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Novo 208 arrebata no visual, mas no desempenho...

Andamos no hatch da Peugeot, que avança em tecnologia e conforto, tem versão elétrica, mas peca no manjado 1.6 flex

por Lukas Kenji

O Novo Peugeot 208 é capaz de causar uma paixão arrebatadora. É como se você fosse fisgado pelo ousado conjunto ótico que simboliza as garras do leão francês em conjunto com uma grade que emula um aspecto tridimensional. O interior também encanta, assim como as novidades tecnológicas. Mas eis que dirigimos o carro e... O encanto se esvai.
Não que o motor 1.6 16V cause dor de cabeça, mas ele parece em descompasso com um lançamento que quer firmar-se no segmento de compactos premium. Toda a modernidade emulada pelo design ousado e entregue por meio de itens semiautônomos não combina com o propulsor que equipa diversos modelos da PSA há mais de uma década.
Cabe reforçar que o propulsor de 118/116 cv é competente para tarefas diárias no uso urbano e atua bem na estrada. No entanto, ele não deve agradar a quem prioriza desempenho. Ainda mais diante do fato de o torque ter caído de 16,1 kgf.m para 15,5 kgf.m.
A queda é aparente na prática. O novo 208 perde o fôlego em retomadas e não traz respostas imediatas mesmo ao afundar o pé no assoalho. Aqui, é importante ressaltar que foi feito um novo mapa de pedal, bem como novas relações de marchas.
Falando no câmbio, ele também é bastante conhecido. É o automático de seis velocidades desenvolvido pela Aisin. A impressão que fica é que ele está mais lento nas transições.

Embora esteja um pouco mais leve do que a geração anterior, o Peugeot apresentou uma leve queda nos números de consumo do Inmetro. Ele tem média de 10,9 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada, com gasolina. Com etanol no tanque, o consumo muda para 7,5 km/l em vias urbanas e 9,0 km/l nas rodovias.

Ponto alto da dinâmica

Por outro lado, merece elogio o novo acerto de suspensão do novo 208. Sem dúvidas, é o ponto alto do novo 208 em termos dinâmicos. Ela foi ajustada 10 centímetros mais alta do que o padrão europeu. Ganhou o reforço de amortecedores e barras maiores, tudo para encarar as desafiadoras buraqueiras do asfalto brasileiro.

Com o novo acerto, o hatch parece mais confortável ao transpor irregularidades, mas torciona bem, especialmente, em curvas de alta velocidade.
O bom acerto pode ser destacado tanto na versão testada Griffe, quanto no elétrico 208 e-GT. Sim, o hatch terá uma versão totalmente elétrica, que chegará ao mercado em 2021. Nós aceleramos a configuração na pista, mas dedicaremos um espaço especial a ela mais adiante.

Agora é tempo de destacar as virtudes visuais do modelo. Ele consegue transmitir sensação de modernidade e requinte como poucos compactos. Certamente, é a opção mais bem resolvida tanto no visual externo, quanto no interno.
Se por fora os LEDs de uso diurno chamam a atenção dos mais distraídos, o habitáculo manteve o layout consagrado da geração anterior e ainda ganhou materiais mais sofisticados. Há acabamento preto brilhante, cromado e plástico emborrachado com ótima textura ao toque.
As novidades mais enfáticas ficam por conta do novo painel de instrumentos e nova central multimídia. A começar pelo cluster, é bastante agradável a experiência proposta pelo sistema tridimensional. Realmente há sensação de que há profundidade entre os elementos, o que proporciona uma experiência mais rica para o motorista.

Já a tela multimídia de 7 polegadas é a mesma do Citroën C4 Cactus, tem Android Auto e Apple CarPlay, mas poderia ser mais intuitiva. É difícil encontrar algumas informações e algumas ações simples requerem dois ou três etapas.
Uma boa sacada foi o implemento de um porta-objetos onde fica o carregador de celular por indução. Quando aberto, ele serve como uma base para que o smartphone fique deitado. Mas o dispositivo não comporta tão bem celulares grandes quando carregados pelo cabo UBS. Aliás, poderia haver mais portas USB, especialmente para quem viaja atrás.

Melhorou, mas não muito

Por falar nisso, o 208 continua com um espaço apenas aceitável para os passageiros traseiros. Viaja bem quem tem estatura mediana. Se você está na casa de 1,80 m, é bem capaz que suas pernas fiquem justas ao banco da frente, enquanto sua cabeça raspe no teto. Isso porque o entre-eixos de 2,54 m é quase o mesmo da geração anterior.
Agora, o 208 é feito com base na plataforma modular CMP, desenvolvida com a chinesa Dongfeng. Dessa forma, houve aumento de 8 cm no comprimento (4,05 m) e 4 cm na largura (1,74 m). Porém, o porta-malas perdeu 20 litros, com 265 litros no total.

Se as novas medidas não chamam a atenção, o real salto de qualidade do carro ficou por conta das tecnologias semi-autônomas. Ele oferece alerta de colisão frontal, frenagem automática de emergência, assistente de manutenção em faixa, farol alto adaptativo, além do sistema de reconhecimento de placas de velocidade, uma exclusividade na categoria.
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Esses sistemas, porém, só estão disponíveis na versão topo de linha Griffe, que custa R$ 94.990. O modelo tem ainda outras três versões de acabamento, que partem de R$ 74.990.

Dirigimos o elétrico!

Já o elétrico 208 e-GT ainda não teve preço definido. É possível fazer uma espécie de pré-reserva, mas as importações só começam em 2021.
Mas nós já testamos o modelo com as mesmas configurações previstas para as unidades que chegarão às lojas. Ele tem pacote semelhante ao 208 Griffe, mas é ainda mais recheado. O painel superior tem plástico emborrachado, enquanto a central multimídia é maior e trabalha em parceria com diversos botões no console.

Há ainda aquecimento dos bancos, que têm formato esportivo e acabamento com diversas texturas de ótima qualidade. Por fim, o freio de estacionamento é elétrico e a manopla do câmbio tem um formato mais moderno.
Na parte de fora, o modelo abusa de elementos em preto brilhante nos para-choques, para-lamas, retrovisores e no teto. Tem ainda um logo diferente da Peugeot, com implementos em azul, a fim de destacar-se como um elétrico.
Mas a aposta da marca é justamente trazer uma proposta de “carro normal”. A filosofia é de que não é porque é elétrico que precisa ser extremamente futurista.
Na prática, o modelo agradou bastante. Ágil e direto, consegue transmitir bastante diversão. Com suspensão segura e respostas rápidas, o 208 e-GT deve surpreender muita gente que não teve oportunidade de dirigir um elétrico.

Ele faz jus aos 138 cv de potência e 26,5 kgf.m de torque dispostos na ficha técnica. Aliás, o torque é o mesmo do Peugeot 208 GT da geração anterior, equipado com motor a combustão turbo. A marca promete uma aceleração de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos, ótimo índice para um compacto que nem quer ser o mais esportivo.
Outros números importantes são referentes ao carregamento das baterias. É possível obter 80% da carga em meia hora, a depender da fonte de energia. Quem comprar o modelo recebe sistema de recarga das baterias da unidade de potência desenvolvido especificamente para recargas em tomadas convencionais.
Confira a linha Peugeot no Brasil: modelos, versões, equipamentos e preços

O Peugeot 208 e-GT tem uma autonomia declarada de 340 km no ciclo WLTP ou 450 km, no NEDC. O elétrico deve concorrer com modelos como o Chevrolet Bolt, Renault Zoe e Nissan Leaf. Estes têm tabela entre R$ 150 mil e R$ 230 mil.

Novo 208 vale a pena?

Num mercado ainda restrito aos elétricos, não dá para criticar o valor dos modelos. O mesmo não pode ser dito em relação ao 208 a combustão. É complicado comprar um compacto com variação entre R$ 75 mil e R$ 95 mil que não entrega, ao menos, motor turbo potente, o que encontramos na concorrência.
Além disso, itens como sensores de estacionamento, câmera de ré e volante revestido de couro só são vendidos nas versões acima de R$ 80 mil.
O novo 208 é um modelo atraente, de personalidade e que vai bem em conectividade e tecnologia. Mas, por esse preço, precisaria oferecer melhor compromisso em desempenho, consumo de combustível e itens de série.

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