O teste desta semana é, na verdade, algumas primeiras impressões que tivemos com o Renault Kwid E-Tech, a versão 100% elétrica do subcompacto que foi apresentada há algumas semanas, conforme noticiado pelo WM1, por R$ 142.990.
A grande pergunta é justamente a mais tradicional: vale a pena pagar praticamente o dobro do valor de um Kwid a combustão para ter um movido a eletricidade? Em quanto tempo esse investimento é pago? Quais as vantagens e os perrengues de se ter um EV? Venha comigo que vamos responder tudo.
A primeira coisa que temos que falar é que a chegada do carro da Renault deve derrubar as (poucas) vendas do JAC e-JS1, que até então era carro elétrico mais barato à venda no país - e outro subcompacto movido a bateria legal para rodar na cidade, diga-se. Isso não é uma aposta, é uma constatação, afinal quem vai querer pagar mais de R$ 20 mil a mais por um carro ainda menor e sem rede forte pelas costas?
Agora vamos à resposta da pergunta: vale a pena? A resposta é sim e não, ao mesmo tempo. Sim para quem já tem pelo menos outros dois carros - normalmente, um maior para viajar e outro menor para cobrir alguma possível ausência desse grandão no dia do rodízio (já que o modelo elétrico é liberado do rodízio) - e não anda satisfeito com o preço dos combustíveis.
Para quem tem esse tipo de perfil, o Renault Kwid E-Tech vale a pena - principalmente porque é igual ao Kwid que já conhecemos desde 2017, com a vantagem de ter ainda mais força nas arrancadas, ser ligeiro e pequeno para se enfiar em qualquer ruela das cidades grandes e ainda não ter que enfrentar rodízio em SP, bem como ter um belo desconto na hora de pagar o IPVA.
Para quem procura um EV e não tem outro carro na garagem, a resposta não é exatamente um "não", mas um "ainda não".
Nós do WM1 acreditamos que talvez valha a pena esperar um pouco mais de infraestrutura para carros elétricos - tanto do Brasil como país em termos de leis, postos de recarga e vantagens oficiais ou subsídios a serem oferecidos, como da sua casa, prédio ou condomínio para que você possa fazer o recarregamento sem complicações. Mas isso deve ser resolvido nos próximos três ou quatro anos.
Na prática, o Kwid E-Tech tem muita coisa vinda do modelo com motor à combustão - e isso é bom em alguns sentidos, mas ruim em outros. Vamos começar pelo lado bom: é um carro compacto, ágil e cabe em qualquer vaga. E, por ser uma versão mais cara, também vem completinho, com ar-condicionado, direção elétrica e central multimídia atualizada.
Anda legal, tem arranque mais forte que o de um Kwid 1.0 (a sensação é de guiar um carrinho 1.6 com torque imediato) e também freia bem, mas sai de frente mais frequentemente que o modelo com motor a combustão. Vale lembrar que o Kwid EV tem 65 cv de potência, estimados 11,5 kgf.m de torque e 298 km de autonomia nos trechos urbanos.
O Kwid EV, apenas para registrar, precisa de 8h57 min para ser recarregado por completo em tomada 220V; 2h54 min em wallboxes de recarga rápida, como os de shoppings e mercados; e de apenas 40 min em carregadores DC (de corrente contínua).
O lado ruim é que é um Kwid, um carro de entrada - e portanto segue com acabamento simples, pouco para um carro de R$ 143 mil. Há excesso de plástico; calotas sobre as rodas de 14 polegadas (que agora têm quatro porcas de fixação no cubo, e não três) e ausência de itens que já são considerados normais nessa faixa de preço, como frenagem autônoma de emergência e itens de assistência à direção.
Esteticamente, a única diferença fica na grade dianteira, que se levanta para que a recarga possa ser feita; pelo adesivo "E-Tech" no friso colado nas portas e pelo "E" antes do nome Kwid no porta-malas. O câmbio do conjunto, como em todo carro elétrico, é um convencional de uma marcha, que pode fazer o carro ir para a frente e para trás - comandado por uma roldana no console sem a função "Park".
Em resumo, um Kwid que custa o dobro para não consumir gasolina e te livrar do rodízio caso você more em São Paulo. Se você tiver como carregá-lo em casa, a Renault afirma que o valor adicional investido (na comparação com um Kwid convencional) é recuperado em dois anos e meio de uso. Para quem tem essa possibilidade, só roda na cidade e pensa na saúde do planeta, é ótimo negócio.