Teste: Novo Civic Type R é emocionante - e caro!

Hot hatch da marca japonesa que vem ao Brasil tem potencial para bater rivais, mas preço alto pode ser impeditivo

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Lucas Cardoso
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Trinta anos depois do lançamento do NSX Type R, a Honda volta a apostar suas fichas no lançamento de um modelo que leva o selo da divisão esportiva. Feita para ser a última linha de carros nessa versão antes da eletrificação, a sexta geração do Civic Type R pode enganar por sua aparência mais madura, mas veio para se posicionar como um dos hot hatches mais competitivos de todos os tempos - com apenas um ponto negativo: o preço.

Mas vamos começar pelo que interessa: o desempenho. O novo Civic Type R é equipado com o mesmo motor turbo a gasolina 2.0 litros de quatro cilindros usado na linha anterior. A diferença é que, agora, esse propulsor teve o turbo redesenhado pelos engenheiros para entregar mais potência e respostas mais rápidas.

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O modelo ainda tem visual meio "Velozes e Furiosos", mas ficou mais elegante
Crédito: Reprodução/Carsales.com.au
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O esquema novo promete canalizar cerca de 10% a mais de ar frio para o motor em relação à geração anterior. Além disso, também foram instalados dutos mais retos de escape, o que amplia em cerca de 13% o fluxo de saída. A lista de modificações também inclui um intercooler mais eficiente e uma abertura maior para entrada de ar no radiador.

Mais potente

As modificações resultaram num ganho de potência de quase 10 cv e de 2 kgf.m de torque. Com isso, o modelo é capaz de render até 320 cv e 42,8 kgf.m de torque. Os números fazem com que o tempo de zero aos 100 km/h caia para 5,4 segundos — três décimos mais rápido que a geração anterior. A velocidade máxima é de 275 km/h.

Na prática, os novos números deixam o Civic Type R à frente de modelos com mesma proposta como o Toyota Corolla GR (304 cv / 37,7 kgf.m). Apesar disso, o rival japonês ainda é mais rápido no zero a 100 km/h com um tempo prometido abaixo dos 5 segundos.

Outros modelos esportivos, como o VW Golf R, também têm zero aos 100 km/h abaixo dos 5 segundos. Mas acreditamos que isso certamente diminuirá em situações do dia a dia, já que a tração dianteira do Honda está combinada com o câmbio manual de seis marchas.

Civic esportivo tem 10 cv a mais o antecessor: agora, são 320 cv de diversão
Crédito: Reprodução/Carsales.com.au
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Como anda?

Já falamos um bocado sobre o Civic Type R aqui, então está certo que não começamos do zero nesta avaliação. Até porque já conhecemos os componentes que estão sob o capô, como o motor e a transmissão. E isso não é uma coisa ruim, pelo contrário.

Aliás, a geração anterior FK8 do cupê esportivo da Honda já era excepcionalmente boa e, com o modelo mais recente, a Honda aproveitou a oportunidade para polir algumas das arestas e deixá-lo ainda melhor. Entre os pontos está o controverso visual à "Velozes e Furiosos" que o Type R tinha.

Baseado no Civic hatch de nova geração, porém maior e mais refinado, o novo Type R é 3,7 cm mais comprido e 1,5 cm mais largo que seu antecessor. Com suas dimensões maiores e aparência mais sóbria, muitos fiéis do Type R poderiam ter se preocupado que o famoso porte atlético tradicional do modelo pudesse ter desaparecido - mas isso está longe de ser o caso.

Na verdade, apostamos que o novo carro será muito mais rápido na pista, principalmente por agora ter uma frente mais larga (2,6 cm a mais) e uma traseira maior (3 cm a mais), proporcionando maior aderência em curvas.

O novo Type R teve uma melhora de 10% na refrigeração do motor
Crédito: Reprodução/Carsales.com.au
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Melhorias mecânicas

Por falar em aderência, assim como acontece no modelo da geração anterior, o novo Type R recebe suspensão dianteira com eixo duplo, suspensão traseira multi-link e amortecedores adaptativos em todas as rodas. A carroceria do Honda, por sua vez, está 15% mais rígida do que antes. O aumento da resistência se deve ao uso quatro vezes maior de reforços estruturais no chassi.

Há ainda buchas, suspensões dianteiras e traseiras, braços de controle de suspensão inferiores e braços de direção novos, e ajustes para melhorar a sensação de direção.

Parte dessas melhorias veio de laboratórios feitos com proprietários de modelos anteriores. O melhor resfriamento do motor e de partes mecânicas como os freios também veio dessas sugestões de clientes.

Até coisas que nunca foram um "problema" - pelo contrário, sempre foram elogiadas -, como o câmbio passaram por melhorias. O trambulador foi trocado por um sistema mais leve, proporcionando mudanças de marcha mais rápidas.

Nosso teste com o Civic Type R foi em uma pista. No dia em questão, o tempo estava frio, úmido e o asfalto escorregadio, condições nada ideais para o teste de um hatchback poderoso com tração dianteira. O clima não chegou a atrapalhar, graças ao diferencial mecânico de deslizamento limitado, que trabalhou duro para nos manter no controle.

Os primeiros momentos desse contato com o esportivo de tração dianteira não deixaram nada a desejar pela tração integral. Longe disso, mesmo com as condições traiçoeiras, no modo de direção +R mais extremo, o Civic Type R foi incrivelmente rápido, divertido e envolvente.

O interior do novo Type R tem acabamento melhor que o do antecessor
Crédito: Reprodução/Carsales.com.au
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Qualquer preocupação com a maior distância entre eixos (3,5 cm maior) atrapalhando a agilidade logo evaporou. É claro que as patinadas aconteceram, com a traseira saindo de lado enquanto perdemos a aderência na dianteira, mas aí o heróico diferencial de deslizamento entrou em ação e nos botou de volta no rumo.

Também vale a pena mencionar a diversão que é subir e descer a caixa manual de seis marchas. Não tem para ninguém, nem para os automatizados de dupla embreagem ou para os automáticos. Até na cidade, em baixas velocidades, a caixa se mostra confortável.

Mesmo que se queira, o Civic Type R não permite o uso do modo de condução mais extremo, o +R, nas ruas da cidade. Isso porque o ajuste de suspensão mais duro deixa o rodar bem desconfortável. Felizmente, o hatch da Honda tem um modo individual, que o deixa mais suave nesse quesito.

Por falar na suspensão, o sistema também faz um bom trabalho na hora de frear o carro. O conjunto minimiza o travamento de rodas e o mergulho da carroceria. O comportamento nos dá a segurança de que você pode empurrar o Civic Type R até seu limite. A direção elétrica bem precisa também ajuda nessa sensação.

Desempenho vigoroso

Apesar de ficar para trás quando se trata de desempenho no papel, o motor do Civic Type R está sempre disposto e parece muito mais forte do que o conjunto mecânico instalado no rival GR Corolla.

Infelizmente, o som do motor não é tão agradável quando comparado às gerações anteriores com seus conjuntos naturalmente aspirados. A compensação está, contudo, no "soco" dado pela entrega de potência em baixas rotações.

O Civic Type R é mais caro que a maioria dos seus principais rivais
Crédito: Reprodução/Carsales.com.au
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Visual e interior

O novo Type R deu um grande salto à frente da geração anterior quando o assunto é visual. A aparência externa tem como base a nova geração do Civic, que exibe linhas mais sóbrias e até atende às queixas de consumidores que não curtiam tanto seu visual "Tokyo Drift".

Por dentro, o hot hatch também melhorou. O volante, por exemplo, é revestido em Alcantara e os bancos são esportivos. Há ainda alavanca de câmbio de alumínio. Foi instalada também uma espécie de trama em metal escovado no centro do painel. Apesar dos esforços, não podemos negar que o Civic Type R é mais simples que seus concorrentes Audi e BMW, embora custe praticamente o mesmo que eles.

Quanto custa?

Já está definido que o novo Civic Type R cobrará caro do comprador que quiser levá-lo para a garagem. Com entregas previstas para fevereiro de 2023, o modelo terá preço inicial equivalente a uns R$ 373 mil, em conversão direta, no mercado australiano. O valor é cerca de R$ 67 mil mais caro que o cobrado pela geração anterior.

Isso botou o hot hatch da Honda numa patamar bem acima de dois dos seus principais rivais, o Hyundai i30 N, que é vendido pelo equivalente a R$ 236 mil, e do Volkswagen Golf R com tração nas quatro rodas, que é vendido por R$ 342 mil. Mas não para por aí: ele também é mais caro que o BMW M135i e tem preço parecido com o do Audi S3 e também com o do Nissan Z Coupé.

Pelo menos o preço do Civic esportivo inclui o período de cinco anos de garantia, sem limite de quilometragem. O valor pago também inclui assistência veicular na estrada e manutenção com baixo custo. As revisões do modelo devem ser feitas a cada ano ou 10 mil quilômetros. No Brasil, podemos esperar algo em torno dos R$ 350 mil, pelo menos.

Vale a compra?

Com seu visual mais modesto, medidas mais largas, tecnologia extra e cabine aprimorada, é esperado que o Honda se encaixe na lacuna entre o estridente Hyundai i30 N e os mais suaves e sofisticados - porpem menos inspiradores - Golf R e Audi S3.

É uma pena, então, que seu preço seja um obstáculo. Apesar de ser o Honda Civic Type R mais competitivo de todos os tempos, a Honda pede um valor muito caro pela mudança de geração. Será que o motor melhor, o câmbio manual e todo o resto valem a diferença para os rivais? Não temos tanta certeza.

* com material de carsales.com.au

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