Primeiras impressões: BYD King vai dar trabalho

Sedã híbrido plug-in da marca chinesa quer ocupar vaga abandonado por Civic e ser o novo arquirrival do Corolla

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Marcelo Monegato
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O King chegou com uma proposta bem definida: assumir o posto abandonado pelo Honda Civic e se tornar o novo arquirrival do Corolla. Inicialmente, a estratégia da BYD parecia ser menos ambiciosa, atacando somente as versões híbridas do Toyota. No entanto, após o anúncio dos preços na terça-feira ficou claro que os planos do sedã médio híbrido plug-in da fabricante chinesa são mais ousados.

O King chega em duas versões: a de entrada GL, que parte de R$ 175.800, e a topo de linha GS, que custa R$ 187.800 (garantia de 6 anos, sem limite de quilometragem/8 anos de garantia para as baterias). Com estes valores, a marca escancara o desejo de enfrentar algumas configurações a combustão do Corolla (GR-Sport e Altis), e também fazer frente a outros dois sedãs médios: Nissan Sentra, que acaba de passar por um facelift discreto, e Chevrolet Cruze, que prepara a aposentadoria.

Para entender melhor se o King conseguirá a desafiadora façanha de enfrentar de igual para igual o Corolla, assim como Civic fez no passado, o WM1 teve um primeiro contato com o BYD em São Paulo.

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Muito importante: Vale destacar que este momento inicial com o carro está (muito) longe de ser o ideal, já que tivemos a oportunidade de dar algumas poucas voltas em uma pista montada com cones no estacionamento de um shopping na capital.

Mas vou tentar nos próximos parágrafos trazer o máximo de impressões possíveis sobre o King. Ah, e vale destacar: rodei apenas com a opção de entrada GL, equipada com conjunto mecânico (moto a combustão + motor elétrico) de 209 cv de potência, 1.100 km de autonomia (55 km, aproximadamente, só no modo elétrico) e bateria de 8,3 kWh.

Byd King Ext (34)
BYD King na versão GL (entrada) tem 209 cv de potência, e leva 7,9 segundos para ir de 0 a 100 km/h
Crédito: Divulgação
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Como é o visual do BYD King?

O BYD King 2025 não é um carro que arranca um “uau!” ou suspiros. Seu design é moderno e interessante, traz uma identidade com os outros modelos da marca, mas está longe de ser um ponto fora da curva. Acredito que serão poucos os clientes do King que fecharão negócio única e exclusivamente pelo visual.

Os faróis de LED na dianteira são afilados e casam muito bem com o para-choque, que apresenta pequenos recortes nas pontas. As laterais têm poucos e discretos vincos. E os cromados aparecem apenas na moldura das janelas. As rodas de liga leve de 17 polegadas são bonitas, mas se fossem de 18 poderiam agregar porte maior ao sedã.

Byd King Ext (33)
Caída fastback da traseira é uma das características do design do BYD King
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A traseira foi algo que me chamou a atenção simplesmente por apresentar uma leve queda fastback. Nada muito acentuado, é verdade, mas o suficiente para trazer um ar diferente neste segmento tradicionalista dos sedãs médios.

Aqui, no quesito design, acredito que o Nissan Sentra seja a referência. Concorda? Manda lá nos comentários a sua opinião!

Como é o interior do BYD King?

A primeira impressão do interior foi positiva. Neste momento em que a BYD está construindo sua imagem no Brasil, é estratégico a pessoa entrar no carro e logo de cara perceber que está dentro de um veículo da marca chinesa. E isso acontece com o King.

Claro que o grande responsável por isso é a central multimídia com grande tela de 12,8 polegadas que, sim, gira ao toque de um botão na tela ou no volante multifuncional. A definição é muito boa, e ela é compatível com Android Alto e Apple CarPlay.

Byd King Int (4)
Materiais de qualidade e peças bem encaixadas se destacam no interior do BYD King
Crédito: Divulgação
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Duas tonalidades de revestimentos para o banco estão disponíveis para o mercado brasileiro: cinza e preto. Quem tiver criança pequena ou gosta de levar o pet para cima e para baixo, já sabe qual escolher (não sabe?).

Os materiais são de boa qualidade. Peças emborrachadas e plásticas ditam o ritmo da cabine do King, mas de uma maneira suave com texturas e cores diferentes. Os encaixes dos elementos são bons, o que transmite uma sensação de qualidade na montagem.

O espaço interno está em linha com os outros carros do segmento. O King tem 4,78 metros de comprimento, com 2,72 metros de distância entre os eixos. No banco traseiro há conforto para as pernas, e mesmo com a caída fastback do teto, a cabeça não enfrenta problemas.

Completando as medidas, o BYD tem 1,49 metro de altura, 1,84 metro de largura e o porta-malas tem capacidade para ideias 450 litros (sem estepe no bagageiro, já que utiliza kit reparo). Já o tanque de combustível tem capacidade para 48 litros.

Seletor do câmbio, botões para escolher modo EV ou HEV, e wireless charger estão no console central
Crédito: Divulgação
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Quais são os equipamentos do BYD King?

Aqui está um pênaltis muito importante do King. A lista de equipamentos é boa, mas faltam itens de tecnologia de assistência ao condutor, o popular ADAS (Sistema Avançado de Assistência ao Motorista). O BYD não tem, nem mesmo na versão topo de linha, piloto automático adaptativo (ACC), alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência ou assistente de permanência em faixa, por exemplo.

Dito isso, o King na versão de entrada GL é equipado com:

  • Faróis de LED
  • Acendimento automático dos faróis
  • Lanterna traseira LED
  • Painel de instrumentos de 8,8" em LCD
  • Volante multifuncional
  • Carregamento sem fio para celular (wireless charger)
  • Bancos com revestimento premium sustentável
  • Ajustes elétricos dos bancos dianteiros
  • Direção elétrica
  • Controle de tração
  • Sistema de distribuição eletrônica da força de frenagem
  • Assistência de partida em rampas
  • Controle de cruzeiro (piloto automático)
  • Freio de estacionamento eletrônico
  • Sensores de estacionamento dianteiro e traseiro
  • Sistema de monitoramento de pressão dos pneus
  • 6 airbags
  • Ajuste elétrico dos espelhos retrovisores
  • Espelho retrovisor com aquecimento
  • Rebatimento elétrico dos retrovisores
  • Multimídia com tela flutuante rotativa de 12,8"
  • Câmera 360 graus
  • Atualização remota por OTA (Over-the-Air)
  • GPS integrado
  • Conexão e espelhamento Apple CarPlay e Android
  • Comandos de voz
  • Autonomia do conjunto híbrido do King GL é de 1.100 km; autonomia da versão GS é de cerca de 1.200 km
    Crédito: Divulgação
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    Qual o conjunto mecânico do BYD King?

    O BYD King é um modelo híbrido plug-in, ou seja, tem motores elétrico e a combustão, e precisa espetar na tomada para carregar a bateria de 8,3 kWh, no caso da versão GL.

    O “Rei” utiliza um propulsor 1.5 a combustão que desenvolve 81 cv de potência e um outro elétrico de 132 cv. Juntos, os dois entregam 209 cv, de acordo com dados da fabricante. Já o torque do bloco que consome apenas gasolina é de 13,7 kgf.m e do elétrico, 32,2 kgf.m – a marca não revelou o torque combinado.

    Fato é que o King de entrada acelera de 0 a 100 km/h em apenas 7,9 segundos (muito bom) e atinge a velocidade máxima de 185 km/h. A autonomia é de 1.100 km, aproximadamente, e a autonomia rodando somente no modo elétricos é de cerca de 55 km.

    BYD King tem porta-malas com capacidade para 450 litros; tanque de combustível leva até 48 litros
    Crédito: Divulgação
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    Como é dirigir o BYD King?

    Como disse, a experiência foi rápida e pouco intensa, infelizmente.

    Logo de cara, o que me chamou a atenção foi a boa posição ao volante. Com os ajustes elétricos do banco (muito confortável, por sinal) e as regulagens de altura e profundidade da coluna de direção, rapidamente vesti o BYD.

    Eu não tinha percebido, mas quando entrei no BYD o carro já estava ligado. Seguindo sugestão da equipe responsável pelo test drive, selecionei o modo elétrico apertando o botão no console central, e em outro seletor escolhi a configuração Sport (poderia ser Eco ou Normal, também).

    Sabendo que o contato com o carro seria curto, pisei fundo no acelerador logo de cara, e o King respondeu de maneira bem viva, como um bom carro elétrico. Poucos metros depois, toquei de leve o freio e entrei na primeira curva para a esquerda um pouco mais quente (morno, na verdade, pois a velocidade não era tão alta assim).

    A direção se mostrou direta na medida certa, e o carro foi obediente, contornando sem dificuldades - nenhum cone foi atropelado.

    Faróis de LED, para-choque com detalhes nas pontas e rodas de 17'' são destaques de design no King
    Crédito: Divulgação
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    Uma nova reta surge, essa um pouco mais longa, e então volto a cravar o pedal da direita no assoalho. Novamente a resposta é muito boa. O BYD, de imediato, transmitiu uma sensação de ser intenso, quando solicitado.

    Rapidamente monto no frio novamente para uma curva fechada para a esquerda. O carro não mergulha a frente, mostrando um acerto de suspensão mais para o firme. Sigo para um pequeno “S” de média velocidade, e novamente a carroceria pouco oscila, reforçando minha sensação inicial de um comportamento nada molenga.

    O piso do estacionamento estava longe de ser como o carpete de uma mesa de bilhar, mas também não estava tão estragado como as ruas e avenidas paulistanas. Por isso, nada posso dizer sobre a capacidade do King de absorver imperfeições e crateras...

    Completada a primeira volta, seleciono o modo híbrido. Mas com 94% de bateria e retas curtas, devo admitir que não observei diferença alguma em relação à condução 100% elétrica.

    Assim como em todos os modelos da BYD, a tela da central multimídia gira (horizontal/vertical)
    Crédito: Divulgação
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    E tudo o que posso dizer é isso...

    Futuramente, o WM1 fará um teste mais longo com o King para ver tudo o que ficou faltando – o que é muito. Consumo, performance em diversas situações, comportamento no dia a dia, desenvoltura na estrada em velocidades mais altas e constantes, gerenciamento do sistema híbrido congestionamentos, nível de ruído no interior, conexão do celular com a central multimídia, entre outros pontos fundamentais.

    Conclusão

    Será que o BYD King vai ocupar o posto abandonado pelo Honda Civic e se tornar o arquirrival do Corolla? Difícil cravar um “sim” categórico, mas as primeiras impressões são que ele incomodará mais do que os atuais rivais do Toyota, que hoje sequer fazem cócegas no sedã da marca japonesa.

    Um ponto de destaque: a performance do King é sim melhor que das versões híbridas do Corolla, graças a um conjunto mais moderno e bateria maior. O BYD é um carro mais divertido ao volante em comparação ao Toyota, que nunca fez questão de ser nas opções eletrificadas - e isso não é segredo para ninguém!

    Vamos aguardar as próximas semanas e meses, e ver como o mercado vai se comportar. Eu estou curioso. E você?

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      Tags:BYD
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