A eletrificação já chegou. Até nas picapes raiz. E não estou falando só de novatas como a BYD Shark. Até fabricantes de modelos tradicionais do segmento já se preparam para um futuro sem motores a combustão. Que o diga a Toyota, que realiza na Europa testes com exemplares da Hilux equipados com célula de combustível a hidrogênio.
O primeiro protótipo foi mostrado em setembro do ano passado. Atualmente, são dez os exemplares de testes convertidos na fábrica da Toyota em Derby (Inglaterra). Cinco unidades estão em uso em testes de durabilidade e outras cinco em ações de mídia e com clientes da marca, incluindo nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, que começam em julho na capital francesa.
Esteticamente, esses protótipos são quase idênticos aos exemplares a combustão com cabine estendida, configuração que não é oferecida no Brasil. A diferença está no conjunto mecânico, com motor e vários outros componentes vindos do Mirai. A Hilux a hidrogênio tem motor com 182 cv de potência atrelado ao eixo traseiro. Esse propulsor é alimentado por uma célula de combustível com 330 módulos, montada no lugar do motor a combustão.
É esse o componente responsável por transformar em energia elétrica o hidrogênio armazenado em três cilindros de 2,6 quilos cada, instalados no chassi, sob a cabine. A energia gerada é armazenada em uma pequena bateria de íon de lítio instalada na caçamba. No final das contas, a autonomia da picape é estimada em 600 quilômetros.
A escolha da Europa para teste dessa Hilux a hidrogênio não foi acidental. A Toyota acredita que o continente será um dos maiores do mundo para células de combustível, com aplicações em mobilidade e também em soluções de produção de energia.
Dá para resumir isso em uma frase: os carros com célula de combustível são elétricos que não dependem de tomada. É que são equipados com esse componente que usa reações eletroquímicas para transformar um "combustível", que no caso dessa Hilux é o hidrogênio, em energia elétrica.
Em 2015, aliás, o Mirai foi o primeiro carro elétrico de produção em série equipado com célula de combustível. Atualmente, a Toyota trabalha em uma nova geração do seu sistema, que deve chegar ao mercado entre 2026 e 2027, com a promessa de uma autonomia 20% maior que no conjunto atual.
Esse protótipo a hidrogênio não é a única Hilux com um conjunto motriz eletrificado. Na Ásia e Oceania, a Toyota já comercializa a picape média em uma variação com conjunto híbrido-leve de 48 Volts.
Os nossos parceiros australianos do site Carsales já puderam testar a Hilux híbrida, que combina o propulsor 2.8 diesel de 204 cv a um motor elétrico de pequeno porte, capaz de entregar potência e torque extras em acelerações. Confira aqui o teste.