Pensou em Norton, pensou em Commando. O modelo é, sem dúvida, o mais famoso e emblemático da marca inglesa, e de certa forma uma referência em motores bicilíndricos - tanto quanto, por exemplo, a eterna rival Triumph Thruxton - com a qual tem em comum o visual sempre retrô.
Pois a Norton Commando acaba de renascer das cinzas. De novo. Não custa lembrar que o modelo já havia sido ressuscitado em 2009 - ficou em linha até 2020, quando a Norton faliu. Em abril deste ano a marca foi comprada pela TVS Motor Company e agora chega o primeiro modelo "sob nova direção".
O novo retorno acontece depois de grandes investimentos feitos pela TVS - que incluiu uma linha de montagem exclusiva. A Commando volta à ativa na versão 961 e com motor revisado, e a empresa diz que sob "rigorosos processo de produção e controle de qualidade para voltar a ter o sucesso que merece".
A ideia é que a nova Commando proporcione toda a diversão que um tradicional bicilíndrico britânico tradicional pode oferecer, mas sem imperfeições e preocupações que vieram com a versão anterior. Segundo o site especializado motorcyclenews.com, a pilotagem da Commando ficou muito melhor e a qualidade de fabricação também. O MCN também lembra que a versão anterior "dava a impressão de que era montada com as porcas e os parafusos que estivessem à mão".
Se a compra valerá à pena, só o mercado inglês dirá. Afinal, a Commando vai custar 3 mil libras a mais que a Triumph Thruxton correspondente, com aparência semelhante mas com potência menor e menos recursos eletrônicos.
A diferença básica aí é que a Triumph faz uma moto moderna e com visual retrô, para vendas em larga escala, enquanto a proposta da Commando é ser realmente uma moto mais "à moda antiga", mas exclusiva e quase artesanal. A moto da Norton tem motor com ronco muito particular, garfos de alumínio anodizados e escapes polidos à mão, entre outros detalhes.
Embora mantenha a mesma geometria de antes, o quadro foi revisado em sua rigidez. Como tem cárter seco, o óleo do motor fica guardado em um tanquinho preso ao chassi, lá na frente.
As suspensões, agora, são da grife sueca Öhlins, com calibragem média - nem rígidas nem macias demais -, e os pneus são Dunlop Duramax. A caixa de direção revisada proporciona esterços mais fáceis e leves. Os freios? Agora têm ABS e são da Brembo italiana.
Aliás, ABS é o máximo de tecnologia e assistência que se encontra na Commando. A moto não tem modos de pilotagem controles de tração ou estabilidade e demais dispositivos tão comuns atualmente.
Outras especificações importantes da moto são o tanque para 15 litros, o peso de 230 quilos, as suspensões dianteiras invertidas e a traseira bichoque (ambas totalmente ajustáveis), e os pneus 120/70 R17 na frente e 180/55 R17 atrás,
O motor é o mesmo bicilíndrico com duas válvulas por cilindro, refrigeração a ar e 961 cm³ de antes. A potência agora é de 77 cv a 7.250 rpm, contra 80 cv da "geração" anterior. Mas tem novos trem de válvulas e câmaras de combustão, materiais aprimorados e, diz a TVS, foi exaustivamente testado.
Segundo o MCN, a nova Commando não é a mais rápida nem a mais macia das bicilíndricas, mas seu estilo vintage é sedutor e sua condução, agradável. E o desempenho é coerente: velocidade máxima de 192 km/h e autonomia estimada de 255 quilômetros.
A avaliação destaca, inclusive, que o câmbio de cinco marchas, mesmo ainda pouco rodado, tinha engates macios e um link mais rígido - e que não "dobra", como acontecia antes.
Por outro lado, houve a ressalva de que ainda não se trata de uma moto premium. A chave de ignição e os escapes têm aparência pobre, e uma das motos presentes no lançamento oficial teve problemas no interruptor do farol. Além disso, o motor também precisa de uma regulagem melhor para facilitar as partidas quando quente..
A nova Norton Comando será vendida na Inglaterra em duas versões. Uma é a Sport, de 16.499 libras (R$ 95.700). a Outra é a Cafe Racer, de 16.999 libras (R$ 98.600). As diferenças entre elas estão nos semi-guidões mais baixos ou mais altos e em outros pequenos detalhes.