Recall. Essa palavrinha causa arrepio em qualquer tipo de fabricante, principalmente nas que produzem carros. Ainda com o assunto Onix Plus quente, com o perdão do trocadilho, relembramos alguns dos casos emblemáticos de recall de carros que rodaram o Brasil e o mundo.
Começando pelo caso mais marcante e macabro do mundo. O Ford Pinto foi lançado em 1971 no EUA. Fez sucesso logo de cara, mas, pouco tempo depois, as autoridades norte-americanas descobriram que o carro tinha uma falha grave de projeto: ao sofrer uma colisão traseira, o tanque de combustível podia romper, espalhando combustível e possibilitando incêndios no interior do carro.
A Ford fez o recall do carro em mais de 1,5 milhão de unidades. O problema é que em um documento interno e obtido pela imprensa, a Ford admitia que sabia da falha. Estima-se que 500 pessoas morreram em acidentes sofridos com o modelo devido ao erro de projeto.
O Kwid chegou com banca de querer ser o carro mais barato do Brasil. Chamado pela Renault de SUV dos compactos, o modelo sofreu com dois recalls em menos de sete meses de existência.
Foram dois problemas diferentes, que afetaram quase todos as unidades que haviam sido produzidas. O primeiro deles era no tubo de combustível, que poderia furar e causar vazamento.
O segundo, era a respeito dos freios, que poderiam ter trincas, e comprometer a eficiência de frenagem ou mesmo travar as rodas e causar a perda de dirigibilidade. Ainda teve um terceiro por falha na solda do berço do motor.
A Fiat tem um exemplo de caso incendiário, assim como o Onix Plus. Em 1996, o hatch - sucesso de vendas quando importado - passou a ser fabricado no país. Porém, casos de incêndios no modelo passaram a pipocar pelo Brasil. Foram quase 100 ocorrências que se tem conhecimento.
Ao contrário da GM, a Fiat demorou a agir. Acabou tendo de convocar um recall de carro gigantesco. Cerca de 155 mil unidades do Tipo deveriam passar por uma manutenção na mangueira de alta pressão da direção hidráulica, que poderia se romper e jogar o fluido em cima de partes quentes do motor e causar o incêndio.
Foi tanto fogo que até uma organização foi criada, a Associação de Consumidores de Automóveis e Vítimas de Incêndio do Tipo (Avitipo). Só agora, em 2019, após 23 anos, é que a justiça condenou a Fiat a pagar indenização para os clientes lesados.
Foram dois longos anos de reclamação e diversas ações no Procon até a Ford admitir que o câmbio Powershift tinha problemas. A marca anunciou o reparo grátis e a extensão da garantia para os carros que foram afetados.
EcoSport, Fiesta e mais de 80% dos Focus vendidos foram consertados. Ainda assim, a fama vai longe. Até hoje donos de carros que passaram pelo recall sofrem com a desvalorização na hora de venderem seus carros.
Em uma decisão inédita, a Ford, dona da Troller, recolheu todas as 77 unidades vendidas da picape off-road Pantanal. Não houve nem recall dos carros, eles foram destruídos.
A decisão ocorreu após testes mostrarem que o modelo apresentava problemas de estabilidade e dificuldade de manobras, que poderiam causar acidentes.
Além disso, o chassi trincou durante testes fora de estrada e com carga na caçamba. Diante disso, a marca americana, mesmo sem ter sido responsável pela fabricação do modelo - a Ford adquiriu a marca cearense quase um ano após o lançamento - decidiu recomprar todas as 77 unidades que haviam sido vendidas.
Os que não quiseram revender o veículo à Ford tiveram que assinar um termo de responsabilidade, assumindo os riscos de dirigir a Pantanal.
Outro caso que demorou, mas acabou resultando em um recall. Em 2008, a Volkswagen convocou mais de 500 mil unidades da família Fox (hatch, Cross e Space).
O motivo? Recorrentes acidentes que deceparam dedos de pelo menos oito consumidores que manipularam o mecanismo de rebatimento do banco traseiro. Além disso, a marca pagou uma multa de R$ 3 milhões e precisou encarar as vítimas na justiça.