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VW ID. Buzz: motivos para dar certo - ou errado...

Com produção iniciada este mês, minivan é “sucessora espiritual” da boa e velha Kombi. Será que vai encantar o público?

por Rafael Ligeiro

Poucos dias após anunciar a pré-venda da ID. Buzz e da ID. Buzz Cargo no Reino Unido, a Volkswagen confirmou o início da produção das duas versões, na Alemanha. As primeiras entregas estão previstas para o período entre setembro e novembro deste ano.
A “Kombi elétrica” é uma grande aposta da fabricante, que não por acaso trabalhou por dois anos na adequação de sua fábrica em Hannover à produção desses elétricos. Mas, convenhamos... será que essa simpática dupla cairá nas graças do público?
O WM1 não tem bola de cristal para prever o sucesso ou o insucesso comercial do modelo. Mas mostramos quais os motivos que podem levar para esses dois caminhos.

Por que a ID. Buzz e a ID. Buzz Cargo darão certo?

1. Ambas são elétricas e sustentáveis

Não há dúvidas de que a sustentabilidade tem conquistado cada vez mais espaço na indústria automotiva. Tampouco que carros elétricos e híbridos estão crescendo na preferência do consumidor. Prova disso é que já representam 8,5% das vendas de veículos no mundo.
As simpáticas minivans virão equipadas com o motor elétrico APP 310, um modelo de corrente contínua sem escovas. Em outras palavras, é um propulsor alimentado por um inversor através de corrente contínua – geralmente de baixa tensão. Esse é o mesmo conceito usado em dispositivos de movimentação como HDs e DVDs.
No que se refere à produção, a VW garante que as emissões de carbono decorrentes de fabricação e transporte desses carros serão reduzidas e compensadas. Além disso, a fabricante alemã usará materiais sintéticos reciclados, com o revestimento interior 100% em couro sintético.
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2. Espaço é o que não falta

Se você gosta de viajar com a família para o litoral no fim de semana, provavelmente sentirá vontade de ver a Buzz e a Buzz Cargo no Brasil. Afinal, ambos vêm com porta-malas de grandes dimensões.
Em sua configuração original (bancos levantados), o ID.Buzz tem porta-malas para 1.121 litros. Para se ter uma ideia do que esse número significa, no Renault Duster, o SUV compacto com maior porta-malas no mercado brasileiro, leva 42,4% dessa capacidade - 475 litros.
Precisa de mais espaço? Então, basta dobrar a segunda fileira de bancos da Buzz. Assim, a capacidade quase dobra, alcançando 2.205 litros. Agora, se precisar de um porta-malas ainda maior, o ID. Buzz Cargo tem espaço para 3.900 litros!
Apesar dos números impressionantes, vale lembra que se encontram distantes dos exibidos pela antecessora, a velha Kombi. O modelo Furgão 1.4, um dos últimos produzidos no Brasil, em 2014, tinha um generoso porta-malas para 4.806 litros, ou 906 litros a mais que o da Buzz Cargo.


3. Devem ter direção autônoma

De acordo com Alex Hitzinger, líder do projeto VW Autonomy, a ID. Buzz é o modelo-base da fabricante alemã para o desenvolvimento de veículos de direção autônoma. O primeiro carro desse tipo feito pela marca deve chegar ao mercado em 2025.
Por enquanto, o software da ID. Buzz já mostra um amplo potencial, alcançando o quinto maior nível de autonomia (de um total de seis) segundo a Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE International).

4. Têm um visual futurista

A ID. Buzz e a ID. Buzz Cargo são releituras da boa e velha Kombi – apelidada em alguns países de Microbus. As minivans têm elementos curvilíneos em seu design, porém mais arredondados e sutis que os da antecessora. Curiosamente, esse conceito confere à dupla uma aparência agressiva, mas sem perder a essência da Kombi. Por dentro, a simplicidade dá lugar a um visual igualmente futurista e poderoso, com destaque para o belo volante de três raios e um computador de bordo capaz de converter informações de um mapa virtual para prever as movimentações de outros carros, pedestres e ciclistas.


Por que a ID. Buzz e a ID. Buzz Cargo darão errado?

1. Têm um visual futurista

Não, você não leu errado. De fato, esse é um critério que pode ser benéfico ou maléfico para a aceitação das minivans da Volkswagen. Para o público mais nostálgico, fã da Kombi tradicional, o design pode não significar uma releitura do modelo antigo, gerando repulsa.
Ainda nesse contexto, o visual chamativo também pode ser uma péssima notícia para aquele público mais conservador, que prefere veículos da categoria com um jeitão mais tradicional.


2. O desempenho ainda deixa (um pouco) a desejar

As “novas Kombis” são equipadas com motor elétrico APP 310, que rende uma potência máxima de 148 kW (201 cv). Em testes iniciais feito no Exterior, neste ano, o protótipo da ID. Buzz foi de zero a 60 mp/h (96,5 km/h) em 9,78 segundos.
Apesar de ser um resultado positivo no segmento de minivans, é consideravelmente inferior ao do SUV compacto Volkswagen ID.4, equipado com o mesmo motor – e que cumpre essa aceleração em 7,7 segundos.
Logicamente são categorias e pesos distintos. Mas muitas vezes o desempenho é critério importante na hora da compra, e se o consumidor que não precisa de tanto espaço quanto o oferecido pela ID. Buzz e pela ID. Buzz Cargo, pode deixá-las de lado e preferir o ID.4.


3. Falta de uma versão picape

A Volkswagen chegou a considerar a produção de versões picape cabine simples e dupla da ID. Buzz. No entanto, ao menos por enquanto, esse projeto parece estar na gaveta de alguma mesa do departamento de produção da empresa.
Além de a marca não oferecer esse tipo de carroceria em um mercado que ama as light trucks - os Estados Unidos -,  há décadas esse segmento já é fortemente dominado no país por concorrentes como Ford, Ram, Chevrolet e Toyota. Seria um investimento custo e risco bem altos.

4. São caras

A pré-venda da ID. Buzz começou no Reino Unido no início deste mês, com um preço inicial de 57.115 libras (R$ 350.686). O valor é pelo menos 7.000 libras maior (R$ 42.988) maior do que a mídia especializada local estimava.
Para se ter uma ideia, a van elétrica Citroën ë-Berlingo Feel chegou ao mercado britânico no fim do ano passado por um preço inicial de 29.575 libras (R$ 181.590).

Conclusão

Realmente existem fortes argumentos contra e favor da ID. Buzz. Provavelmente o que vai determinar seu sucesso ou insucesso comercial é sua "usabilidade"  - termo aplicado atualmente para avaliar se novos modelos e tecnologias valem o que custam para facilitar a vida das pessoas - e nisso entram tanto aspectos práticos, como a locomoção em si, quanto subjetivos, como o status conferido pelo veículo. Se as ID. Buzz forem funcionais e fizerem seus compradores se sentirem "antenados", a chance de sucesso é grande.

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