A Stellantis anunciou nesta quarta-feira (06/3) que investirá R$ 30 bilhões na América Latina. É o maior investimento da história na região e no Brasil, que receberá a maior parte desse valor. É, também, o maior investimento, disparado, entre os vários recentemente anunciados por fabricantes de automóveis no país.
O foco principal será o desenvolvimento de novos produtos e de novas tecnologias para descarbonização. Os investimentos serão feitos principalmente no período de 2025 a 2030, justamente o principal compreendido pelo Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), recentemente lançado pelo governo brasileiro.
O resultado, na prática, será o lançamento de cerca de 40 novos produtos durante esse período, inclusive e principalmente com tecnologias bio-híbridas, que unem motorizações flex com sistemas híbridos. Serão quatro plataformas globais bio-híbridas, oito powetrains e aplicações em eletrificação.
A tecnologia bio-híbrida será suportada, especificamente, por três powertrains híbridos, que serão gradualmente produzidos e introduzidos no mercado. Essas novas tecnologias incluem a bio-híbrida "pura", a bio-híbrida e-DCT com transmissões eletrificadas de dupla embreagem, a bio-híbrida plug-in e a BEV (de modelos 100% elétricos).
As novas tecnologias híbridas começarão a ser disponibilizadas até o final de 2024. E, segundo informações reveladas por Carlos Tavares, executivo-chefe (CEO) da Stellantis, e Emanuele Cappellano, chefe de operações (COO) do grupo, o primeiro lançamento já acontecerá este ano, no segundo semestre.
A combinação de eletrificação com motores flex poderá atingir, em diferentes níveis, modelos de todas as marcas controladas pelo Grupo Stellantis - Citroën, Peugeot, Fiat, Jeep, Dodge, Chryser, RAM e Abarth.
Quanto a um carro 100% elétrico feito no Brasil, Carlos Tavares explica que ainda existe uma barreira de custo. "Um elétrico custa 30% a 40% a mais que um térmico para ser produzido. A classe média não pode pagar isso, então não podemos transferir essa diferença para o preço".
Segundo ele, ainda é preciso encontrar soluções para reduzir o custo do elétrico e torná-lo acessível à classe média, que é o foco principal do grupo. "Temos que entrar na mobilidade limpa pela acessibilidade. Só conseguiremos isso com escala de produção. Se a classe média não pode comprar, não temos volume. Se não temos volume, não temos impacto ambiental positivo. Mas acreditamos que resolveremos isso entre 2026 e 2027".
O CEO da Stellantis explicou, ainda, que as características dos mercado pelo mundo são diferentes. "Neste momento, o mundo está se fragmentando, se regionalizando. Então cada região tem seu próprio perfil. Os europeus querem os elétricos, os Estados Unidos ainda estão com dúvidas e no Brasil a solução é o etanol. Então temos que trabalhar de acordo com cada região".
Emanuele Capellano, por sua vez, lembrou que, no Brasil, os objetivos são reduzir em 50% as emissões até 2030. E que, até o fim do mesmo período, o Grupo quer que 20% das vendas sejam de carros elétricos.
Os dois executivos disseram, ainda, que mais detalhes sobre os investimentos - como sua distribuição pelas fábricas e regiões - serão revelados mais adiante, progressivamente.
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