A Fiat Toro é a picape de maior sucesso nos últimos anos. Depois de "praticamente" inaugurar o próprio sub-segmento em 2016, o modelo passou por uma série de melhorias e foi ganhando ainda mais alcance entre os motoristas interessados em outras carrocerias, como o público dos SUVs.
Em 2024, já com seus pouco mais de oito anos de trajetória, o modelo continua acompanhando a Strada no topo das vendas de comerciais leves no país. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de janeiro a agosto último a picape emplacou 34.400 unidades.
Eu já havia dirigido a Toro algumas vezes ao longo dos últimos anos, sempre com experiências agradáveis. Nessa mais recente oportunidade de conviver com a intermediária da Fiat, percebi o quanto a sua aptidão para agradar a um público diverso cresceu. Seja pelas comodidades a bordo, conforto ao rodar ou pela dinâmica ao volante.
Foram alguns dos aspectos que constatei ao longo de uma semana com a versão Volcano T270 Flex AT6, que usa o motor turbo 1.3 GSE, de 16 válvulas, combinado com um câmbio automático de seis marchas. A configuração é a alternativa mais completa entre as opções com tração dianteira e motor bicombustível.
Bem equipada, a Toro Volcano tem painel de instrumentos digital de sete polegadas, central multimídia vertical de 8,4 polegadas, ar-condicionado de duas zonas, carregador sem fio, luz ambiente em LED e volante multifuncional, com aletas para troca de marchas.
Em segurança, são seis airbags, controles de estabilidade, tração, assistente de partida em rampa, piloto automático e limitador de velocidade, frenagem de emergência e monitor de pressão dos pneus.
Há ainda sensores de estacionamento dianteiros, traseiros, crepuscular e de chuva, câmera de ré, rodas de liga leve de 17 polegadas, faróis full-LED - incluindo os de neblina -, retrovisores elétricos e interno fotocrômico, três portas USB e sistema de som com quatro alto-falantes e dois tweeters.
Poderia ser melhor? Acredito que sim. Especialmente em tecnologias de condução semiautônomas. Mesmo assim, é uma lista de equipamentos muitíssimo interessante. Vale mencionar que a Toro Volcano custa R$ 175.990.
Ao longo dos sete dias com a Toro, percorri pouco mais de 350 quilômetros. Na maioria do tempo, foram percursos mistos, com trechos na cidade e outros em rodovias, com e sem trânsito. Durante todo esse período, o motor 1.3 turbo de 185 cv de potência a 5.750 rpm e 27,5 kgf.m de torque a 1.750 rpm se comportou de forma elogiável.
Não tive dificuldade para saídas, ultrapassagens ou qualquer outra tarefa comum do dia a dia numa cidade. O torque, que chega cedo, é o principal responsável por isso. A picape, inclusive, é 1,7 segundo mais rápida no zero a 100 km/h que a sua versão com motor turbodiesel 2.0: acelera em 10,7 segundos, contra 12,4 segundos.
O desempenho certamente é resultado da boa relação do motor turboflex com o câmbio automático Aisin de seis marchas. A transmissão tem trocas bem reguladas e rápidas, sendo raros os momentos em que se percebe as mudanças. Mesmo no modo "manual", que pode ser feito pelo câmbio ou por aletas atrás do volante. A picape também vem com a opção Sport, que deixa a resposta ao acelerador mais ágil.
Assim como em linhas anteriores, as suspensões da Toro Volcano que guiei têm comportamento voltado para o conforto. Sendo assim, a absorção da buraqueira do asfalto ou do chão de terra batida é exemplar, assim como a estabilidade.
A Toro faz curvas bem e não passa qualquer insegurança. Todos os pontos positivos são mérito do projeto da picape, que tem sistema McPherson no eixo dianteiro e multilink no traseiro. De dentro da cabine, também pouco ouvimos o ruído do lado de fora. Prova do bom trabalho de isolamento acústico da picape.
Por falar no interior, os bancos em couro da Touro Volcano mantém o bom encaixe e apoio para costas e pernas. A ergonomia é favorecida pelos comandos elétricos do assento para o motorista. O volante com ajustes de altura e profundidade também.
Na frente do motorista, o quadro de instrumentos digital de sete polegadas tem funções práticas e bem fáceis de configurar. Não é preciso nem muito tempo para se adaptar. A central multimídia vertical de 10,1 polegadas, opcional para a versão, tem uma tela com boa qualidade de resolução e responde de forma rápida aos comandos. Facilitou ainda mais por vir com alguns botões físicos, algo cada vez mais raro atualmente.
O acabamento interno é bom, com boa parte das superfícies em couro e soft touch, tanto no painel quanto nos painéis de porta e no apoio de braço. Algumas partes têm plástico, mas o material tem bom aspecto e texturas variadas.
Nessa versão Volcano, o celular pode ser carregado por cabo ou pelo sistema de indução. Apesar de prático, ainda acho que esse tipo de sistema não supre a demanda de energia dos aparelhos, ainda mais durante o espelhamento sem fio via Android Auto e Apple Carplay.
O espaço interno da Toro é apenas bom, assim como nas linhas anteriores. A picape tem bom espaço para quem vai na primeira fileira, mas apenas aceitável no banco traseiro. Quem senta nas pontas até vai bem, com as costas levemente eretas, mas ainda bem.
Mas quem vai na segunda fileira não tem muito espaço para os pés. No meio, o assento é um pouco reto demais e ligeiramente mais alto. Além disso, o ressalto no assoalho toma espaço dos pés. Para uma criança, é espaço suficiente. Pelo menos ali há uma porta USB-A e uma tomada 12V.
A picape tem 2,99 metros de entre-eixos, que em parte é tomada pela boa caçamba. São 670 quilos de carga útil e 937 litros de capacidade. Tamanho suficiente, por exemplo, para levar uma quantidade considerável de bagagens em viagens. Vale mencionar que a versão vem equipada com capota marítima e brake-light de série.
Durante todo o teste, a Toro apresentou números de consumo razoáveis. A média final registrada foi de 10,3 km/l na gasolina em trecho misto (cidade/estrada).
Ante a sua principal rival, a Chevrolet Montana, a Toro continua sendo a escolhida da maioria. O refinamento, a robustez e o conforto são exemplares na picape da Fiat. Apesar disso, sentimos falta de alguns equipamentos que a deixariam imbatível, como o controle de cruzeiro adaptativo. O sistema já está presente em modelos da Jeep, o que em teoria poderia tornar tudo menos complicado.
Ainda assim, considero a versão Volcano flex uma boa compra pelos R$ 175.990 cobrados atualmente.