmente deixou de existir rapidinho, em 2017.
Resumo: em 2024, no mundo, apenas Ford Mustang, Chevrolet Camaro e Dodge Challenger são vendidos com a mesma essência dos muscle cars dos anos 1960. E a tendência é que isso acabe nos próximos anos. O que nos resta é torcer para que eles durem mais algumas temporadas.