O GWM Tank 300 já está entre nós. O primeiro produto da terceira marca do grupo automotivo chinês no mercado brasileiro - depois da Haval e da Ora - foi lançado oficialmente nesta sexta-feira (4/3).
O Tank 300 chega ao Brasil em configuração única, com preço de lançamento de R$ 333 mil. É um SUV de porte médio - tem 4,76 m comprimento - e que fica posicionado acima do Haval H6 GT na gama da GWM.
É a mesma faixa de preço de SUVs de porte semelhante, como o Jeep Commander Blackhawk (R$ 335.990) e o Toyota RAV4 SX Hybrid (R$ 349.290).
Mas, diferentemente dos concorrentes, que são modelos com uma pegada mais urbana e menos "pé na lama", o Tank 300 tem a proposta de ser um SUV híbrido, porém mais raiz.
Para quem não sabe, a Tank é a marca da GWM voltada para os utilitários esportivos para quem tem perfil aventureiro, mas sem abrir mão da tecnologia.
Por isso, o Tank 300 tem um carroceria com formato bem caixotão e estepe na tampa do porta-malas de abertura lateral, um vão livre de generosos 22 cm e rodas de 18 polegadas com pneus bem borrachudos.
Mas esse Tank 300 vai além do visual off-road e tem características bem incomuns para um SUV médio: é baseado em um chassi convencional, como o das picapes médias, além de ter um sistema de tração 4x4 daqueles convencionais, com diferencial central e reduzida.
Com tudo isso, consegue atravessar trechos alagados com até 70 cm de profundidade. Duvido que o seu SUV de shopping seja capaz de fazer isso.
O toque de atualidade do Tank 300 está no conjunto motriz híbrido plug-in.
Esse conjunto motriz híbrido plug-in é composto por um 2.0 a gasolina e um propulsor elétrico, que fica posicionado entre o motor a combustão e o câmbio automático de nove marchas. Esse conjunto desenvolve 394 cv de potência e 76,4 kgfm de torque.
Equipado com uma bateria de 37,1 kWh, o Tank 300 pode rodar até 75 quilômetros no modo 100% elétrico. E por ser compatível com carregadores rápidos DC de até 50 kW, é possível elevar a carga de 30% a 80% em apenas 24 minutos.
Com dois motores fazendo força para mover o carro, o SUV da Tank acelera de zero a 100 km/h em 6,8 segundos e atinge 180 km/h de velocidade máxima. Mesmo pesando mais de 2.600 quilos.
Mas a mágica do Tank 300 está no gerenciamento dessa dança dos motores. Com a tração 4x2, a eletrônica do Tank 300 privilegia a rodagem no modo elétrico.
Já com a tração 4x4 acionada, a prioridade é do motor a combustão, com o elétrico entrando em cena para dar aquele empurrão extra sempre que necessário.
O conjunto mecânico do Tank 300, aliás, é compatível com a tecnologia V2L. Com potência máxima de 3.300 Watts, permite transformar o automóvel em um gerador de eletricidade, fornecendo energia para vários equipamentos. Algo muito útil para emergências ou aventuras.
No lançamento do Tank 300, a GWM mostrou em sua apresentação que considera como concorrentes desse novo SUV modelos como o Toyota SW4, o Land Rover Defender e até mesmo o Jeep Wrangler Rubicon. Algo bem pretensioso. Afinal, são carros muito mais caros que o 4x4 chinês.
No melhor estilo mais por menos, os chineses ressaltam que o Tank 300 tem um pacote de recursos tecnológico de condução e de conforto que não faz feio e até supera alguns desses SUVs raiz e bem mais caros. Só o seletor de modos de condução tem nove opções de acertos 4x2 e 4x4.
E o modelo ainda tem recursos como o pacote ADAS e o cancelamento ativo de ruídos, o controlador automático de velocidade off-road - que permite ao Tank 300 rodar em velocidades entre 4 km/h e 12 km/h sem a intervenção do motorista - e até uma curiosidade chamada de Tank Steering.
Esse tal de Tank Steering é acionado por um botão no console central e faz com que o SUV utilize os freios traseiros para reduzir em até 20% o raio de giro na condução off-road.
E falando em equipamentos, o Tank 300 ainda tem painel digital configurável, multimídia com tela de 12,8 polegadas e espelhamento sem fio, ar-condicionado de duas zonas, bancos dianteiros com ajustes elétricos e massagem para o motorista, volante aquecido e uma iluminação ambiente com 64 opções de cores, carregador de celular por indução e faróis de LED com acionamento automático.
O Tank 300 deixa do lado de fora a inspiração nos SUVs raiz. Por dentro, esse utilitário esportivo é mais parecido com qualquer um desses SUVs chineses da leva atual. E isso é muito bom.
O painel tem duas tem duas telas de 12,3 polegadas e alta resolução - para o quadro de instrumentos e a multimídia -, que formam um conjunto integrado.
Mesmo com as linhas do painel claramente inspiradas no visual do Mercedes-Benz Classe G, o Tank 300 agrada muito. Do layout das telas à qualidade dos revestimentos, a impressão é de se estar dentro de um SUV mais caro.
O Tank 300 só não faz milagre no espaço interno. Com porte de SUV médio, oferece uma área bem mediana para os passageiros. Não decepciona, mas não enche os olhos.
Quatro adultos viajam com relativo conforto, mas a eventual inclusão de um terceiro passageiro no assento traseiro será sentida pelos outros dois ocupantes.
Já o porta-malas tem capacidade declarada para 863 litros. Volume que claramente foi medido até o teto. No uso real, isso deve cair pela metade. O que não é exatamente uma marca brilhante para um SUV médio. Pelo menos o bagageiro tem piso plano e formato de baú.
Pudemos guiar o Tank 300 na pista e nos trajetos off-road do Raceville Speed Club, em Brotas, no interior de São Paulo. Uma experiência curta, mas que foi mais surpreendente do que eu esperava.
A GWM destaca que o Tank 300 passou por um processo extenso de tropicalização para o mercado brasileiro, que além da adequação do propulsor 2.0 turbo para a nossa gasolina, incluiu também alterações na calibração do câmbio e até no gerenciamento eletrônico da bateria motriz.
A marca mexeu também nos acertos da suspensão, da direção, dos freios e até na central multimídia, que tem um layout muito mais próximo ao dos modelos premium das marcas ocidentais.
O resultado disso é que o Tank 300 tem um comportamento mais próximo ao de um carro brasileiro que ao de um automóvel produzido na China. A suspensão tem um acerto macio - mas sem ser molenga - e a direção é leve no acerto voltado para o conforto, mas sem transmitir insegurança em velocidades elevadas.
Mas um ponto que me surpreendeu bastante foi o ótimo isolamento acústico. Além do cancelamento ativo de ruídos, o Tank 300 tem também vidros dianteiros acústicos. Mesmo rodando no modo elétrico, não é possível ouvir o ronco dos borrachudos pneus no asfalto.
E com quase 400 cv de potência combinada à disposição, no asfalto o que não falta no Tank 300 é fôlego. É pisar fundo no acelerador e o SUV da GWM entrega tudo o que promete.
No uso off-road, com 4x4 reduzida e diferenciais bloqueados, a impressão é de que o Tank 300 enfrenta tudo com muita facilidade. Com certeza, ficou aquele gostinho de quero mais.
Fazia bastante tempo que não recebíamos um SUV com uma proposta tão diferenciada no mercado brasileiro.
No meio de um monte de utilitários esportivos com características bem parecidas, o Tank 300 é o único modelo de menos de R$ 400 mil a combinar porte médio, pacote tecnológico robusto e motorização híbrida, com a pegada de um off-road raiz.
Olhando só para as características, o Tank 300 tem potencial para conquistar muita gente. Será que o novato vai repetir o bom desempenho do Haval H6 por aqui?
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