O Nissan Leaf não é um elétrico qualquer. Lançado oficialmente na quinta-feira (18), o modelo tem tecnologias suficientes para ser considerado um carro de luxo. Mas será que elas justificam o preço de R$ 195 mil? Mais do que isso, será que o modelo é capaz de carregar a bandeira de que vale a pena ter um elétrico no Brasil agora?
O WM1 participou de test drive realizado em São Paulo e avaliou que o carro elétrico mais vendido do mundo carrega diversos atributos para que a viagem urbana seja completa. A potência de 149 cv é satisfatória para que o modelo seja ligeiro ao cumprir tarefas como subir ladeiras ou ganhar velocidade em vias mais rápidas.
Mas o dado mais chamativo é referente ao torque, de 32,6 quilos. O número é expressivo e ajuda a compreender como um veículo de 1.582 quilos (peso expressivo por conta das baterias) cumpre a distância de 0 a 100 km em 7,9 segundos.
Outro fator importante para esse desempenho é que o pico da força motriz é entregue quase que de maneira instantânea. Isso porque o câmbio só tem duas velocidades: uma para trás e outra para a frente. Não são necessárias diversas engrenagens para que o carro seja tracionado.
É possível dizer, inclusive, que o Leaf entrega diversão ao dirigir, algo que o WM1 já havia constatado em experiência com o carro no Autódromo de Interlagos. O peso das baterias, localizadas no centro do assoalho, ajuda a diminuir o centro de gravidade do carro. Dessa forma, temos um modelo mais próximo do solo, com direção mais direta.
Mas a sensação não é a mesma para quem viaja no banco de trás. Volumosas, as baterias interferem na altura do assento. Mesmo os mais baixos viajam com a cabeça próxima ao teto. E as pernas também têm certo desconforto. Apesar de ter 2,70 metros de distância entre os eixos, os bancos da frente ficam muito próximos do assoalho, ficando difícil o encaixe dos pés de quem vai atrás.
Já quando o assunto é segurança, o Nissan é exímio de críticas. Entrega diversas tecnologias de segurança ativa. Há frenagem de emergência, monitoramento de ponto cego, assistente de permanência em faixa, alerta de tráfego cruzado, câmera 360º com visão noturna, controles de tração e estabilidade e monitoramento da pressão dos pneus. O carro oferece, ainda, airbags frontais, laterais e de cortina.
Também há itens modernos para compor a lista de equipamentos de série. O principal deles é o controle de cruzeiro adaptativo, além do aquecedor dos bancos frontais. O Nissan Leaf vem ainda com ar-condicionado (de apenas uma zona), bancos revestidos em couro, faróis de LED, faróis de neblina,rodas de liga leve de 17 polegadas, chave presencial, partida por botão, além de central multimídia com tela de 8 polegadas com pareamento com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay.
Outra tecnologia importante do Leaf e que interfere na rodagem é o e-Pedal. Acionado por um botão no console, ele permite que o motorista acelere e freie o carro utilizando somente o pedal direito. É preciso um pouco de tempo para acostumar com a dosagem de força para parar o carro, mas a tarefa não é difícil. E se entrar em desespero, lembre que o pedal do freio continua funcionando.
Além de tornar a dinâmica do carro mais divertida, o sistema aumenta a capacidade de regeneração da força de frenagem em mais energia para a bateria. No Brasil, ela tem autonomia de 240 quilômetros, enquanto a normativa europeia dá conta de 389 quilômetros.
Vale frisar que o Nissan Leaf é um carro elétrico que pode ser carregado pela tomada. Ele vem com dois bocais, que ficam embaixo de uma tampa localizada na ponta do capô. O menor é o mais convencional. Ele é adequado à tomada que já vem no carro e que pode ser carregada em casa por meio de um adaptador (também incluso) ou em um sistema chamado wallbox, que é instalado pela Nissan sem custos extras.
No sistema com adaptação, a bateria é carregada por completa em até 20 horas. Já no wallbox, o tempo diminui para 8 horas. Mas se o cliente carregar o Leaf utilizando a recarga rápida, que utiliza a tomada com bocal maior, 80% da bateria é recarregada em 40 minutos. Esse sistema mais ligeiro pode ser encontrado em estabelecimentos como shoppings, supermercados e também está disponível em postos de combustível em rodovias como a Dutra, que liga as capitais de Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo.
Todo o processo de recarga da bateria pode ser acompanhado pelo painel de instrumentos de tela de 7”. Intuitivo e gerenciado pelos botões do volante multifuncional, ele mostra ainda informações como autonomia e regeneração da bateria pelos freios.
Segundo a Nissan, a bateria tem garantia de 8 anos ou 160 mil quilômetros rodados. Já o restante do carro tem garantia de três anos. A marca divulgou ainda os custos de manutenção para serviços de até 60 mil km. A manutenção chega a R$ 2.404. Na fase inicial de vendas, o Leaf é oferecido em sete lojas de cinco Estados e do Distrito Federal: São Paulo (duas lojas), Rio, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Brasília.
Embora seja carregado de tecnologia e tenha amplo suporte da Nissan, que visa disseminar a imagem do carro elétrico na América do Sul, o Leaf ainda é artigo de luxo para poucos. Com
pouco apoio governamental em relação à tributação e infraestrutura, o modelo pode ser usado
com segurança somente em grandes cidades.
Mas essa é a tendência normal de qualquer nova tecnologia. Primeiro, ela vem com aquela famosa frase “é só para quem pode”, depois, tende a ficar mais viável (leia “viável, e não “barata”). Para quem tem grana para bancar outro carro para longas viagens, mente sustentável e quer se ver livre dos postos de combustível, o futuro pode, sim, ser agora.